terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
Lições de palhaço antes da apresentação
B: Ei, salsicha falante!
A: Eu sou o ovo...
B: kkkkk... Amanhã é o dia de eu fazer que te falei.
A: O q?
B: Entrar na sala no meio da apresentação e fazer um esquete. Mas, tô me c... de medo. Já treinei aqui em casa, mas tô tremendo.
A: Que bom! Eu odeio entrar em palco tranqüilo.
B: Acho ótimo! kkkkkk...
A: Às vezes tinha pesadelo com apresentações teatrais. Nelas eu estava tranqüilo e NU! Freud explica?
B: Kkkkkkkk... Explica! Mas, eu não. E se ninguém rir? Só quero descolar aquela realidade. E deixar todo mundo: 0o wtf?!
A: Vai ser uma experiência e tanto de qq forma. É assim que a gente vai adquirindo experiência de platéia.
B: Sim, sim.
A: Mas, você é muito bom. Sabe utilizar o silêncio. Não tem tanto palco quente. Sabe utilizar as variações de tom. Tem time. Tem tudo para dar errado!
B: Kkkkkkk... Espero cair! E outra coisa... sobre silêncio. Não vou falar nada.
A: Que seja feia a queda, então! Falas nesse sentido são mais que palavras.
B começa a falar o final da peça.
A: Silêncios de movimento em meio a movimentos.
B: Sim, sim... entendo.
A: Importa saber quando a lentidão cabe e quando a pressa. E você se toca disso. Ou pelo menos lembre que você um dia já conseguiu essas proezas de conseguir isso.
B: Sim!
A: Convenhamos: a gente conseguir passar qualquer informação que faça o público ter a resposta que esperávamos se chama MILAGRE, MÁGICA, TRIUNFO. É f...
B: Sempre os milagres. BRAVO!
A: O mais lógico é se f... e se frustrar.
B: O que é time?
A: Eu dou uma deixa e você pega no ato. Mas, às vezes o ato não é bem o de repente. Então, você entende que tem que responder com um lag para ter efeito. Saber o tempo certo de entrar. Se for calcular sai m... Tem um certo feeling nisso. Uma coisa que não passa pelo racional.
B: Sim, sim.
A: Mas, por sentir o outro no palco, o outro platéia. É uma equação muito louca para se por em papel. Certeza que quem tenta calcular perde o time. Tem que se conectar.
B: Poros. E tentáculos. Júlia falou muito de tentáculos. Serei polvo amanhã. Vou dormir agora. Obrigado por me dar mais medo. Feliz desaniversário!
A: Você está me devendo passar o caderno-júlia a limpo.
B: Tenho que lembrar no final de semana. Nem tu lembrava.
A: Sempre te lembro.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Sobre o meu primeiro curso de Clown - Dia 5
Último dia. Fui feliz e triste. Com as costas e pernas e joelhos doendo, mas quase esperando que tivessem mais dias de Yoga locão pela frente. Fui. Mochila cheia. Roupas do palhaço, nariz, tênis e as bolinhas que eles deram pra gente aprender malabares, no segundo dia, e que eu já tava bolado por ter que me despedir (sem aprender a fazer os truques que o Danilo [o cara das garrafas de malabares na bolsa, no primeiro dia] me ensinou).
Meio que da vontade de começar a narrar pelo fim. Por como foi difícil me despedir da galera. Como foi massa o abraço coletivo no fim e tal. Como eu voltei pra casa com aquela sensação muito boa de cansaço que você tem quando tem um dia super produtivo e pleno. Mas vou tentar começar pelo começo.
A gente chegou e a vibe já era diferente. Dos 27 que começaram o curso sobraram nem 20 direito. Eram menos dreads, tatuagens, piercings e roupas alternativas e agora eram mais amigos e camaradas. Rolaram umas piadas sobre eu fazer medicina e tal. Rolou bandinha improvisada enquanto os facilitadores não chegavam. Todo mundo já vestido e maquiado, alguns já até de nariz, dançando o reggae que a gente tava tocando lá. Uma vez surrupiadas minhas maracas tive que me virar com o Gogó e uma concha de feijão e uma caneta. Foi tão foda :')
Eles chegaram. Viram todo mundo pronto. Ficaram putos hehe. Maldito trânsito. Tava rolando umas manifestações no centro. Tiro, bomba e pneu queimado. Tava difícil chegar no teatro. Muita gente se atrasou. Muita gente chegou suado. Eu nem sabia o que tinha rolado. Soube na hora.
A ideia inicial era todo mundo se arrumar de palhaço e ir pro Mercado Central. Desconstruir um lugar que já é uma desconstrução do cenário normal (mas que é algo "habitual" em fortaleza. Algo com que já nos acostumamos.) A manifestação ia atrapalhar nossos planos. Mas, aparentemente já tinha diminuído quando todo mundo se aprontou. Além do mais, NINGUÉM AQUI TEM MEDO DE POLIÇA NÃO RAPÁ! Acabamos saindo do teatro. Eu tava com a sensação de que éramos ousado demais. mas ia ser massa.
