sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Deméter e a velha palhaça ou Sobre alegrias breves

Conta-se, entre muitas outras versões, que quando a deusa grega da fertilidade e dos cereais, Deméter, esteve triste e colérica por conta do rapto de sua filha Perséfone pelo infernal Hades, uma velinha de uma aldeia grega desconhecida foi prestar culto a deusa. 

No meio do culto deu para tombar, cair e ficar de bunda para o ar com a calcinha a mostra (se é que tinha calcinha). Deméter olhou aquilo do alto de sua infeliz potestade e - riu! Sua gargalhada gerou mil bouganvilles novos, alcaparras aos montes, pólens escapulindo da sua boca fecundando um sem fim de terra, em um solo fustigado pela seca, pela raiva de uma deusa-mãe sem sua filha. Num átimo voltou a se lembrar que a filha ainda estava longe de si, e neve verteu de seus olhos queimando o que havia florescido. 

Esse mito ilustra muitas coisas. Entre elas, o fato de nosso fazer de palhaço de hospital gerar uma alegria breve. Outra delas é sermos - nós, os agentes do riso - desconhecidos, moradores de uma aldeia qualquer, nada de heroísmo, nomes fulgurando na história universal. Outra ainda, é o de provocar flores, que são lindas, e que morrem. 

Lembrei disso nesse momento em que perdemos nossas perséfones (e um perséfono): Rafaela, Lara, Jucá e Renan. Eles vão seguir no casamento com suas profissões, seus infernos. Vão nos deixar aqui, no inverno de Deméter. Não sofremos como a deusa, porque não temos o menor poder de negociar a volta deles com qualquer superior que seja. Sofremos como a velha do tombo. O máximo que podemos fazer é continuar tombando a fim de continuar o ofício de provocar flores, como eles provocaram por alguns anos em nós. Somos desconhecidos, de fato, mas nossos amores, seus nomes, sabemos bem quais são, quem são cada um. 

As palavras-chaves que eu escreveria se esta postagem fosse um artigo científico para ser publicado seriam: Saudade, Brevidade, Flores. 

Voltem a nos visitar, por favor! Será, então, primavera. 

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Há um ano e um pouquinho

Começou tudo com um desconforto. Será que vou saber visitar com essa pessoa Tão diferente de mim?
Bom, só saberia se criasse coragem e fosse pra visita.
Com toda a ansiedade que cabia em mim, fui pra salinha. Algumas conversas jogadas fora me acalmaram e me fizeram pensar que talvez não fosse ser tão ruim assim. Quando nos arrumamos, estava com vergonha, mas ansiosa para saber como acabaria aquele dia.
Munidos de ukelele e bolhinhas de sabão, nos encaminhamos ao HU, e as coisas foram acontecendo. Um porteiro simpático tendo sua garrafa de café roubada. Um guardinha gente boa brincando conosco. Uma recepcionista beijando as nossas mãos. Pessoas sorrindo ao passarmos cantando e tocando as cordinhas do pequeno instrumento.
A música me acalmou e salvou meu juízo. A leveza começou nesse momento.
Ao chegarmos à enfermaria e sermos bem recepcionados no quarto, já recebi elogios. “Poxa, sou Doutora Sem Nome” “Deveria ser é Doutora Linda!”. Sorrisos acolhedores e abraços envolventes. A leveza continuou aumentando.
Da sequência dos eventos seguintes não me lembro bem, mas ficaram registrados.
Um palhaço segurando o ukelele, e uma criança que sempre quis saber tocar batendo nas cordas. Ambos tinham os olhos brilhando.
Duas crianças fazendo competição de quem fazia a maior bolhinha de sabão, e o quarto inteiro prestando atenção e sugerindo dicas para os competidores por quem torcia.
Uma criança dançando e sorrindo em meio a uma brisa de bolhas de sabão com uma música desafinada tocando do chão, e uma mãe vendo tudo e sorrindo mais ainda.
Médicos, enfermeiras e funcionários da limpeza sorrindo e felizes por estamos lá, nos dando água e nos passando suco de manga.
Uma menina no isolamento e um menino Forte rindo de dois palhaços e uma criança (que, de tão alegre, mais se assemelhava aos ébrios felizes) dançando e rebolando o bumbum, enquanto cantavam que “os seus problemas você deve esquecer!”.
Momentos que pareciam estender o tempo em mil, nos permitindo vivê-los o máximo que podíamos.
Ao fim de uma visita que fora tão longa, mas, ao mesmo tempo, tão curta, meu coração estava mais do que leve. Sentia cada célula do meu corpo sorrindo e aí percebi.
Percebi nossa função naquele ambiente. Percebi que, por mais que nós tenhamos ajudado as pessoas do hospital, nós Nos ajudamos ainda mais.



