quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Dez anos



É um tanto obrigação para mim falar sobre o que foi nossa noite de dez anos. Não porque tenham me obrigado, mas é que necessito. 

Não vê? Já se foram dez anos. Recentemente descobri que é o mesmo intervalo de tempo que me separa da última geração. Minha coluna dói na cervical e na lombar. Acordo todos os dias feito boneco de cera, e o sol vai me amolecendo. Meu joelho está com a cartilagem fissurada porque o espírito não aceita que tenhamos envelhecido, e insiste em nos fazer dançar ao máximo. É daqui que olho para este tempo passando e vejo a magreza que eu não achava que tinha e os amigos que eu não fazia ideia que eram tantos. 

O projeto Y é um pedaço muito pequeno do mundo. Em uma matemática leviana, podemos contar cerca de nove gerações idas, cada qual com cerca de dez a quinze integrantes, fazendo, então, algo em torno de cem peregrinos. Foi isso que ele sempre foi para todos: uma ponte. 

Nunca vou me esquecer da cena da minha infância em que brincava de bicicleta com meu primo em cima da ponte que levava para... não sei onde. Não sei para onde a ponte levava porque sempre brincávamos na ponte. Em certo momentos parávamos e íamos mijar no lago sob ela. Não havia tempo de voltar para casa. Perderíamos brincadeira. Perderíamos por quê? Não fazíamos ideia o que nos esperava adiante. Eram as meninas que namoraríamos, os estudos que se aprofundariam, a faculdade, as doenças de nossas mães, o casamento, os filhos. E, todavia, a ponte continuava ali, em nós.

Por ela, passou gente que eu mal fazia ideia do quanto eu amaria. Recentemente fiz um trabalho sobre o projeto Y, e as entrevistas foram reencontros. Outra coisa é que saímos de nós. Os que estiveram na frente daquela noite decidiram homenagear estes outros que encontramos. Encontramos outros palhaços mundo a fora que comungavam do que sentíamos.  Sabe qual o sentido de comunhão, né? É um bolo que se reparte e não se acaba, porque não é divisão, é partilha. 

Como dizia, este projeto é um pedaço pequeno. Vivemos dizendo que a ideia é conquistar o mundo que nos acolhe, mas todos nós, no fundo, sabemos que isso é balela. O bonito daquela festa não foi ver o quanto conseguimos nos proliferar, mas o quanto conseguimos nos unir, verdadeiramente. Reconhecer nos outros o que nós fomos, somos, seremos, queremos. Parar um pouco para mijar ali, que não havia tempo de voltar para casa. Não dava mais para voltar para casa. Não a mesma casa. Não o mesmo eu. 

Allan Denizard (Dr. Acerola)

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Se o sono pós uma visita é bom, imagine DUAS! *.*

Eita que hoje foi o aniversário do Caps!
Mais um desafio gostoso pela frente.
Andar na rua já foi difícil, quem dirá chegar lá no meio da festa do Caps.
Já fui perguntando por ele com minhas amigas.
- Cadê o Caps? Ele é alto? Baixo? Moreno? Negro? Loiro? Ruivo?
- Tá solteiro?
- Nãooo! E as pessoas riam de nós
- O Caps é onde você está!
- Ah ele trabalha aqui?
- Ér..Ele faz a gente viver!
- Ele nos dá coragem, amor, apoio!
- O Caps é tudo isso! (Erguendo o braços e rodeando-os, mostrando o local).

E meu coração se derreteu. Não deu para continuar na onda de que o Caps era uma pessoa. Nos apresentamos e, a partir daí; com um músico na festa, resolvemos cantar parabéns a esse núcleo tão maravilhoso que cuida de pessoas que também precisam de cuidado e amor!
Aliás, quem não precisa, né?!