Fomos por dentro do parquezinho lá do Teatro Antonieta Noronha. Aparentemente, o parque é dividido entre o teatro, a secretaria de cultura da cidade um palácio lá não sei das quantas que é importante também. Fomos por dentro. Infiltrados. Os facilitadores, vestidos de gente, ficavam falando pra não vacilar com polícia. Se acontecesse algo agrupar e tal. Tive a sensação de que todo mundo alí já tinha participado de manifestações e ri, comigo mesmo.
De boas, 20 palhaços no parque e desce dois poliça com uma espingarda do tamanho do meu braço e um spray de pimenta que parecia uma garrafa de dois litros. Todo mundo lembrou do Stop! na hora. Exceto uns que se esconderam e subiram arquibancada com tudo Uns mais ousados falaram alguma coisa. Eles fingiram que nem viram a gente. Eu fiquei bolado porquê meu Bom dia foi ignorado. Acho que a espingarda devia ser muito pesada e deve ser difícil falar segurando aquele treco.
Saímos de fininho, marcha lenta. Até que chega outro policial. Para. Encara a gente. Continua encarando. Liga o rádio:
-Volta pessoal. Não eram manifestante invadindo o parque não. É o pessoal do teatro.
Todo mundo infarta de rir. Uns morrem de verdade. Continuamos no jogo de "escapar da polícia" e saímos de fininho, suspeitos. Muito jogo e interação até chegar no mercado. Os facilitadores aprenderam a valiosa lição de que Siga o Mestre nem sempre é uma boa brincadeira se você tem 20 palhaços completamente diferentes no meio da rua. Foco não é bem um dom inato.
O mercado foi um brain storm de vida real. Ao mesmo tempo em que eu tava doido pra atuar eu tava doido pra ver a atuação dos outros. Mil palhaços diferentes. Eu ansioso pra jogar com a maioria deles. Mas acaba que o Mercado tem seus próprios palhaços e aquilo é tão enorme e gigante. Sim. Enorme e gigante. O Mercado é um universo. Sério. Realidade dilatada. Não dá pra dizer que a gente ficou só uma hora e meia lá dentro. Até porquê eu sai de lá completamente banhado de suor. Exausto. Dolorido. Mas super excitado. A rua é muito fantástica. Uma vibe muito diferente do hospital. E um ambiente muito mais duro de quebrar, algumas vezes. Mesmo o Mercado...
Não sei explicar. Não da pra narrar direito tudo o que aconteceu lá. Só sei que vivi jogos completamente diferentes dos que já tinha vivido e que eu vi, num público real, os truques que aprendi funcionarem. Fiquei triste por não ter mais palhaços que eu conhecia lá. E fiquei meio bolado com os facilitadores, que ainda tavam insistindo um pouco na vibe do Siga o Mestre quando tinham 20 palhaços com TDAH e Transtorno de Ansiedade Generalizada doidos pra conhecer o mundo infinito que era o mercado naquele intervalo de duas horas.
E ai, terminou. Abraço, beijo, massagem nas costas, "vamos combinar de sair" e a promessa de nos encontrarmos no Passeio Público dia 22 pra apresentarmos atos num palco improvisado. Vou sentir falta de muita coisa. Provavelmente não do Yoga locão. Mas foram cinco dias incríveis. E, se eu não tiver me tornado um palhaço melhor, posso dizer que ao menos me diverti pra caralho e vivi muita coisa. Vivi muita gente. Me vivi muito. Sei lá.
(Meus joelhos continuam inchados)
Meio que da vontade de começar a narrar pelo fim. Por como foi difícil me despedir da galera. Como foi massa o abraço coletivo no fim e tal. Como eu voltei pra casa com aquela sensação muito boa de cansaço que você tem quando tem um dia super produtivo e pleno. Mas vou tentar começar pelo começo.
A gente chegou e a vibe já era diferente. Dos 27 que começaram o curso sobraram nem 20 direito. Eram menos dreads, tatuagens, piercings e roupas alternativas e agora eram mais amigos e camaradas. Rolaram umas piadas sobre eu fazer medicina e tal. Rolou bandinha improvisada enquanto os facilitadores não chegavam. Todo mundo já vestido e maquiado, alguns já até de nariz, dançando o reggae que a gente tava tocando lá. Uma vez surrupiadas minhas maracas tive que me virar com o Gogó e uma concha de feijão e uma caneta. Foi tão foda :')
Eles chegaram. Viram todo mundo pronto. Ficaram putos hehe. Maldito trânsito. Tava rolando umas manifestações no centro. Tiro, bomba e pneu queimado. Tava difícil chegar no teatro. Muita gente se atrasou. Muita gente chegou suado. Eu nem sabia o que tinha rolado. Soube na hora.
A ideia inicial era todo mundo se arrumar de palhaço e ir pro Mercado Central. Desconstruir um lugar que já é uma desconstrução do cenário normal (mas que é algo "habitual" em fortaleza. Algo com que já nos acostumamos.) A manifestação ia atrapalhar nossos planos. Mas, aparentemente já tinha diminuído quando todo mundo se aprontou. Além do mais, NINGUÉM AQUI TEM MEDO DE POLIÇA NÃO RAPÁ! Acabamos saindo do teatro. Eu tava com a sensação de que éramos ousado demais. mas ia ser massa.
