quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Sobre meu primeiro curso de Clown - Dia 2

Preciso começar com uma retificação:
Não é exatamente o meu primeiro curso de clown. Quando entrei no Y teve a capacitação com o Allan e tal. Mas é que parece o meu primeiro curso de clown. Com o Allan era confortável e tal... Era pro Y... Eu já conhecia todo mundo... Eu já tinha ideia de onde eu tava me metendo... Sei lá. Parece diferente na minha cabeça. Aqui dentro faz sentido.
(Allan, tua capacitação é perfeita, ta :D )

Segundo dia. Eu tava mais ansioso. Mas mais solto.
Chegamos e a mulher do Peruano botou a gente pra fazer uns Yoga locão e uns aquecimentos bem...punks. Foi massa ver todo mundo fazendo tudo direitinho e eu sem conseguir nem colocar a mão na canela :')
Me senti um velho de 80 anos. Mas deu certo. Por sorte tinha um conhecido mais gordinho que tava com dificuldade também e a gente se apoiou (não literalmente. Porquê não podia.)
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É difícil falar sobre tudo o que aconteceu. Dessa vez as dinâmicas eram mais individuais. Tive que nascer e morrer em cena, sozinho, lá na frente, no meio de toda aquela galera super foda. Mas deu certo. Até fiz a galera rir (que não era o principal, mas foi bom). Inclusive, ganhei uma ferida sucesso no joelho, na empolgação desse nascimento e morte. Mas foi massa.

Também tivemos que criar cenas com objetos. A gente não sabia que objeto seria até virar de costas e dar de cara com ele. O objeto tinha que ter uma outra função, diferente da dele. Apesar de achar que eu tinha prática com isso, no hospital, foi difícil lá na frente. De novo os facilitadores deram show de direção. No fim, mesmo com muita experiência, improvisar pode deixar qualquer um meio perdido. Mas eu ainda sentia um abismo entre mim e meus colegas. O que não era ruim. Ver eles em cena era um aprendizado enorme. Toda vez.

 A experiência de palco, de ter todo mundo olhando e esperando algo de mim me empolgou muito. Muito. Muito mesmo. Sei que a vibe é parecida, no hospital, mas o teatro tem uma coisa... não sei explicar. Estar no palco é bom. É um frio na barriga diferente do da visita. Eu me senti muito, muito bem. E empolgado.

Teve mais coisa, também. Treinamos atenção e comunicação de novo. O Tcholo (sim, o nome do facilitador é Tcholo. Ou pelo menos é assim que se fala) fala muito sobre o estado de alerta que a gente tem que manter. Ele preza bastante isso. Ele e o outro orientador fizeram umas demonstrações no palco que fizeram eu pensar que queria ser como eles, quando crescesse. Algo no teatro me encanta muito. Mas, voltando, fizemos uns jogos com cabos de vassoura e testamos confiança no outro e agilidade também. Mental a física.

A parte mais sensacional, até então, era perceber na prática como tudo o que eles diziam era extremamente cômico. O curso é muito prático. Além disso, conviver com uma turma super experiente, que já tem prática na rua, deixa tudo mais interessante. Eu aprendo tanto fazendo como vendo eles fazerem. É um ambiente que fervilha de ideias sensacionais todo o tempo. E você se diverte, ao mesmo tempo. É estranho explicar. Mas já vivenciei isso uma vez e tava vivendo de novo. Os laços quando você ta nessas coisas de teatro e oficina são muito bugados. Você conhece a pessoa a um dia e ela te abraça como se vocês fossem melhores amigos. Enfim, perdi o foco.

Tive a oportunidade de ver a ação dos facilitadores como diretores, também. Fiquei "puta que pariu, que foda!". Eles conheciam a gente à dois dias e já conseguiram ver pontos fortes e fracos de cada um e trabalhar com isso. Fizeram alguns jogos individuais pra trabalhar isso. Me senti vulnerável...de um jeito bom! É engraçado perceber como às vezes, fazer o outro rir é uma defesa. Ficar sério é difícil... especialmente quando te fazem sentar em cima de um balão, esperando ele estourar (e o balão é incrivelmente elástico!). Mas também é foda ver que eles estão certos e como a "cara de mierda", como diz a Catherina, produz efeitos cômicos.

Nem tudo é engraçado. Mas tudo é potencialmente engraçado.

Voltei pra casa morto de cansado de novo. Mas mais empolgado. Senti que aprendi mais. Tava doido pra visitar e colocar as coisas em prática. E ganhei umas marcas na perna e uma ferida no joelho sucesso :)

Mayko - Caju

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