Não impediu o olhar de ninguém
Desabotoou o primeiro botão,
o segundo,
o terceiro,
o quarto.
Expôs uma semi-lua do seio esquerdo.
Só depois fui perceber a faca que trazia
Gentilmente, toma da lâmina
Rebate o sol em meu rosto
Fico cego por três segundos
Quando retorna a visão
A faca já havia cortado a pele
Exposto a gordura
A fáscia
O músculo
Delicada,
Desarticula a segunda costela
A terceira
A quarta
A quinta
A sexta
Leva a mão ao íntimo
(Ainda com a faca nela)
Já não mais a aorta
Ou a pulmonar
Ou qualquer grande vaso
Impede o coração de sair
Pulsando na mão dela
Vai mostrando a cada um
O quanto o sangue é azul
Saí
Mas, ela mal me tocou.
Alguém disse que estávamos ali para ela
Mas, por Deus!, esse sangue em mim
É que ela está aqui
E não larga mais.
(Allan Denizard)
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