Fomos por dentro do parquezinho lá do Teatro Antonieta Noronha. Aparentemente, o parque é dividido entre o teatro, a secretaria de cultura da cidade um palácio lá não sei das quantas que é importante também. Fomos por dentro. Infiltrados. Os facilitadores, vestidos de gente, ficavam falando pra não vacilar com polícia. Se acontecesse algo agrupar e tal. Tive a sensação de que todo mundo alí já tinha participado de manifestações e ri, comigo mesmo.
De boas, 20 palhaços no parque e desce dois poliça com uma espingarda do tamanho do meu braço e um spray de pimenta que parecia uma garrafa de dois litros. Todo mundo lembrou do Stop! na hora. Exceto uns que se esconderam e subiram arquibancada com tudo Uns mais ousados falaram alguma coisa. Eles fingiram que nem viram a gente. Eu fiquei bolado porquê meu Bom dia foi ignorado. Acho que a espingarda devia ser muito pesada e deve ser difícil falar segurando aquele treco.
Saímos de fininho, marcha lenta. Até que chega outro policial. Para. Encara a gente. Continua encarando. Liga o rádio:
-Volta pessoal. Não eram manifestante invadindo o parque não. É o pessoal do teatro.
Todo mundo infarta de rir. Uns morrem de verdade. Continuamos no jogo de "escapar da polícia" e saímos de fininho, suspeitos. Muito jogo e interação até chegar no mercado. Os facilitadores aprenderam a valiosa lição de que Siga o Mestre nem sempre é uma boa brincadeira se você tem 20 palhaços completamente diferentes no meio da rua. Foco não é bem um dom inato.
O mercado foi um brain storm de vida real. Ao mesmo tempo em que eu tava doido pra atuar eu tava doido pra ver a atuação dos outros. Mil palhaços diferentes. Eu ansioso pra jogar com a maioria deles. Mas acaba que o Mercado tem seus próprios palhaços e aquilo é tão enorme e gigante. Sim. Enorme e gigante. O Mercado é um universo. Sério. Realidade dilatada. Não dá pra dizer que a gente ficou só uma hora e meia lá dentro. Até porquê eu sai de lá completamente banhado de suor. Exausto. Dolorido. Mas super excitado. A rua é muito fantástica. Uma vibe muito diferente do hospital. E um ambiente muito mais duro de quebrar, algumas vezes. Mesmo o Mercado...
Não sei explicar. Não da pra narrar direito tudo o que aconteceu lá. Só sei que vivi jogos completamente diferentes dos que já tinha vivido e que eu vi, num público real, os truques que aprendi funcionarem. Fiquei triste por não ter mais palhaços que eu conhecia lá. E fiquei meio bolado com os facilitadores, que ainda tavam insistindo um pouco na vibe do Siga o Mestre quando tinham 20 palhaços com TDAH e Transtorno de Ansiedade Generalizada doidos pra conhecer o mundo infinito que era o mercado naquele intervalo de duas horas.
E ai, terminou. Abraço, beijo, massagem nas costas, "vamos combinar de sair" e a promessa de nos encontrarmos no Passeio Público dia 22 pra apresentarmos atos num palco improvisado. Vou sentir falta de muita coisa. Provavelmente não do Yoga locão. Mas foram cinco dias incríveis. E, se eu não tiver me tornado um palhaço melhor, posso dizer que ao menos me diverti pra caralho e vivi muita coisa. Vivi muita gente. Me vivi muito. Sei lá.
(Meus joelhos continuam inchados)
Mayko - Caju
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Sobre o meu primeiro curso de Clown - Dia 4
Foi o dia mais away, pra mim.
Trabalharam figurinos. Pediram pra levar os nossos. E o nariz.
Ando meio bolado com a Roupa do Caju. Pensei em levar a do Brás, que é o palhaço pra rua, mas não tava comigo. Acabei levando a do Caju. Mesmo insatisfeito.
Falaram sobre o figurino. Sobre valorizar as coisas do nosso próprio corpo e tal. Sobre a mensagem que a gente quer passar. Eu nem sei mais a mensagem que quero passar com a roupa do Caju. No início era pra ser uma coisa meio Infantil. Mas já não penso no Caju como criança. Ele tem no mínimo, algo muito perto de 20 anos. Às vezes a blusa do homem aranha e as meias coloridas fazem eu me sentir meio idiota. Enfim
Deram umas dicas de maquiagem. Eu tava muito perdido. Muito distante. Dificuldade de ficar alí, na hora. Vi a maquiagem da galera. Tive umas ideias legais pra tentar depois. Também fiquei pensando numa roupa diferente. Mas ainda to com o problema da mensagem.
Pra preencher o dia 4, vou escrever coisas que conversamos nos dias anteriores e esqueci de citar.
A Catharina mudou um pouco a minha visão de palhaço. Enquanto a gente discutia ela falou, em alguma lingua que não era português e, pelo visto, nem espanhol, que "o forte do palhaço é o medo". a galera ficou meio confusa com a lingua, e tentou traduzir a palavra que ela usou pra "medo" como "ridículo", "feio" ou essas coisas que eu já ouvia muito, quando falava de palhaço. Ela repetiu mil vezes até todo mundo entender. Não é ridículo. É medo! Parece absurdamente diferente. Mas nem é. O ridículo é só um dos medos. A magia de substituir Medo por Ridículo é que o medo é bem mais abrangente. Medo de gente. Medo de criança. Medo de escuro. Medo de faca. Medo de ficar sozinho. Medo de ficar parado... Medo é um sentimento muito forte. E de uma identificação imediata muito mais forte que o ridículo. Foi um mind blow na hora. Foi irado.
