sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Sobre o meu primeiro curso de Clown - Dia 3

Outra retratação:
Preciso dizer que eu ia escrever sobre todos os meus dias em um post só. Claro, a possibilidade desse post ficar imensamente grande ou de eu ser extremamente superficial sobre a minha experiência é real. Mas, na minha cabeça fazia mais sentido não encher o blogguy com cinco posts sobre um curso que eu fiz e tal. Mas enfim. Acabou que um tirano gentil me coagiu, com todo o seu charme déspota, a fazer isso. E eis o terceiro dia.

A gente tinha que levar um objeto. Qualquer um. Levei as maracas. Acordei tarde pra caralho e não tive tempo pra pensar em algo melhor. Fui de maraca.

Tava cansado. Dolorido. Meio down com umas coisas da vida. E, com certeza, os Yoga locão da mulher lá, no chão de madeira dura do teatro, com a perna toda lascada não ajudou muito a melhorar meu humor de cara que acordou a força.

Eu só conseguia pensar que eu realmente deveria ter ficado dormindo. Que meu aproveitamento ia ser nulo.
Mentira. Eu também conseguia pensar que tava com muita fome. E que eu devia ter tomado café antes de ir. Ou tomado café e voltado a dormir. Enfim.

Cheguei lá. Fizemo os Yoga locão. Meus joelhos já estavam prestes a conhecer a Terra Prometida. Quando finalmente acabou fizemos roda. Achei que íamos fazer os jogos de atenção de novo. Já tava meio puto. Mas acho que os facilitadores perceberam o clima meio ruim, em todo mundo. Parece que galera tinha ido pros Pré-Carnaval e tava meio de ressaca. Em vez de fazer os exercícios eles colocaram música. E começaram a dançar.

Nietzsche sabia o que dizia quando falava bem da dança e da música. Eis algo que pode melhorar o humor de um homem. E o pessoal do teatro é muito foda. Meu deus. Eu tava totalmente fora do clima quando cheguei, mas as coisas funcionam tão espontaneamente que pouco depois eu tava lá no meio ensaiando uns passos de dança maroto que eu tinha visto um cara fazer, nos dia aí. Enfim, foi bom :')

O dia foi meio cheio. Falamos bastante sobre improviso e sobre o potencial de ação do clown. Teve bastante conversa e, em um momento, mandaram a gente pra rua com a missão de achar pessoas e coisas que provocassem riso. Eu tava meio wtf. Achei que a gente ia conversar sobre o que causava humor no final. E que isso não era uma boa forma de gastar uma hora de oficina. E eu ainda tava cansado com fome e sono demais pra sair 10am no centro de fortaleza sobre o carinhoso sol do Ceará. Mas fomos. Aliás, o Mercado Central é amor.

Voltamos e eu me surpreendi. "Vocês tem cinco minutos pra fazer uma associação das coisas que vocês viram. Eu quero que, um por vez, subam no palco e façam uma cena curta com o que vocês viram". (Coloque isso num portunhol [ou sei lá que língua se fala no Peru] pra ficar mais verídico)

Acho que a maior lição do dia foi sobre descontração e improviso, mesmo. E sobre como truques de palco simples podem transformar lixo em algo espetacular. Em geral, tínhamos coisas que, na rua, seriam muito engraçadas de encontrar mas que, no palco, sem a despretensiosidade do acaso, não funcionavam bem. Com a direção simples dos facilitadores, em especial a Catharina, essas coisas se tornaram sensacionais. Me peguei gargalhando de rir de algo que, segundos atrás me fazia pensar "ér... quase engraçado...".

Voltei pra casa morto. Meus músculos doiam. Eu tava morrendo de fome. E era um péssimo dia pra andar a pé. Mas foi bom. Fiquei feliz por ter ido. Ri bastante e acho que foi o dia em que mais aprendi, na prática.

Meu joelho vai passar o fim de semana inchado :)

Mayko - Caju

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