terça-feira, 27 de maio de 2008

Encontrar o seu palhaço ...


Assim, o pior é sempre começar, pelo menos sempre foi o mais difícil pra mim. E não se trata só de escrever, por mais que eu ache ruim escrever as primeiras palavras e introduzir um pensamento, eu estou falando da dificuldade do começo de ser palhaço. O famoso “encontrar o seu palhaço”, que os mais experyentes do Y sempre diziam que viria com o tempo, aos poucos, naturalmente. Está certo então.. estou esperando! E é aí q está o problema: fiquei esperando, esperando chegar alguma coisa que não ia chegar nunca... sempre esteve lá, só que eu não olhava pro lugar certo. Não ousava, não tentava, não experimentava. Sei que já faz um tempo que estou visitando e algumas visitas foram muuuito boas.. que eu saía do hospital meu pensamento continuava lá e minha vontade era visitar todos os dias se pudesse! Outras que começavam não muito boas, mas tinham momentos simplesmente mágicos que fazia tudo valer a pena. Agora tiveram aquelas que foram mesmo ruins. Ruim só pra mim.. era eu que não me sentia bem ali. Não que a visita não tivesse sido legal, pelo contrário, as crianças se divertiam horrores. Os outros palhaços.. nooossa são muito bons! E é aí q dá vergonha sabe? Daqueles que são mais antigos e conseguem fazer um espetáculo ali do seu lado. Ora.. pras crianças não faz muita diferença eu estar ali.. eles são tão ótimos, tão divertidos que até eu me acabo de rir deles.. eles bastam. Mas aí tem a criança... ow a criança.. pense num bicho esperto, que tanto sabe! Ela consegue fazer você se tornar engraçado. Ela simplesmente ri de ti. De ínicio, é só ver aquela figura tronxa e toda pintada que você é. E aí, muitas vezes, basta você sorrir que ela sorri. Então, você se assusta: “mas é assim?” E ela ri do seu susto. E você ri dela e quando vê já começou a conversar com ela sem nem precisar falar nada. Certo, mas aí.. cheguei na criança.. e agora? Faço o que? Será que eu sei GAG´s suficientes? Será que vou saber fazer? Aí vem esse bicho esperto chamado criança de novo, que por natureza tem o rosto mais pidão que você pode imaginar.. exatamente ..pidão.. pedindo atenção, pedindo carinho, pedindo alegria. Então,lá de dentro de você sai a alegria. Sai uma alegria que contagia. Quando vejo estou sendo espontânea, falando com a criança como se não fosse criança.. lembre-se que ela é a esperta da situação. Falar com ela sabendo que preciso dela.. daquele sorriso, daquela alegria que só ela pode trazer. E eu achando que eu ia trazer alguma coisa pra dar. São elas que trazem pra mim.. trazem à tona o que eu tenho de melhor. Posso ser espontânea, rir, chorar (de mentirinha), implicar (é tão legal), rir (é de novo.. é tão bom), falar, falar bem muito, ou só olhar, admirar, interagir com um sorriso, me apresentar, conhecer, descobrir... descobrir a criança, a mãezinha, me descobrir. Posso ser eu mesma! Certo mas o q será isso? As pessoas gostam de falar: ”ser eu mesmo” e o que é isso? Pois é, não sei! Mas as crianças devem saber...são elas que fazem isso de mim. E assim eu vejo que todo o tempo que eu procurava me tornar um palhaço, esse personagem, personagem que seria só meu, eu esquecia que justamente por ser só meu era eu.. o tempo todo.. estava lá, escondidinho só eu que não via, porque as crianças.. ah essas são muito espertas.. estavam vendo o tempo todo!!

Dra. Estrelinha


domingo, 25 de maio de 2008

Francysco de Assys



Havia citado já antes duas pessoas que podem ser (por que não?!) candidatos a patrono do Y. Uma foi Janusz Korczak, médico pediatra, polonês e judeu, que implementou uma pedagogia de amor pela criança, fazendo seu orfanato girar em torno desse amor, embora com rédeas. Foi mártir nas câmaras de gás de Treblinka à época da Segunda Guerra Mundial.

A segunda pessoa foi J. H. Pestalozzi. Grande pedagogo suiço, que influenciou sobremaneira o pensamento do Dr. Korczak. Também partidário da tal pedagogia do amor. Bem mais dócil que o doutor, se metia a passear pelos campos ensinando geografia viva e a rezar com seus órfãos todas as noites antes de dormir - embora sem nenhuma religião a não ser a de Jesus. Isso tudo, em meio às grandes intrigas entre católicos e protestantes.

Falando em Jesus, lanço aqui novo candidato para patrono do Y. É, vocês já viram. Francisco de Assis. Vou colocar aqui o trecho da biografia dele feita por um dos maiores historiadores da idade média, Jaques Le Goff:

"Nesse mundo em que aparece a família conjugal e patriarcal restrita, mas na qual o antifeminismo continua fundamental e em que reina uma grande indiferença à criança, ele manifesta, por suas ligações com algumas mulheres próximas e em primeiro lugar Santa Calra, por sua exaltação do Menino Jesus na manjedoura de Grécio, sua atenção fraternal à mulher e à criança. Entre o mundo monástico banhado de lágrimas e a massa dos despreocupados mergulhados numa ilusória alacridade, propõe a imagem alegre, sorridente daquele que sabe que Deus é alegria".

O formato do nariz dele já lembra, mas a artesã Cristina Vaz esqueceu de colocar uma corzinha vermelha, que nele cairia extremamente bem.
Allan Denizard