"público!"e "stop" também foram coisas que trabalharam muito com a gente. A potência do olhar e da parada. O efeito cômico disso. Intensidade e velocidade. Coisas que eu já tinha visto muito, com o Allan e com os jogos, mas que a gente acaba esquecendo. No curso a gente viu muito o efeito prático disso. Como só essas duas direções podem transformar lixo em ouro.
A Catharina também falou dos cinco P's do palhaço. Vou registrar aqui:
Poder- Porquê tudo o que você for fazer você tem que fazer com vontade. Com vigor.
Postura- Sobre se portar e lembrar que a imagem corporal transmite muito.
Projeção- Porquê você tem que encaminhas a mensagem pro público, sempre. Projetar a mensagem.
Precisão - Sobre os movimentos serem todos fechados. Nada pela metade. Corte uma nuvem com a precisão que um espadachim cortaria alguém ao meio.
Prazer- Porquê né...?
Trabalharam figurinos. Pediram pra levar os nossos. E o nariz.
Ando meio bolado com a Roupa do Caju. Pensei em levar a do Brás, que é o palhaço pra rua, mas não tava comigo. Acabei levando a do Caju. Mesmo insatisfeito.
Falaram sobre o figurino. Sobre valorizar as coisas do nosso próprio corpo e tal. Sobre a mensagem que a gente quer passar. Eu nem sei mais a mensagem que quero passar com a roupa do Caju. No início era pra ser uma coisa meio Infantil. Mas já não penso no Caju como criança. Ele tem no mínimo, algo muito perto de 20 anos. Às vezes a blusa do homem aranha e as meias coloridas fazem eu me sentir meio idiota. Enfim
Deram umas dicas de maquiagem. Eu tava muito perdido. Muito distante. Dificuldade de ficar alí, na hora. Vi a maquiagem da galera. Tive umas ideias legais pra tentar depois. Também fiquei pensando numa roupa diferente. Mas ainda to com o problema da mensagem.
Pra preencher o dia 4, vou escrever coisas que conversamos nos dias anteriores e esqueci de citar.
A Catharina mudou um pouco a minha visão de palhaço. Enquanto a gente discutia ela falou, em alguma lingua que não era português e, pelo visto, nem espanhol, que "o forte do palhaço é o medo". a galera ficou meio confusa com a lingua, e tentou traduzir a palavra que ela usou pra "medo" como "ridículo", "feio" ou essas coisas que eu já ouvia muito, quando falava de palhaço. Ela repetiu mil vezes até todo mundo entender. Não é ridículo. É medo! Parece absurdamente diferente. Mas nem é. O ridículo é só um dos medos. A magia de substituir Medo por Ridículo é que o medo é bem mais abrangente. Medo de gente. Medo de criança. Medo de escuro. Medo de faca. Medo de ficar sozinho. Medo de ficar parado... Medo é um sentimento muito forte. E de uma identificação imediata muito mais forte que o ridículo. Foi um mind blow na hora. Foi irado.
"público!"e "stop" também foram coisas que trabalharam muito com a gente. A potência do olhar e da parada. O efeito cômico disso. Intensidade e velocidade. Coisas que eu já tinha visto muito, com o Allan e com os jogos, mas que a gente acaba esquecendo. No curso a gente viu muito o efeito prático disso. Como só essas duas direções podem transformar lixo em ouro.
A Catharina também falou dos cinco P's do palhaço. Vou registrar aqui:
Poder- Porquê tudo o que você for fazer você tem que fazer com vontade. Com vigor.
Postura- Sobre se portar e lembrar que a imagem corporal transmite muito.
Projeção- Porquê você tem que encaminhas a mensagem pro público, sempre. Projetar a mensagem.
Precisão - Sobre os movimentos serem todos fechados. Nada pela metade. Corte uma nuvem com a precisão que um espadachim cortaria alguém ao meio.
Prazer- Porquê né...?
Mayko - Caju
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Sobre o meu primeiro curso de Clown - Dia 3
Outra retratação:
Preciso dizer que eu ia escrever sobre todos os meus dias em um post só. Claro, a possibilidade desse post ficar imensamente grande ou de eu ser extremamente superficial sobre a minha experiência é real. Mas, na minha cabeça fazia mais sentido não encher o blogguy com cinco posts sobre um curso que eu fiz e tal. Mas enfim. Acabou que um tirano gentil me coagiu, com todo o seu charme déspota, a fazer isso. E eis o terceiro dia.
A gente tinha que levar um objeto. Qualquer um. Levei as maracas. Acordei tarde pra caralho e não tive tempo pra pensar em algo melhor. Fui de maraca.
Tava cansado. Dolorido. Meio down com umas coisas da vida. E, com certeza, os Yoga locão da mulher lá, no chão de madeira dura do teatro, com a perna toda lascada não ajudou muito a melhorar meu humor de cara que acordou a força.
Eu só conseguia pensar que eu realmente deveria ter ficado dormindo. Que meu aproveitamento ia ser nulo.