Há pouco mais de um ano, escrevi esse relato da visita que até hoje conto sobre quando quero falar sobre a sensibilidade que o Y me trouxe. Talvez eu devesse ter postado na época, quando as lembranças ainda estavam frescas, e Elephant Gun ainda tocava na minha cabeça, mas a timidez me impediu. Enfim. Tá aí agora.


Preta.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Esquecer os sapatos...

É quase como transformar os seus pés em patas gigantes, listradas em preto e branco e com unhas enormes;
É quase como se transformar no ortopedista do hospital e ter a certeza de que todo mundo quer fazer uma cirurgia pra ficar com os pés iguais aos seus;
É quase como se tornar um bailarino profissional sem nunca ter colocado uma sapatilha de balé na vida;
É quase como começar a perceber que célebre frase "dá a patinha" pode fazer sentido real oficial;
É quase como perceber que você é uma das poucas pessoas que tem passe livre pra andar descalço no hospital (liberdade para as patinhas!);
É quase como notar que suas unhas dos pés são tão grandes quanto as unhas das mãos de outras pessoas;
É quase como perceber, depois de algum tempo, que você também esqueceu seus óculos (que agoniante!!!) e bater um desespero de turvar a visão de verdade;
É quase como se abismar ao ver que tem pessoas que sequer reparam nos seus maravilhosos pés de monstro;
É quase como olhar pro lado e ver uma Aurora brilhante e uma Preguiça ambulante prontas pra errar tudo o que pode ser errado;
É quase como perder o horário pra sua aula da tarde e não se importar nem um pouco;
É quase como ter certeza que não vai aguentar esperar uma semana pra voltar a perder os sapatos.

Ainda não entendeu? Deixe-me explicar melhor...

É quase como comer um pote de nutella com um saco de batata ruffles cebola e salsa, deitado no sofá da sala, enquanto um incenso de camomila queima na mesinha de centro, um cobertor felpudo - carinhosamente apelidado de peludo - lhe cobre dos pés aos ombros e a chuva de fim de tarde cai do céu nublado e bate na janela num ritmo sereno (tudo isso enquanto você está vendo umas nóias nitzscheanas no computador).
É quase isso.
Ou talvez um pouco mais.


Dr. Aparecido

terça-feira, 23 de agosto de 2016

No quarto andar










As vigas eram as mesmas, o elevador que levava às alturas também. A sensação vinha como um deja vu fantasiado de nervosismo e ansiedade. E lá estava eu com meus balões.
O tempo se esvaia como bolas de mercúrio esmagadas aos poucos pelas mãos, mas eu não poderia deixar de afagar mais um coração e, como efeito lateral, o meu também sairia mais quentinho.
Meus olhos fitaram aquele ser indo em direção à vista do quarto andar. Sua energia era densa, daquelas difíceis de penetrar, mas eu não ia desistir tão facilmente.
Me guiei em seu olhar e fiz dele meu aliado. Ao mirar o céu espantosamente, chamei-a para desfrutar dessa dádiva, e lá estavam seus olhos fitando comigo o teto azul. Resolvi ir mais longe e apontei para as montanhas envergonhadas do lado direito e, seus olhos, meus companheiros, levavam o pescoço para apreciar aquelas manchas verdes.

Contudo, meus colegas estavam abalados, tristes talvez com a distância deles com o mundo fora do quarto andar. Foi aí que eu consegui não só andar, mas correr...
Não iria só. Convidei-a para chutar a bola gigante que se encontrava em cima de um prédio, escorregar em uma ponte vista lá de longe e brincar com os bichinhos de nuvens presentes no céu.
A energia foi ficando criança. Seus olhos tímidos já emitiam esperança e senti que eu já poderia partir.

