quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Sobre Liberdade

Eu tava pensando, aqui comigo.
No que esse projeto mais me ajuda?

Caramba, não podia falar disso e não lembrar do quanto eu mudei, e do quanto eu estou mudando aqui. Pensar que eu cheguei aqui sendo o menino quieto que mal levantava a voz e hoje eu saio gritando (às vezes, por que limites né) no hospital.

Risos.

Sem falar que...
Me lembro a vez que eu percebi mais isso, quando eu tava numa reunião burocrática de outro projeto.

Eu estava  discutindo assuntos importantes (coisas chatas). Todo mundo sentado, a presidente do lado da lousa, anotando. Aí que eu me levanto, começo a falar.
E quando dou por mim, a galera desse outro projeto estava me olhando, com um riso preso no canto de boca. Daqueles que ninguém tem muita certeza se podia rir ou não, mas que vinha sem querer.
Acontece que eu falava sobre uns temas de palestras, e comecei a fazer mungango. Comecei a frescar com o corpo, involuntariamente.

Não foi um espírito que baixou em mim - sim, eu sei (acho) que não fui possuído - e de repente eu tava lá. Tão pouco preocupado com isso que deixei o palhaço escapar de mim, sem querer.
Esses meus mungangos vazavam pelas pontas dos meus dedos, meus olhos e minha boca. Esses mungangos todos viviam nos meus braços agindo com vida própria.

Foi aí que eu descobri o nome do meu palhaço. Ele sou eu e eu sou ele, mas ele é alguma coisa dentro de mim, que escapa nas pequenas coisas. E deixar o Dr. Mungango sair é libertador.
Mas ainda assim, aprender a conversar com meus mungangos não foi a melhor coisa que aprendi (até agora) no Projeto Y.

Acontece que por aqui eu aprendi a chorar.

Sim.
Quando teus olhos ficam vazando depois do filme triste em que o cachorrinho morre. Ou quando você mesmo tá triste.

Isso faz parte, sabe?
Não sou menos homem por que choro. E uma mulher também não é mais mulher por que chora.
Não dá nem pra dizer que o que você tem no meio das pernas define o que você é, quanto mais um ato tão... Humano.

Chorar faz parte.
Acontece nas melhores famílias de Londres.

Se tu enxerga um problema nisso, com todo o respeito: vá para a pu** que te pariu. (Asteriscos por que isso é um blog de família às vezes).
Quer dizer... Perdão. Escapuliu.
Mas na real, eu espero que tu possa se encontrar também. Tão libertador quanto deixar teus mungangos saírem de ti, é deixar teus sentimentos escaparem pelos olhos.

Chorei tanto escrevendo meu currículo pra Seleção do Y. Chorei na entrevista da segunda fase. (Não chorei quando passei, não sou obrigado - mais risos.) Chorei na primeira Reunião de Planejamento. Chorei hoje. Quase sempre por motivos diferentes. E sinceramente, espero que eu ainda saiba chorar em muitos outros momentos da minha vida.

Porque isso é liberdade. É saber ser quem tu é, é deixar teus trejeitos viverem, deixar tua esquisitice à mostra, deixar teus sentimentos respirarem do lado de fora.

E uma coisa eu te garanto:
Aprender a se libertar é gratificante pra ca*****.
Então pensa nisso na próxima vez que tu for enxugar os olhos marejados.

Abraça a tua liberdade com todas as forças.

- Dr. Mungango,
menos conhecido como Arthur.

Um comentário:

Allan Denizard disse...

Que maravilhosas descobertas, menos conhecido Arthur! Engraçado o quanto somos mascarados, no dia-a-dia, não? A cena de que as pessoas riem de você. Nossa! Outros tempos, outras pessoas, o problema seria o riso das pessoas, e você se felicitando por ter descoberto a essência do mungango. Fico feliz com suas descobertas, que muito são as minhas e cada vez mais além.