Mentira. Eu também conseguia pensar que tava com muita fome. E que eu devia ter tomado café antes de ir. Ou tomado café e voltado a dormir. Enfim.
Cheguei lá. Fizemo os Yoga locão. Meus joelhos já estavam prestes a conhecer a Terra Prometida. Quando finalmente acabou fizemos roda. Achei que íamos fazer os jogos de atenção de novo. Já tava meio puto. Mas acho que os facilitadores perceberam o clima meio ruim, em todo mundo. Parece que galera tinha ido pros Pré-Carnaval e tava meio de ressaca. Em vez de fazer os exercícios eles colocaram música. E começaram a dançar.
Nietzsche sabia o que dizia quando falava bem da dança e da música. Eis algo que pode melhorar o humor de um homem. E o pessoal do teatro é muito foda. Meu deus. Eu tava totalmente fora do clima quando cheguei, mas as coisas funcionam tão espontaneamente que pouco depois eu tava lá no meio ensaiando uns passos de dança maroto que eu tinha visto um cara fazer, nos dia aí. Enfim, foi bom :')
O dia foi meio cheio. Falamos bastante sobre improviso e sobre o potencial de ação do clown. Teve bastante conversa e, em um momento, mandaram a gente pra rua com a missão de achar pessoas e coisas que provocassem riso. Eu tava meio wtf. Achei que a gente ia conversar sobre o que causava humor no final. E que isso não era uma boa forma de gastar uma hora de oficina. E eu ainda tava cansado com fome e sono demais pra sair 10am no centro de fortaleza sobre o carinhoso sol do Ceará. Mas fomos. Aliás, o Mercado Central é amor.
Voltamos e eu me surpreendi. "Vocês tem cinco minutos pra fazer uma associação das coisas que vocês viram. Eu quero que, um por vez, subam no palco e façam uma cena curta com o que vocês viram". (Coloque isso num portunhol [ou sei lá que língua se fala no Peru] pra ficar mais verídico)
Acho que a maior lição do dia foi sobre descontração e improviso, mesmo. E sobre como truques de palco simples podem transformar lixo em algo espetacular. Em geral, tínhamos coisas que, na rua, seriam muito engraçadas de encontrar mas que, no palco, sem a despretensiosidade do acaso, não funcionavam bem. Com a direção simples dos facilitadores, em especial a Catharina, essas coisas se tornaram sensacionais. Me peguei gargalhando de rir de algo que, segundos atrás me fazia pensar "ér... quase engraçado...".
Voltei pra casa morto. Meus músculos doiam. Eu tava morrendo de fome. E era um péssimo dia pra andar a pé. Mas foi bom. Fiquei feliz por ter ido. Ri bastante e acho que foi o dia em que mais aprendi, na prática.
Meu joelho vai passar o fim de semana inchado :)
Preciso dizer que eu ia escrever sobre todos os meus dias em um post só. Claro, a possibilidade desse post ficar imensamente grande ou de eu ser extremamente superficial sobre a minha experiência é real. Mas, na minha cabeça fazia mais sentido não encher o blogguy com cinco posts sobre um curso que eu fiz e tal. Mas enfim. Acabou que um tirano gentil me coagiu, com todo o seu charme déspota, a fazer isso. E eis o terceiro dia.
A gente tinha que levar um objeto. Qualquer um. Levei as maracas. Acordei tarde pra caralho e não tive tempo pra pensar em algo melhor. Fui de maraca.
Tava cansado. Dolorido. Meio down com umas coisas da vida. E, com certeza, os Yoga locão da mulher lá, no chão de madeira dura do teatro, com a perna toda lascada não ajudou muito a melhorar meu humor de cara que acordou a força.
Eu só conseguia pensar que eu realmente deveria ter ficado dormindo. Que meu aproveitamento ia ser nulo.
Mentira. Eu também conseguia pensar que tava com muita fome. E que eu devia ter tomado café antes de ir. Ou tomado café e voltado a dormir. Enfim.
Cheguei lá. Fizemo os Yoga locão. Meus joelhos já estavam prestes a conhecer a Terra Prometida. Quando finalmente acabou fizemos roda. Achei que íamos fazer os jogos de atenção de novo. Já tava meio puto. Mas acho que os facilitadores perceberam o clima meio ruim, em todo mundo. Parece que galera tinha ido pros Pré-Carnaval e tava meio de ressaca. Em vez de fazer os exercícios eles colocaram música. E começaram a dançar.
Nietzsche sabia o que dizia quando falava bem da dança e da música. Eis algo que pode melhorar o humor de um homem. E o pessoal do teatro é muito foda. Meu deus. Eu tava totalmente fora do clima quando cheguei, mas as coisas funcionam tão espontaneamente que pouco depois eu tava lá no meio ensaiando uns passos de dança maroto que eu tinha visto um cara fazer, nos dia aí. Enfim, foi bom :')
O dia foi meio cheio. Falamos bastante sobre improviso e sobre o potencial de ação do clown. Teve bastante conversa e, em um momento, mandaram a gente pra rua com a missão de achar pessoas e coisas que provocassem riso. Eu tava meio wtf. Achei que a gente ia conversar sobre o que causava humor no final. E que isso não era uma boa forma de gastar uma hora de oficina. E eu ainda tava cansado com fome e sono demais pra sair 10am no centro de fortaleza sobre o carinhoso sol do Ceará. Mas fomos. Aliás, o Mercado Central é amor.