E em meio a bolos, refrigerantes, íamos nos apresentando: Sardynha, Felycia e Crystalina. As pessoas também se apresentavam e tiravam fotos e mais fotos. Mais um dia de artista!
Cantávamos, dançávamos com pessoas maravilhosas com olhos e atitudes de criança.
Brilhavam!
Só não saíam correndo conosco, porém entrar no jogo eram com elas mesmo.
Uma mulher me chamou em alto e bom som: "VACA"...
Oi?
Comecei a mugir...
Depois descobri que ela gostava de vaca! Sim, o animal!
Carregava consigo um chaveiro de vaquinha e não parava de apertar a vaca que levamos para a festa! Ufa, se ela me chamou de "VACA" é porque gostou de mim. E assim foi me mostrando seu modelito para a festa. Estava com um vestido que não era preto, nem branco como as típicas vacas, mas era muito bonito! Combinava com o azul do sapato e sua bolsa escura.
Tinha outra mocinha que só queria saber de abraçar. Dei muitos comprymidos a ela como devia de ser!
Outra que tinha se apresentado na festa. Estava de branco, com inúmeros colares e dançou feito baiana. Infelizmente, não chegamos a tempo, mas depois nos bastidores conversamos, Ela também dança Shakira! Já ganhei uma amiga artista!
E mais uma! Essa cantou!
Me arrepiei todinha:

"Esta jovem quer votar,
mas não lhe deram direito
por que aqui tem pessoas
que tem muito preconceito
e disseram para ela,
não nos entenda mal,
mas você não vai poder
por ser doente mental.

A jovem ficou calada
não queria responder
mas em seguida falou
escute o que vou dizer
eu hoje estou feliz,
tô alegre pra xuxu
Você disse que sou doida
e eu respondo doido é tu!

Não devemos baixar a cabeça
diante dos preconceitos
o que temos que fazer
é procurar nossos direitos!"

Ééé...Isso bateu no âmago e lá ficou! Nossa! E mais que cantar foi ela que compôs. Foi lindo de se ver! Fiquei pensando nos moribundos, naqueles esquecidos, marginalizados pela sociedade.
São seres que também precisam de amor e atenção. Seres que precisam dos seus dias transformados, resignificados, com apoio redobrado!
Acho que deixamos o Caps feliz!
E ele também nos deixou!
Feliz e com gostinho de quero mais...

Falando em mais!
Lá fomos pro HU ver nossas crianças! Estávamos prontas para labutar, por quê não chegar lá!
Já estava Aurora, Florêncio, Sem nome e ainda tivemos sorte de pegar a Spyvitada correndo pelo corredor da Ped.
Eita que era palhaço!
Eita que era criança!
Crianças felizes, correndo pra lá e pra cá! Florêncio caía no chão, levantava, corria. Cansei só de olhar haha. Sardynha gostou de mergulhar nessa brincadeira. O chão eram suas águas, e os meninos peixinhos também. Sem nome tava com seu violão alegrando a ala dos meninos junto com Aurora.
Eu e Felycia não queríamos atrapalhar, então lá fomos ver as meninas.
Raquel e Stefane estavam deitadinhas, então Eu e Felycia resolvemos sentar (estávamos cansadas da festa), mas ai fiquei falando com a Stefanie, de como seus olhos tinham ficado verde de tanto comer alface, de suas meias brancas que pareciam de líder de torcida segundo a doutora Aurora!
Papo vai, papo vem, surgiu um broto de gente de 2 anos impressionado com meu nariz vermelho e se punha a rir quando tocava nele e eu espirrava. Era besta, porém gostoso.
Já que era uma ruma de palhaço, fui ver a Stefanie novamente, e ela insistiu para que me mostrasse sua cirurgia, mas ela estava imobilizada e o esforço seria grande. Parei e disse, que isso menina, vai pegar friagem! Ela riu e parou. E depois de uma distração minha de alguns minutos, ela me chamou!
- PALHAÇA, PALHAÇA! Acabei de receber alta!
- Que legal, vc vai poder ser líder de torcida!!! Eu do um A, eu dou um D, eu dou um EUS! Adeus! Quero ver mais esses olhos verdes por aqui não...
Ela ria e reclamava de dor..."Eu não posso rir"...
E eu ah, desculpa. Essa doutora palhaça que nem respeita as condições dos seus pacientes...
Fiquei foi feliz oh, de poder presenciar essa cena!

O dia foi bem cansativo e muito prazeroso...Nada melhor do que o sono pós DUAS visitas! *.*
A vida segue...! :O)

Abaixo está o áudio da dona Graça que nos permitiu que postássemos sua obra de arte e sua cara no mundo rs...

 
29/09  
                                                                                                                   Crystalina.