sábado, 22 de setembro de 2007

O que é o Y?


Há uma aerodynâmyca bem ynteressante nessa conformação. Vocês não acham?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

"Parabéns?!"

E assim foi o 14 de setembro, nem eu sabia, mas antes da visita,na sala do Y, alguém me ligou e me deu os parabéns.E eu nem tinha percebido que uma festa estava prestes a acontecer.A pessoa me disse que eu saberia o porquê dos parabéns..ela tinha razão. agora eu sei.No começo foi difícil de interagir, grande novidade né?! Mas depois foi ficando fácil de não interagir..o que pra mim pelo menos não é reduntante.Entende, eu queria apenas ficar olhando as "velhas" palhaças,porque não havia nada de mais novo pra fazer naquele momento.Mas um palhaço recém graduado não se autoriza ficar parado e então eu procurei outra enfermaria.E foi lá que eu encontrei ele.No colo da mãe, os braços bem presos ao próprio corpo, como quem tinha um tesouro a esconder.E a verdade é que tinha.Enquanto a garotinha expressava todo seu instinto destrutivo nas minhas costas, eu decidí descobrir aquele tesouro.Me lembrei que tinha um molho de chaves coloridas no meu bolso e resolvi pedir a mãe que me ajudasse a escolher qual abriria a fechadura que trancava aqueles bracinhos.Ela me disse que a chave certa era a azul, talvez a cor preferida do Ryan.Num golpe de sorte ele me deixou ver onde ficava a fechadura, eram duas, uma embaixo de cada braço.Coloquei então a chave no suvaco esquerdo, digo, na fechadura esquerda, e um sorriso se abriu.A porta que todo palhaço deseja abrir.
Depois de quase todas as portas abertas, resolvi sentar um pouco, mas a doutora Não Tenho Nome Ainda IV(Mychelle) puxou a cadeira e resolveu me sentar no chão.A garotinha gritou:"Tá contaminado!!"..e eu gritei mais alto:"Tá contaminado???"... Alguém tinha que fazer alguma coisa.Lembrei do meu nariz ultra power descontaminator e tratei logo de fazer todos o apertarem, era a ultima chance deles.A garotinha não quis, disse que não gostava de mim, que eu estava contaminado.Eu entrei em desespero, chorei e chorei, pedi que ela não me abandonasse e ela adorou isso.Pegou um brinquedo, bateu em mim e saiu correndo.Claro que não ía deixar ficar barato, corri até ela, dei um grande abraço e voltei correndo e gritando:"Eu te abrace,ei..tu nem me abraçaaa"..e aí a gente começou uma verdadeira guerra de quem abraçava mais..bem melhor que bater no palhaço né!?
E o Ryan aprendeu a tocar Bethoven, Mozart, tudo com o pandeiro.Que talento!! E a mãe dele se divertiu em puxar meu nariz bem forte e soltar depois.Será que toda visita tem que ter isso??E o 14 de setembro foi assim.E agora eu entendo os parabéns, não eram pra mim, foi pra alguém que hoje nasceu em minha vida,que não deixa de ser eu mesmo, mas é um eu meu tão bom, que é quase um não eu.Só pra imitar o Aullan..falar difícil é tão legal.. Eu ía me esquecendo.No final quando pegamos carona na carroça da Dra tampinha e já íamos embora pelo corredor, olhei pra trás e ví que o Ryan tinha seguido a gente e vinha correndo atrás de nós, agora com os braços bem abertos.Pulei da carroça e decidi voltar para o derradeiro abraço.Quando ele me abraçou, fez um som de lamento:Ahhhhhh!!..(que pena, acabou)..nessa hora meus olhos quiseram me trair, mas não deu tempo de chorar, a Dra "Não Tenho Nome Ainda" voltou em seu cavalo branco de plástico pra me resgatar.Eu fui, mas ainda deu tempo de escutar alguém dizendo: Tchau, Palhaço!!
Lucas Tavares.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Além do Nariz Vermelho...

Eu entrei na faculdade sem saber direito como seriam esses 6 anos ou qual especialidade eu ia seguir depois de formada. Na verdade, eu sabia muito pouca coisa, mas entre tantas dúvidas eu tinha uma certeza: eu queria ser um médico diferente desses que a gente vê por aí. Desses que não nos olham, não nos ouvem, não nos examinam. Logo na primeira semana de aula, descobri que essas coisas nas quais eu pensava tinham um nome: HUMANIZAÇÃO.

Apesar de o conceito parecer bem claro na minha cabeça, eu não sabia como poderia colocá-lo em prática ainda na faculdade, ou melhor, ainda no primeiro semestre. Foi aí que apareceu o Y na minha vida e eu tive certeza de que eu poderia ser agente ativo nesse processo de humanizar. Agora, surge um novo desafio na minha vida acadêmica: Como praticar a humanização sem estar vestida de palhaço? Como ser humana atendendo em uma emergência?

Pessoas esperam horas por atendimento. É preciso ser rápido, é preciso ser eficiente. Onde está a gentileza? O acolhimento? Há pessoas alcoolizadas, ofensas, caos. É preciso se impor, é preciso se manter firme e calmo. E agora? Cadê a humanização? Cadê o Y dentro de mim?

Devo confessar que tive certa decepção, pois cheguei a acreditar que os ideais do Y não poderiam ser praticados em todas as situações. Pensei que ás vezes é preciso ser como esses médicos dos quais a gente não gosta. Mas eis que de repente, entre assepsias, anestesias e suturas encontrei um espacinho para dizer: “Boa tarde. Como é o nome do Sr(a).? Encontrei um jeito de perguntar a uma criança que chorava com medo da agulha qual era seu sabor de sorvete favorito. Um tempinho para encher de ar uma luva e fazer um balão para presentear as crianças.

Enfim, posso dizer que no fim do dia voltei para casa com o coração tranqüilo por saber que ser um médico diferente não é um sonho bobo de um estudante no início da faculdade. Os princípios do projeto Y não ficarão restritos a pediatria do HUWC, nem ficarão escondidos atrás do nariz vermelho. Seja em um consultório, em uma enfermaria ou em uma emergência, seja como estudante ou médico, eles estarão sempre comigo.
Mel (Dra Pinguinho)
Eu escrevi esse texto depois do meu primeiro dia de estágio. Queria dividir com vocês essa experYência! ;OD