Voltamos e eu me surpreendi. "Vocês tem cinco minutos pra fazer uma associação das coisas que vocês viram. Eu quero que, um por vez, subam no palco e façam uma cena curta com o que vocês viram". (Coloque isso num portunhol [ou sei lá que língua se fala no Peru] pra ficar mais verídico)
Acho que a maior lição do dia foi sobre descontração e improviso, mesmo. E sobre como truques de palco simples podem transformar lixo em algo espetacular. Em geral, tínhamos coisas que, na rua, seriam muito engraçadas de encontrar mas que, no palco, sem a despretensiosidade do acaso, não funcionavam bem. Com a direção simples dos facilitadores, em especial a Catharina, essas coisas se tornaram sensacionais. Me peguei gargalhando de rir de algo que, segundos atrás me fazia pensar "ér... quase engraçado...".
Voltei pra casa morto. Meus músculos doiam. Eu tava morrendo de fome. E era um péssimo dia pra andar a pé. Mas foi bom. Fiquei feliz por ter ido. Ri bastante e acho que foi o dia em que mais aprendi, na prática.
Meu joelho vai passar o fim de semana inchado :)
Mayko - Caju
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
Sobre meu primeiro curso de Clown - Dia 2
Preciso começar com uma retificação:
Não é exatamente o meu primeiro curso de clown. Quando entrei no Y teve a capacitação com o Allan e tal. Mas é que parece o meu primeiro curso de clown. Com o Allan era confortável e tal... Era pro Y... Eu já conhecia todo mundo... Eu já tinha ideia de onde eu tava me metendo... Sei lá. Parece diferente na minha cabeça. Aqui dentro faz sentido.
(Allan, tua capacitação é perfeita, ta :D )
Segundo dia. Eu tava mais ansioso. Mas mais solto.
Chegamos e a mulher do Peruano botou a gente pra fazer uns Yoga locão e uns aquecimentos bem...punks. Foi massa ver todo mundo fazendo tudo direitinho e eu sem conseguir nem colocar a mão na canela :')
Me senti um velho de 80 anos. Mas deu certo. Por sorte tinha um conhecido mais gordinho que tava com dificuldade também e a gente se apoiou (não literalmente. Porquê não podia.)
´
É difícil falar sobre tudo o que aconteceu. Dessa vez as dinâmicas eram mais individuais. Tive que nascer e morrer em cena, sozinho, lá na frente, no meio de toda aquela galera super foda. Mas deu certo. Até fiz a galera rir (que não era o principal, mas foi bom). Inclusive, ganhei uma ferida sucesso no joelho, na empolgação desse nascimento e morte. Mas foi massa.
Também tivemos que criar cenas com objetos. A gente não sabia que objeto seria até virar de costas e dar de cara com ele. O objeto tinha que ter uma outra função, diferente da dele. Apesar de achar que eu tinha prática com isso, no hospital, foi difícil lá na frente. De novo os facilitadores deram show de direção. No fim, mesmo com muita experiência, improvisar pode deixar qualquer um meio perdido. Mas eu ainda sentia um abismo entre mim e meus colegas. O que não era ruim. Ver eles em cena era um aprendizado enorme. Toda vez.
A experiência de palco, de ter todo mundo olhando e esperando algo de mim me empolgou muito. Muito. Muito mesmo. Sei que a vibe é parecida, no hospital, mas o teatro tem uma coisa... não sei explicar. Estar no palco é bom. É um frio na barriga diferente do da visita. Eu me senti muito, muito bem. E empolgado.
Teve mais coisa, também. Treinamos atenção e comunicação de novo. O Tcholo (sim, o nome do facilitador é Tcholo. Ou pelo menos é assim que se fala) fala muito sobre o estado de alerta que a gente tem que manter. Ele preza bastante isso. Ele e o outro orientador fizeram umas demonstrações no palco que fizeram eu pensar que queria ser como eles, quando crescesse. Algo no teatro me encanta muito. Mas, voltando, fizemos uns jogos com cabos de vassoura e testamos confiança no outro e agilidade também. Mental a física.
A parte mais sensacional, até então, era perceber na prática como tudo o que eles diziam era extremamente cômico. O curso é muito prático. Além disso, conviver com uma turma super experiente, que já tem prática na rua, deixa tudo mais interessante. Eu aprendo tanto fazendo como vendo eles fazerem. É um ambiente que fervilha de ideias sensacionais todo o tempo. E você se diverte, ao mesmo tempo. É estranho explicar. Mas já vivenciei isso uma vez e tava vivendo de novo. Os laços quando você ta nessas coisas de teatro e oficina são muito bugados. Você conhece a pessoa a um dia e ela te abraça como se vocês fossem melhores amigos. Enfim, perdi o foco.
Tive a oportunidade de ver a ação dos facilitadores como diretores, também. Fiquei "puta que pariu, que foda!". Eles conheciam a gente à dois dias e já conseguiram ver pontos fortes e fracos de cada um e trabalhar com isso. Fizeram alguns jogos individuais pra trabalhar isso. Me senti vulnerável...de um jeito bom! É engraçado perceber como às vezes, fazer o outro rir é uma defesa. Ficar sério é difícil... especialmente quando te fazem sentar em cima de um balão, esperando ele estourar (e o balão é incrivelmente elástico!). Mas também é foda ver que eles estão certos e como a "cara de mierda", como diz a Catherina, produz efeitos cômicos.
