sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Aula 3 - Caminho teórico-metodológico ou a confusão de saber





Depois de longo e tenebroso inverno, em que me afastei da tentativa de explicar este mestrado, devolvo-me para a empreitada com outro motivo mais meu que do projeto Y: terminar um ciclo. 

O capítulo 3 quer falar sobre alguma teoria que referende as atitudes que, necessariamente, tive de tomar para deixar conhecido o Y. E fala também sobre os passos que tomei para registrar os saberes.

Precisamos entender que capturar uma essência de algo tão móvel e ígneo como é este projeto é uma tarefa impossível. A essência se esvai feito água do mar nas mãos de um menino. Mas, alguma fotografia haveria de tirar, ou melhor, algum quadro haveríamos de pintar, juntos, buscando não arrancar orelhas para caber no belo.

Para compor o cenário, fui em busca de um ou dois representantes de cada geração, aquelas que se sucedem quando vêm as seleções. Pessoas que ainda estavam presentes predominaram no encontro grupal. Outras que considerei centrais de épocas idas fui entrevistá-las a parte, a fim de não perder suas falas. 

O encontro em grupo iniciou-se com um aquecimento: que eles desenhassem o que viesse em mente sobre o mote "o caminho que percorri até o Y". Alguns entenderam "o caminho que é o Y", e respeitei essa confusão rica em significado. Os desenhos finalizam a dissertação. Alguma análise deles teço ao quarto capítulo, e talvez mais adiante. 

Reunir as pessoas para que falem do que vivem possui o mérito da instigação que um exerce sobre o outro, porém faz as vezes de calar o mais tímido. Há falas que surgem filhas do encontro, mas outras que são sufocadas pela luz da presença alheia. É um risco. 

As entrevistas individuais quase pareceram um café a dois. Fui revivendo a presença amiga, e lembrando junto com a pessoa o que ela viveu, o que testemunhei. Descobri algumas sombras que poderiam ter dado todo um novo trabalho. Mas tudo o que É não se torna ainda mais nítido com o seu contraste? Sim. Falei um pouco disso. 

Por fim, tomei a liberdade de passar para o papel minhas memórias. Ainda que mais ou menos distante, acompanhei o grupo por dez anos. As falas que caíam em minha rede interpretativa saíam trabalhadas com o esforço do meu distanciamento de pesquisa e coloridas com meu pertencimento. 

Boa parte do capítulo, como havia falado, tenta explicar porque cada atitude dessa é possível dentro de uma pesquisa que se quer científica. No vídeo que gravei, e que segue logo mais, deixei claro que o único paradigma possível que me permitiria construir algum saber sobre o Y, com tantos encontros de sujeitos igualmente dignos, seria aquele que me permitisse ser, apesar de pesquisador, ainda amigo, ainda amante. 

Um último critério que você deve buscar enxergar por todo o texto é a escolha pelo belo. Poderia ser pintura, trabalho com argila, dobraduras, mas a academia pede letras. Então, pelo menos que tenha um estilo doce, que busque o belo ao falar de todos eles. O belo foi necessário almejar em cada momento de manifestação do divino que eles me trouxeram. Lembrem da definição clássica da arte: é o inteligível feito belo. Tentei. 

O capítulo 4 mostrará o quadro que conseguimos pintar.

 

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