As vigas eram as mesmas, o elevador que levava às alturas também. A sensação vinha como um deja vu fantasiado de nervosismo e ansiedade. E lá estava eu com meus balões.
O tempo se esvaia como bolas de mercúrio esmagadas aos poucos pelas mãos, mas eu não poderia deixar de afagar mais um coração e, como efeito lateral, o meu também sairia mais quentinho.
Meus olhos fitaram aquele ser indo em direção à vista do quarto andar. Sua energia era densa, daquelas difíceis de penetrar, mas eu não ia desistir tão facilmente.
Me guiei em seu olhar e fiz dele meu aliado. Ao mirar o céu espantosamente, chamei-a para desfrutar dessa dádiva, e lá estavam seus olhos fitando comigo o teto azul. Resolvi ir mais longe e apontei para as montanhas envergonhadas do lado direito e, seus olhos, meus companheiros, levavam o pescoço para apreciar aquelas manchas verdes.
Contudo, meus colegas estavam abalados, tristes talvez com a distância deles com o mundo fora do quarto andar. Foi aí que eu consegui não só andar, mas correr...
Não iria só. Convidei-a para chutar a bola gigante que se encontrava em cima de um prédio, escorregar em uma ponte vista lá de longe e brincar com os bichinhos de nuvens presentes no céu.
A energia foi ficando criança. Seus olhos tímidos já emitiam esperança e senti que eu já poderia partir.
Deixei ela lá com um balão, a imaginação e a certeza de que o quarto andar sempre será um convite para amar e voar!
Crystalina.
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