Arte feita, um tanto atrasada, em prol do movimento que o Y participou 'por uma medicina mais humana'. É como diz o Humberto Maturana:
"O conversar é um fluir na convivência, no entrelaçamento do linguagear e do emocionar. Ou seja, viver na convivência em coordenações de coordenações de fazeres e de emoções. Por isso é que digo que tudo o que é humano se constitui pela conversa, o fluxo de coordenações de coordenações de fazeres e emoções. Quando alguém, por exemplo, aprende uma profissão, aprende em uma rede de conversações."
Ele quer dizer que o ser humano é eminetemente dialógico, dialogal...
Dá mó valor uma conversa!
Mas, como a medicina gosta muito de dar ordem para ordenar o que se desordenou, acaba esquecendo a via de mão-dupla e se torna o que o ser humano se torna sem diálogo: um não-humano. Eis um dos pontos da tal humanização médica.
Há muitos outros pontos e muitos outros pensadores que poderíamos citar, como também há muito tempo pela frente pra fazer isso. Vamos homeopaticamente... aliás, o Samuel Hahnemann, criador da homeopatia, foi um desses que defendeu uma medicina mais humana e fez do diálogo com o paciente um dos grandes motes da medicina homeopática.
Quando ele fala sobre "o semelhante cura o semelhante" contrariando lá o Hipócrates no seu "o contrário para o contrário" pode-se ver nisso, numa extrapolação sublime, muito mais do que uma proposição teórica de remédios, um mandamento moral de relação humana.
- Quem vai te curar será um semelhante teu, nem maior, nem melhor.
E, embora Hipócrates tenha querido diminuir as justificativas sagradas da doença dizendo que...
quem joga um manto de divino sobre ela o faz para que sua ignorância não seja manifesta...
o fez tirando o dom da cura das mãos dos curandeiros populares para deixar, imponente, nas receitas dos deuses de consultório.
Vá lá que realmente havia muitos curandeiros charlatães, como ainda os há. Vá lá que o divino foi muitas vezes usado como uma ignorância a seduzir ignorantes, como ainda o é. Mas, todo o processo de tirar o divino do ato de curar deixou a medicina bem humana, no sentido do qual queremos nos afastar. Com sua sede de verdade, de domínio, de poder. E, bem ao contrário do que os curandeiros são, o médico é um ser bem distante do povo, enredado em torres de concreto.
Queremos uma medicina humana, mas não qualquer tipo de humana, um tipo especial. Queremos uma medicina divina, mas não aquele divino que esmaga, um divino sem igual. Um que desça do seu céu para lavar os pés dos seus. Então, cito um último pensador por hora, mais poeta que pensador:
"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo."
Não vejo como o primeiro mandamento possa ser semelhante ao segundo a não ser que esse Deus aí seja semelhante ao próximo.
Se devemos ouvir a Deus, ao próximo é um bom começo.
Pela
dyvynyzação da medicina!
Allan Denizard