Deixei ela lá com um balão, a imaginação e a certeza de que o quarto andar sempre será um convite para amar e voar!

Crystalina.






segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Carta ao meu nervosismo.

22 de agosto de 2016

Dra. Florida
Coração Palpiteiro
Rua Medo, Sem Número


Prezado Nervosismo,

Eu queria te dizer o quão ingênuo foi esses medos que você provocou, mas queria te mostrar o quão grande eles me fizeram sentir depois.  Eu queria te dizer o quão singular foi deixar cada gota de suor  fazendo aquela maquiagem e ansiando saber o que me esperava. Mal imaginava eu que a primeira porta aberta seria enfeitada com cantoria de palhaços. Cantamos parabéns para alguém, mas parecia mais uma felicitação a cada um que ali venceu seu medo e seu nervosismo, que juntou seus cacos e se fez inteiro para viver o nosso vysitao. 
Foi uma tarde intensa, prezado nervosismo. Três horas passaram, você se foi e eu nem vi. Ou vi? Ah! Eu vi e deixei você escoar no sorriso singelo do Gabriel, que desenhou o nariz amarelo da Dra Farrofas e pintou minha tatuagem com lápis cor roxa. Eu vi e deixei você ir embora junto com o medo do Lucas, que não conseguia respirar sem a máscara de oxigênio. Te deixei embora para conseguir segurar o Lucas no ombro e ajuda-lo a descer na cama. Eu te deixei ir embora porque naquela tarde o que me ocupou foi o conforto. Estranho, né? Como sentir conforto diante daquela criança que chorava quando eu aparecia no vidro da enfermaria? Conforto porque no final da tarde aquela mesma criança que chorava agora brincava com bolhas de sabão as quais eu não conseguia soprar,  mas o Dr. Noia conseguia fazer aquelas bolhas parecerem maiores que o mundo. Brincava eu de estourar bolhas com nariz de coração. Foi ali mesmo que residiu meu coração a tarde toda, a tarde toda no nariz vermelho.
Prezado nervorsismo, eu queria te dizer que naquela tarde eu me escrevi e me bordei de todos os meus sentidos. Eu me vi e revivi na memória cada olhinho espantado de criança ou sorriso pequeno nos lábios dos adultos. Eu te deixei de lado para me alimentar de brotos de fantasias que nascia nos olhos daqueles pequenos. Desde o garoto que tomou café quente e acreditou que barriga ia ferver à menininha que se assustou com a buzina do nariz vermelho. Eu te deixei de lado para entrar no mundo de fantasia meu, onde eu acredito que eu posso ser tudo que eu quiser, puder e imaginar. Eu te deixei chegar talvez desde o dia da primeira fase da seleção para poder te deixar e ir embora no momento onde algo melhor pudesse ocupar o seu lugar. Hoje eu sou ocupada, minha ocupação é levar minha fantasia para onde precisam dela. 



Atenciosamente,


Dra. Florida. 

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Diz-secação

Ela chegou na frente de todos
Não impediu o olhar de ninguém
Desabotoou o primeiro botão,
o segundo,
o terceiro,
o quarto.
Expôs uma semi-lua do seio esquerdo.

Só depois fui perceber a faca que trazia

Gentilmente, toma da lâmina
Rebate o sol em meu rosto
Fico cego por três segundos

Quando retorna a visão
A faca já havia cortado a pele
Exposto a gordura
A fáscia
O músculo

Delicada,
Desarticula a segunda costela
A terceira
A quarta
A quinta
A sexta

Leva a mão ao íntimo
(Ainda com a faca nela)
Já não mais a aorta
Ou a pulmonar
Ou qualquer grande vaso
Impede o coração de sair

Pulsando na mão dela
Vai mostrando a cada um
O quanto o sangue é azul

Saí dela dali sangrando
Mas, ela mal me tocou.
Alguém disse que estávamos ali para ela
Mas, por Deus!, esse sangue em mim
É que ela está aqui
E não larga mais.