Nem tudo é engraçado. Mas tudo é potencialmente engraçado.
Voltei pra casa morto de cansado de novo. Mas mais empolgado. Senti que aprendi mais. Tava doido pra visitar e colocar as coisas em prática. E ganhei umas marcas na perna e uma ferida no joelho sucesso :)
Não é exatamente o meu primeiro curso de clown. Quando entrei no Y teve a capacitação com o Allan e tal. Mas é que parece o meu primeiro curso de clown. Com o Allan era confortável e tal... Era pro Y... Eu já conhecia todo mundo... Eu já tinha ideia de onde eu tava me metendo... Sei lá. Parece diferente na minha cabeça. Aqui dentro faz sentido.
(Allan, tua capacitação é perfeita, ta :D )
Segundo dia. Eu tava mais ansioso. Mas mais solto.
Chegamos e a mulher do Peruano botou a gente pra fazer uns Yoga locão e uns aquecimentos bem...punks. Foi massa ver todo mundo fazendo tudo direitinho e eu sem conseguir nem colocar a mão na canela :')
Me senti um velho de 80 anos. Mas deu certo. Por sorte tinha um conhecido mais gordinho que tava com dificuldade também e a gente se apoiou (não literalmente. Porquê não podia.)
´
É difícil falar sobre tudo o que aconteceu. Dessa vez as dinâmicas eram mais individuais. Tive que nascer e morrer em cena, sozinho, lá na frente, no meio de toda aquela galera super foda. Mas deu certo. Até fiz a galera rir (que não era o principal, mas foi bom). Inclusive, ganhei uma ferida sucesso no joelho, na empolgação desse nascimento e morte. Mas foi massa.
Também tivemos que criar cenas com objetos. A gente não sabia que objeto seria até virar de costas e dar de cara com ele. O objeto tinha que ter uma outra função, diferente da dele. Apesar de achar que eu tinha prática com isso, no hospital, foi difícil lá na frente. De novo os facilitadores deram show de direção. No fim, mesmo com muita experiência, improvisar pode deixar qualquer um meio perdido. Mas eu ainda sentia um abismo entre mim e meus colegas. O que não era ruim. Ver eles em cena era um aprendizado enorme. Toda vez.
A experiência de palco, de ter todo mundo olhando e esperando algo de mim me empolgou muito. Muito. Muito mesmo. Sei que a vibe é parecida, no hospital, mas o teatro tem uma coisa... não sei explicar. Estar no palco é bom. É um frio na barriga diferente do da visita. Eu me senti muito, muito bem. E empolgado.
Teve mais coisa, também. Treinamos atenção e comunicação de novo. O Tcholo (sim, o nome do facilitador é Tcholo. Ou pelo menos é assim que se fala) fala muito sobre o estado de alerta que a gente tem que manter. Ele preza bastante isso. Ele e o outro orientador fizeram umas demonstrações no palco que fizeram eu pensar que queria ser como eles, quando crescesse. Algo no teatro me encanta muito. Mas, voltando, fizemos uns jogos com cabos de vassoura e testamos confiança no outro e agilidade também. Mental a física.
A parte mais sensacional, até então, era perceber na prática como tudo o que eles diziam era extremamente cômico. O curso é muito prático. Além disso, conviver com uma turma super experiente, que já tem prática na rua, deixa tudo mais interessante. Eu aprendo tanto fazendo como vendo eles fazerem. É um ambiente que fervilha de ideias sensacionais todo o tempo. E você se diverte, ao mesmo tempo. É estranho explicar. Mas já vivenciei isso uma vez e tava vivendo de novo. Os laços quando você ta nessas coisas de teatro e oficina são muito bugados. Você conhece a pessoa a um dia e ela te abraça como se vocês fossem melhores amigos. Enfim, perdi o foco.
Tive a oportunidade de ver a ação dos facilitadores como diretores, também. Fiquei "puta que pariu, que foda!". Eles conheciam a gente à dois dias e já conseguiram ver pontos fortes e fracos de cada um e trabalhar com isso. Fizeram alguns jogos individuais pra trabalhar isso. Me senti vulnerável...de um jeito bom! É engraçado perceber como às vezes, fazer o outro rir é uma defesa. Ficar sério é difícil... especialmente quando te fazem sentar em cima de um balão, esperando ele estourar (e o balão é incrivelmente elástico!). Mas também é foda ver que eles estão certos e como a "cara de mierda", como diz a Catherina, produz efeitos cômicos.
Nem tudo é engraçado. Mas tudo é potencialmente engraçado.
Voltei pra casa morto de cansado de novo. Mas mais empolgado. Senti que aprendi mais. Tava doido pra visitar e colocar as coisas em prática. E ganhei umas marcas na perna e uma ferida no joelho sucesso :)
Mayko - Caju
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Sobre o meu primeiro curso de Clown - Dia 1
Tatuagens, piercings, alargadores, calças de pano, dreads e cabelos coloridos.
