domingo, 6 de abril de 2008

" ... eles sempre se encontram no final, num lugar chamado sorriso."


Visita 4 de abril de 2008


E logo no início os palhaços se perderam. Doutor Cenoura acostumado com os terrenos íngrimes e difíceis daquelas escadas que levam até os pódios chamados enfermarias se distanciou na frente. Atrás seguiam dra Metidinha, dra Chapolinha(é assim né) e dr Batatinha com seu detector de ruínas vibrando muito com aquela estrutura que os cercava. E quando finalmente chegamos demos de cara com aquela que, nem sabia eu, seria o meu inesquecível do dia. Logo ficamos sabendo que era o aniversário da Sara, mas que ela tava dormindo e era melhor não cantar parabéns num volume acima de 2 decibéis. Mas eu juro que pensei que ela preferia o sono do que palhaços. Minha pequenez me fez pensar que era o máximo que um corpo todo marcado poderia oferecer.
Assim sendo, seguimos viagem e na enfermaria seguinte ví um Dr Cenoura impressionado com a possibilidade de fazer churrasco com uma das crianças, bem carnuda por sinal, no ponto de abate. Juntos tentamos convencer a criança que seria um sacrifício nobre em favor dos palhaços famintos.Ele não gostou muito e começou a chorar. Acho que era vegetariano.
Seguimos até outra enfermaria. A Maria, tão pequenininha, mas um sorriso tão grande, tão encantador. E o gabriel, já se preparando pras Olimpíadas de Pequim exercitando suas pernas com sua fisioterapeuta doida, insistindo em dizer que era a mãe do atleta.E ficamos em dúvida de quem era mais doido naquela enfermaria, se o gabriel por correr deitado ou se a Sarinha, que durmia de olhos abertos. E o sorriso dela, ainda escuto agora, enquanto imito ela, acordando com meus olhos bem fechados e vejo um rosto de anjo, a despeito de toda marca, um anjo marcado enfim, um anjo que marca principalmente.
A viagem continuou e a próxima estação foi uma enfermaria lotada de criança e de palhaço.Metidinha foi olhar pela janela e ficou colada no vidro, Dr Batatinha, solícito como é, foi ajudá-la a se descolar e acabou colado também.Quando finalmente ambos se soltaram, descobriram que tudo se tratava de uma enfermidade do vidro e que era contagiosa. Os dois pegaram a colagemia aguda e quando Dr. Batatinha tentou levantar Dra Metidinha do chão, ficaram colados em posição de bazuca, a bunda de um na no outro. Dr Cenoura, um pesquisador de curas, logo descobriu o antídoto para aquela doença, o bom e velho peido bunda a bunda, porque boca a boca seria muito nojento. Funcionou, Dra Metidinha ficou boa bem rapidim, deu tempo nem do Batatinha peidar. Acho que era psicosomático né!
Entre peidos e curas, recebemos uma chamada urgente da Mãe da Sara. Ela tinha tido um súbito acesso de raiva e tava saindo pra bater raio X ( pobre coitado. Consentimos né, um X é sempre um possível rival para um Y ). Mas antes disso queria que os palhaços cantassem parabéns pra ela. Lá estavamos nós dois(Metidinha e Batatinha), mostrando todo o nosso talento cantando parabéns em operetas, depois em rap e por fim em baladas melódicas. Não tinha velas de aniversário, mas tinha uma soprano pra ajudar a aniversariante entender que o mais importante não é apagar a luz com um sopro, mas fazer vibrar a esperança cantando a vida.
E eu ainda escuto o sorriso dela!!
Quando Dr. Batatinha foi embora e deixou pra trás os sorrisos que vagarosamente íam perdendo o volume, fez com que um som diferente ressoasse não mais nos ouvidos do palhaço, mas na alma dele. E eu ainda escuto o sorriso da Sara. E ele teve a sensação de que os palhaços podem até se perder um dos outros no início, mas eles sempre se encontram no final, num lugar chamado sorriso de criança.

Dr. Batatinha (Lucas Tavares)

2 comentários:

Anônimo disse...

O meu comentário é o desenzim que tem no começo!

Anônimo disse...

puxa...=~~

coisa mais linda...

eu quero visitarrrrrrrrrrr!