(Allan Denizard)

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Terceyro dya: Uma iguana apareceu pra gente



Hoje sentamos para conversar e vimos uma iguana. Bem, sentamos para conversar. É que senti que quando as angústias estão muitas, precisamos falar. Eles já haviam falado muito. A maior parte era inquietação. Esse é o momento em que falo mais, iluminando o que vivemos com perspectivas esclarecedoras.

Evoquei então a história do palhaço e a provável e profunda conexão do clown de hoje com a commedia del'arte e suas variantes. O papel da máscara no jogo, o jogo, a trapaça. O outro nome do palhaço em algumas culturas é o trapaceiro (trickster). 

Esclarecemos um pouco sobre a improvisação a partir do que sabemos sobre as máscaras. Estas dão ao ator um mundo de possibilidades de ação, mas que são limitados pela história da máscara. A grande pergunta é: qual a história da máscara do palhaço?

Resposta: a sua. 

Quais os movimentos possíveis?

- Os seus

Mas, principalmente, os que você esconde.

Ouvi certa vez uma história da genética que nossa identidade (o que permite dizer quem são nossos pais) era muito mais ditada pela parte dos cromossomos silenciada (íntrons) do que pela parte manifesta (éxons). Essa parte silenciada seria a que nos poderia tornar multiformes, e não essa coisinha parecida com alguma coisa que somos. Seríamos tudo: Mística. Pois bem, o palhaço precisa que desembrulhemos essa totipotência. 

O que guardamos com o tempo no baú? O que não foi aceito pelos outros. Pois isso era a principal fonte de riso contra nós. Mas, quem vem buscar o palhaço busca o riso dos outros, ou busca elevar o riso que nunca saiu de cima de si à categoria de arte. Um professor da nossa faculdade de artes cênicas, que é pequeno e tem a coluna disforme, é doutor em artes cômicas. 

Deveria ser algo fácil trazer o que foi escondido à tona. Somos panela de pressão. Mas, os mecanismos que engendramos (eu e a sociedade) para recalcar isso são tão densos que precisamos de uma energia sobrehumana (artística) para chegar lá (no subsolo). É preciso de um espaço em que eu possa me experimentar. É preciso de um grupo que permita essa experiência.

Na cultura grega, essas forças tinham parentesco com os deuses do caos. Eram temidas, repudiadas, isoladas, mantidas no nadir do Tártaro, que é o oco da Terra. Porém, coisa interessante, entre os deuses do Olimpo, os majestosos mantenedores da organização cósmica, um filho de Zeus exercia o caos na Terra sob a anuência do pai. Na teologia cristã, esse rapaz, Dioniso, foi tido como uma das faces do mal, mas os gregos o colocavam como um dos deuses veneráveis do alto céu. Ele, o sombrio, e Apolo, o que navega no sol, irmãos. Por quê?

Ps.: Dioniso é o deus do teatro, além de ser o dos bêbados. 

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Segundo dya: Atravessar


A Ivne estava mais negra. Por quê? Ontem ela havia ido à praia, mas era o horário do sol bom. Por que mais negra? 

Porque era uma sereia, cujo sangue roxo a permitia uma cicatrização rápida, ainda que dividisse seu corpo para bronzear apenas os membros e não a barriga. Lambida pelos pseudópodos solares, ao mesmo tempo que pela língua prateada da lua, o sal do sangue de sereia serenou sua sorte sorrateira. Ninguém contou com o magnésia que luzindo em seu sangue a permitia atravessar a noite assistindo lua de cristal. Era o mesmo magnésio que preenchia seus ivnócitos a fim de torná-la sensível ao eclipse que aconteceu após o filme. Camaleoa, poderia ter se contentado com toda essa alquimia, mas teve de não só consumir a Azul que agora morava em sua mecha, como também decidiu vampirizar o João Cachinhos que estava ao seu lado. Em dois dias ele não estaria mais na terra de forma livre, mas incorporada nela. 

Depois de entender o que se passava na pele de Ivne, fomos em busca de curar a talvez reação alérgica dela a ypsilocitocinas, que também provocaram a mudança da cor do chifre que Gerson carregava nas fuças. A cura: a corda. 

