sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Segunda Primeira Vysita

Eu tava na salynha, sentado, deitado ou largado no chão, mesmo. Alguma dessas coisas. E não ia visitar.

De novo.

Sabe, a última visita que eu tinha feito foi a primeira, também. Vysitão. E com isso tudo, pelo que via eu era o mais verde ali. Só que poxa, de todas as cores do mundo, logo verde, que eu praticamente nem enxergo (kkk - rindo de nervoso, tá).

Pois eu podia sentir as pelúcias olhando pra mim. Me encaravam com aqueles olhos de bila, quase já opacos: nem vai visitar de novo, né, Arthur? Terceira semana seguida, eu sei. 
De novo, uma série de eventos sobre os quais eu não tinha o menor controle parecia me colocar nessa posição. Eu ficava perdido.

E dava pra sentir, também, que eu tava chegando na bad - ou a bad tava chegando em mim. Bad, daquelas que você esquece o próprio nome de tanto que você rumina as idéias.

Aí estalou alguma coisa na minha cabeça. Do jeitinho que a gente sente vibrar o celular no bolso, quando chega mensagem. O Arthur tinha acabado de me mandar uma, e ele tinha um bocado de coisa pra dizer.
Já faziam duas horas que eu tava só enrolando lá, largado num colchão. Que era que eu ia fazer, ué? Visitar sozinho?


É. Exatamente.

E sabe por quê? Pelo único e exclusivo motivo de que você quer, e você pode. Por que é bom tu se lembrar de que quem tá vivendo é tu. De que se a vida for um jogo, esse jogo só vai pra frente quando tu começar a jogar. E que às vezes a gente até esquece, mas o protagonista dessa marmota toda é a gente, ué.

Então, eu sei que você tá nervoso. Eu sei que tu não faz a menor ideia de onde é a pediatria, porque a final de contas tu nunca foi lá mesmo. Mas já que você tá com medo, vai com medo mesmo. Deixa a tua adrenalina subir, passar da lua, dar uma volta em marte e voltar. Você tá todo se tremendo, menino (e nem é uma resposta de meme).

Deixa tu ficar tão ansioso que não consegue deixar os dois pés parados no chão ao mesmo tempo. Mas com tudo que tu puder fazer, lembra que quem tá fazendo é você mesmo. E que é tu quem tá tomando as rédeas da tua vida, por mais que tenham coisas que ninguém controla.

Então, a Azul vai aparecer aí. A Sarah e o Liso também. E tu vai querer com todas as forças implorar que eles vão contigo. Mas só vai na visita - só vai nessa viagem marmotosa - quem tiver na vontade. E não se obriga ninguém. Pois aí aproveita, que tu aprende logo é na marra.

Tu e a imensidão do mundo.
Por mais que às vezes tu não consiga fazer dessa forma.

Então, doutor, aproveita. 
Aproveita, porque isso é sobre mais coisa que palhaço-terapia. Aproveita, que a visita pode ser maravilhosa, mas pode ser uma completa desgraça também. E provavelmente não vai ser nenhuma das duas coisas. Só tem gente, lá; são pessoas, apenas, tu sabe disso? Na pior das hipóteses, tu volta cedo: é só o tempo dos ponteiros darem umas voltas, e é você quem tá de volta. O conteúdo da visita nem vai fazer tanta diferença assim.


Pois doutor, aproveita, porque agora tu é o Doutor Mungango. Batizado, benzido e avacalhado. 

E aproveita, porque você tá vivendo.


- Arthur

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