VER OUVINDO.
Me inspirei com esse texto Cajuína, do Caju (aquele que é
“antiético” por não ter a companhia de uma Castanha em vida, e sequer ter a
Castanha no nome – indignação que partiu de uma enfermeira).
Eu, com Teteu no nome depois de um Chico, lembrei de um
momento bonito hoje na pediatria. Eu e Caju. A gente já tava perto de ir
embora, já com aquelas falas de despedida. Foi quando passando pelo quarto das
meninas a gente viu a "K" esperneando na cama e sendo puxada pela mãe pra que ela
saísse da cama. K tava virada com a cara no colchão, em um NÃO totalmente
explícito de que não queria sair dalí.
Eu e Caju na porta. Vendo aquilo ali, eu pensei, pensei, e
comecei a fazer algo. Olhei pra ele e comecei. “Levanta daí seu Caju! Tira essa
cara do colchão!”.
E ele: não! não! Não quero não!
Eu: por que tu não quer?
Ele: porque não! quero ficar aqui.
Depois disso a mãe já parou de insistir K de sair da cama e
ficou rindo olhando pra gente na porta sendo besta – que nem ela tava sendo. K
continuou na sua posição quase que dentro do colchão, mas tranquila. Parou de
espernear e pareceu calma. Tava vendo tudo ouvindo.
Eu e Caju continuamos. Falava que ele tinha que sair só pra
almoçar, depois podia voltar pra dentro do colchão. Nessa hora eu trouxe até
uns folhetos pra ele comer e passar um pouco a fome. Entrei no quarto, fui até
o leito de K e perguntei, “tu come papel, K?”. Ela respondeu “não”, e virou a
cara de volta pro colchão.
Pronto. Naquele momento ela foi ouvida, e seu não foi
entendido.
Eu e Caju saímos do quarto. Senti ambiente mudado - isso é tão bom de sentir. K pôde se
enfiar sem preocupações no seu colchão.
Contatos cegos são importantes.
Beto.
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