Não que eu não seja habituado a tudo isso. Mas confesso que a primeira impressão que eu tive, quando cheguei no teatro e vi as pessoas que fariam o curso junto comigo, me senti um estudante de matemática almoçando no RU do Benfica.
Um dos meus colegas tinha, na mochila, GARRAFAS DE MALABARES! Garrafas de malabares e era oito horas da manhã!!! Quem tem garrafas de malabares na mochila às 8 horas da manhã????
Eu ri. Riso de nervosismo. Eu tava ansioso pra caramba um dia antes. Eu tava ansioso pra caramba no caminho. Mas quando cheguei lá e vi a galera eu ri. Riso de pânico. Mas eu tava bastante excitado também. Pernas inquietas.
8am:Teatro fechado.
8:30am. Teatro fechado.
9am: Teatro fechado.
Por deus quem diabos carregou essa chave? Tava doido pra começar logo. Doido pra conhecer melhor todo mundo. Mas, na espera, vi um rosto conhecido. Um amigo da ONG Risonhos que também ia fazer o curso. Fiquei feliz.
9:15 mais ou menos o ladrão de chave chegou. Finalmente. Abriu. Entramos.
"Provavelmente a gente vai ter que subir no palco e apresentar alguma coisa" ele disse.
Riso de pânico de novo.
Todo mundo sobe no palco (alívio). Rodinha. Todo mundo se apresenta.
"Eu sou maria e sou atriz..."
"Eu sou joão, faço parte da compania tal a tantos anos..."
"Eu sou pedro, faço Teatro..."
"Eu sou Lúcia e sou dançarina e cantora e..."
"Ér... eu sou Mayko... e eu gosto de teatro...e..."
Riso de pânico.
Mas ficou bem mais fácil do que eu pensei. Treinamos comunicação, projeção de voz, jogos em dupla e timing. Principalmente timing. O tempo era meio corrido pra tudo, principalmente por termos perdido tanto tempo se apresentando, mas a galera era muito boa. Muito boa. E eu me senti confortável bem rápido. Música tocando tempo todo. Enquanto um jogo rolava, todo mundo dançava na roda, assistindo.
Era confortável. Eu até esqueci que tava cabulando um compromisso mega sério para poder estar alí. Eu até esqueci que tava mal pra caralho no dia anterior. Foi bom.
Voltei pra casa morto de cansado. Mil ideias na cabeça. Mil vontades de fazer as coisas com o Y. Mil vontades de falar pra todo mundo como era engraçado seguir as instruções difíceis de entender do Peruano com nome engraçado. Mil vontades de contar pra todo mundo as coisas que eu já tinha aprendido e...
Dormi a tarde toda.
Não que eu não seja habituado a tudo isso. Mas confesso que a primeira impressão que eu tive, quando cheguei no teatro e vi as pessoas que fariam o curso junto comigo, me senti um estudante de matemática almoçando no RU do Benfica.
Um dos meus colegas tinha, na mochila, GARRAFAS DE MALABARES! Garrafas de malabares e era oito horas da manhã!!! Quem tem garrafas de malabares na mochila às 8 horas da manhã????
Eu ri. Riso de nervosismo. Eu tava ansioso pra caramba um dia antes. Eu tava ansioso pra caramba no caminho. Mas quando cheguei lá e vi a galera eu ri. Riso de pânico. Mas eu tava bastante excitado também. Pernas inquietas.
8am:Teatro fechado.
8:30am. Teatro fechado.
9am: Teatro fechado.
Por deus quem diabos carregou essa chave? Tava doido pra começar logo. Doido pra conhecer melhor todo mundo. Mas, na espera, vi um rosto conhecido. Um amigo da ONG Risonhos que também ia fazer o curso. Fiquei feliz.
9:15 mais ou menos o ladrão de chave chegou. Finalmente. Abriu. Entramos.
"Provavelmente a gente vai ter que subir no palco e apresentar alguma coisa" ele disse.
Riso de pânico de novo.
Todo mundo sobe no palco (alívio). Rodinha. Todo mundo se apresenta.
"Eu sou maria e sou atriz..."
"Eu sou joão, faço parte da compania tal a tantos anos..."
"Eu sou pedro, faço Teatro..."
"Eu sou Lúcia e sou dançarina e cantora e..."
"Ér... eu sou Mayko... e eu gosto de teatro...e..."
Riso de pânico.
Mas ficou bem mais fácil do que eu pensei. Treinamos comunicação, projeção de voz, jogos em dupla e timing. Principalmente timing. O tempo era meio corrido pra tudo, principalmente por termos perdido tanto tempo se apresentando, mas a galera era muito boa. Muito boa. E eu me senti confortável bem rápido. Música tocando tempo todo. Enquanto um jogo rolava, todo mundo dançava na roda, assistindo.
Era confortável. Eu até esqueci que tava cabulando um compromisso mega sério para poder estar alí. Eu até esqueci que tava mal pra caralho no dia anterior. Foi bom.
Voltei pra casa morto de cansado. Mil ideias na cabeça. Mil vontades de fazer as coisas com o Y. Mil vontades de falar pra todo mundo como era engraçado seguir as instruções difíceis de entender do Peruano com nome engraçado. Mil vontades de contar pra todo mundo as coisas que eu já tinha aprendido e...
Dormi a tarde toda.
Mayko - Caju
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