segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Além do Nariz Vermelho...

Eu entrei na faculdade sem saber direito como seriam esses 6 anos ou qual especialidade eu ia seguir depois de formada. Na verdade, eu sabia muito pouca coisa, mas entre tantas dúvidas eu tinha uma certeza: eu queria ser um médico diferente desses que a gente vê por aí. Desses que não nos olham, não nos ouvem, não nos examinam. Logo na primeira semana de aula, descobri que essas coisas nas quais eu pensava tinham um nome: HUMANIZAÇÃO.

Apesar de o conceito parecer bem claro na minha cabeça, eu não sabia como poderia colocá-lo em prática ainda na faculdade, ou melhor, ainda no primeiro semestre. Foi aí que apareceu o Y na minha vida e eu tive certeza de que eu poderia ser agente ativo nesse processo de humanizar. Agora, surge um novo desafio na minha vida acadêmica: Como praticar a humanização sem estar vestida de palhaço? Como ser humana atendendo em uma emergência?

Pessoas esperam horas por atendimento. É preciso ser rápido, é preciso ser eficiente. Onde está a gentileza? O acolhimento? Há pessoas alcoolizadas, ofensas, caos. É preciso se impor, é preciso se manter firme e calmo. E agora? Cadê a humanização? Cadê o Y dentro de mim?

Devo confessar que tive certa decepção, pois cheguei a acreditar que os ideais do Y não poderiam ser praticados em todas as situações. Pensei que ás vezes é preciso ser como esses médicos dos quais a gente não gosta. Mas eis que de repente, entre assepsias, anestesias e suturas encontrei um espacinho para dizer: “Boa tarde. Como é o nome do Sr(a).? Encontrei um jeito de perguntar a uma criança que chorava com medo da agulha qual era seu sabor de sorvete favorito. Um tempinho para encher de ar uma luva e fazer um balão para presentear as crianças.

Enfim, posso dizer que no fim do dia voltei para casa com o coração tranqüilo por saber que ser um médico diferente não é um sonho bobo de um estudante no início da faculdade. Os princípios do projeto Y não ficarão restritos a pediatria do HUWC, nem ficarão escondidos atrás do nariz vermelho. Seja em um consultório, em uma enfermaria ou em uma emergência, seja como estudante ou médico, eles estarão sempre comigo.
Mel (Dra Pinguinho)
Eu escrevi esse texto depois do meu primeiro dia de estágio. Queria dividir com vocês essa experYência! ;OD

4 comentários:

mia disse...

experiência mt bem dividida viu! bom dmais ver com o Y vai além do pontual, e afeta, sem nem percebermos, os momentos mais simples de nossas vidas...

Como seria se tds (tds!) tentassem olhar além de seu próprio nariz e começassem a ver o mundo em Y...É! afinal,basta olhar em 3 direções e temos contato com todo o espaço q está à nossa frente. E... a propósito,não é mesmo com 3 pernas que se alcança o maior equilíbrio?

=*

Anônimo disse...

Essa experiência já tinha sido dividida comigo antes de ser escrita ou falada!

Gaby disse...

bom perceber q naum sentimos isso sozinhos ... saber q naum queremos ser diferentes sozinhos ! :o)

Pedaço de mim disse...

Melzinha,
Que coisa linda.
Meu bom Deus,é maravilhoso
saber que não estamos sós,
que muitos pensam igual e
que podemos sim ser bons médicos
e humanos, ao mesmo tempo.
Que esse sentimento que vc e muitos de nós temos,
seja regado a cada dia. Seja fortalecido, alimentado,cuidado
como um filho muito esperado...
Ah, se todos fossem iguais a essa turma de YYYYYYYYYY.