Ô coisa difícil é começar. Todo começo parece meio sem caminho, meio torto, meio malfeito, mas não menos esperado, não menos alegre, não menos animado. Dormir foi complicado. Era a sentença de um dia que teimou, teimou, mas chegou.
Ninguém acorda animado as 6:30 da manhã, mas aquele dia, já cheio de magya, era sim diferenciado. Fiquei pensando se eu deveria mesmo ter dito que iria na faculdade pegar os apetrechos. Sono, muito sono, fazendo jus ao Z, zzzzz.
Mas acho que nada melhor que o começo ser na salynha, linda, pequena, minha, nossa. Parece que ali era mesmo lugar certo de começar.
Cheguei ao Sabin, quase lugar sagrado, se o mundo é cheio de cheiros, ali tem um que é só dele (e é bom!). Achar a casa da criança era o primeiro mistério do dia, cadê a linha amarela Dr. Píncipe? Mais tarde acho que a gente ia descobrir mesmo era que tinha uma ruma de píncesa nesse caminho.
Arruma, arruma, arruma! CADÊ O LÁPIS PRETO, PELO AMOR DE DEUS? Ali, montada, lynda! Mas cadê o nome, dra? Não sei ,não faz pregunta difícil, dra fofolete, essa eu passo. Na dúvida, me chama de ei! opa, pera, ey!
Você sai meio tímido. E se ninguém rir? Mas é assim, mesmo no sem querer que se faz um sorriso. Muito corredor, MUITO corredor! Gente, brincadeiras, capitães. Cadê as crianças? ELAS TÃO ALI, alguém disse.
E ao abrir a porta, o mundo ali era dyferente. A enfermaria era a 201, 2+1=3, eu nasci no dia 3, acho que tava acontecendo ali um outro nascimento, talvez apenas com um pouco mais de panqueique, né, angel do céu?
Posso entrar? Aprendi que assim é mais educado. SIM!! Em coro. Que alegria!
Em meio a muita zuada, alguém não olhava pra mim de jeito de nenhum, mas eu tinha um nariz vermelho, grande, por que ela não olha pra mim? Ela é cega, alguém diz. Ahhh, tá explicado, ela só me vê é diferente. Cheguei perto, falei pra ela pegar em mim, esse era o jeitinho dela de me ver. Eu conheci um palhaço que nem via moscas volantes com os olhos, mas via mais nas pessoas do que eu mesmo vejo, certo?
Além dessa bonita, tinha um menino com o olho mais lindo do mundo, que queria porque queria saber qual era meu nome. Não tenho nome, já te disse! Mas eu quero saber o teu nome de verdade! Gente, eu não tenho nome! Vamo fazer assim, concurso pro nome do palhaço!! YYYAAYY, pessoal adora concurso, sempre soube.
Em meio a muita confusão e até um pouquinho de briga, chegamos à conclusão que eu deveria ter um nome quadruplo, porque eles gostavam de mim e gente com muito nome é fino. Meu nome era Dra. Anna Sabrina Evelyn Rayanne.
Tudo que é bom dura (bem!) pouco e eu tinha outros quartos pra passar! Era hora de dá tchau. Não, fica mais um pouco. Quem resiste? E além do prolongamento, todo mundo quis tirar foto. Não é que nome quadruplo te deixa on top mesmo...
Tive que ir, mas antes cheguei no ouvido de quem me via melhor, a que falaram ser cega, e disse que aquele era o meu primeiro dia e que ela tinha tornado ele ainda mais especial. O que eu recebi em troca, foi o sorriso mais sincero desse mundo. Isso é amor e ele se escreve mesmo com y.
Lááááá na frente encontrei uma senhora que era a cara da riqueza e falou que eu era a cara da riqueza na favela!! menino, o que um nome quadruplo não faz com a gente, tô estrela hoje. Escuto alguém perguntando se podia entrar, quem era? Dr. Foca, claro que pode, deve! Com emoção ou sem emoção? COM EMOÇÃO!
Dr. Foca, eu e a ryca acompanhante dançamos muito “it’s my love”, éramos as novas empreguetes! Dr. Baby chegou pra ganhar o coração da nossa acompanhante, ela não se segurava de tanto amor, tomara que uma pimentynhaynhaynha e zynha aculá não escute isso! (corre, baby!). Dr. Caldinho (ui!) veio ainda muito bem acompanhado com a Dra. Zoa.
A gente tem que subir, vaaaamo subir! Pra qual andar? Sei não, aperte aí qualquer um. 4!
Lá chegamos e um rapazinho cismou com o pobre amigo Foca. Essa Foca apanhou, apanhou, apanhou, até eu fiquei meio sensibilizada com o pobre amygo, mas já passou.
Lá eu conheci a Maria Luiza, que era tal qual a gabrielinha, sua boneca. Fofa que dava vontade de apertar todinha. Conversamos, brincamos, sentamos no chão, mas já era 11, era hora de partir. Ô abraço gostoso eu ganhei mesmo assim.
Vamos, vamos, vamos, vamos pela linha amarela! Me senti em oz!
Ainda teve só um tempinho de achar um irmão gêmeo de pança da pessoa nirvânica do grupo e achar, ainda, um casa toda bonita pra Dra. Zoa. Lá é mesmo a casa da criança, pode ser nossa também, né?
Achei ainda um interno, meio capenga, bichinho, só o cybyto.
É hora de dá tchau!
Tchau!
(Por: Lorena Vasconcelos, uma Dra ainda sem nome definido :D)