O que realmente imperou hoje foi o enfrentamento de nossos negros. Ou melhor: o não enfrentamento. 

Não conseguíamos imitar genuinamente a pessoa sob pena de fazê-la mais feia em nossa imitação. Não conseguíamos pedir para que alguém se calasse sob pena de silenciá-la para nós. Não nos permitimos correr longos passos para além da travessia da corda porque receávamos estatelarmo-nos na parede. Em vez disso a corda bateu em nós - muito e várias vezes. 

Todavia, sentimos melhor o que havia aqui dentro. Fechamos os olhos, ouvimos o fustigar do látego na grama, a ardência do marimbondo na pele, o suor das mãos de mais de dois agarrados em nós. Senti como o coração dela bate com medo. Alguém carregou o outro nos olhos. Foi intenso, mas não pesado. 

Alguém começa a entender alguma coisa:

- Mas, se podemos colocar tudo no jogo, posso eu colocar minha vontade de mandar a criança se calar?
- E se eu tenho só medo e insegurança, o que colocar?
(Eu calado)
- Deveria colocar o medo e a insegurança para jogar?
(Eu sem fala)
- Mas, se eu colocar essas coisas para os outros pode ser que eles se sintam mal e eu não vou me sentir bem com isso. 
(Eu poderia ter ficado calado, mas falei)
- Tanto maior sua sombra fica quanto menos você sabe qual o tamanho dela. 

A Ivne estava mais negra hoje. Por quê?

terça-feira, 19 de julho de 2016

Prymeiro dya: Sim, vamos começar!



Fico pensando o que deve passar na cabeça desses meus amigos, quando chego para dar a oficina no primeiro dia. Vim envelhecendo, me tornando casado, cada vez mais pai, e uma aura de (caduquice?) experiência vem mudando meu semblante. Aí, chego e digo, vamos começar!

Todavia, aparentemente não começa. Fico perambulando pelos corpos deles e tentando enxergá-los. É a espiral, o piercing, o anel grosso, a sapatilha de rendilha, o inusitado de ser comum (mas bem maior do que eu e com cachinhos), o bandaid no queixo (e a fibrilação no peito), o nome que poderia ser comum mas que ostenta um "e" ao final, a veia que salta na testa ao ficar constrangida, a moldura dos óculos, o brilho do cuidado das madeixas, o nome que parece um verbo substantivado, o nome que parece de um príncipe de Etérea. 

De repente, um pretexto. Acorda. Digo, a corda. A corda é um acordo para que acordemos uns para os outros. Diga aí que eles não se tocaram muito disso. Como todos vocês, eles ficam presos no objetivo, que deve ser perseguido, claro! Pular até o cinco, descer até o zero. A vida tem que ser obedecida. Mas, deve haver fendas na vida, como as de nossos joelhos que ralamos nas brincadeiras de esconde-esconde ao ir em busca da mancha. Vê. A brincadeira ordena que se esconde, mas quer que se ache. O que acontece entre estes dois pólos? Nós. 

Então, continuamos, agora eles junto comigo, a perambular pelos corpos deles. Descobrimos que a mão dela sua demais, que os gastrocnêmios dele são grossos e invejáveis, que aquele pula desengonçado, e que aquela pula graciosa. Vamos descobrindo o gritinho de susto, o gritão de desespero, o grito de seguir a norma. Revela-se o chatear-se, o entediar-se, o comprometer-se, o enfurecer-se aqui e ali, dessa e daquela pessoa. 

De novo: o objetivo final é aquele mesmo. Temos que pular até o cinco e descer até o zero. Mas, qual o objetivo final das alegrias que não querem ter fim, que não imaginavam nem ter começo? Eu falo dos mil risos gostosos que nascem espontâneos do meio. Qual o objetivo final do erro, do acidente? Não tem objetivo final, pois não tem nem objetivo. Erro e acidentes acontecem. Como acontecem os risos? São explosões de peito. 

Estar presente é muito importante. Segurar a mão. Agarrá-la. Dizer sim ao jogo. Veja que poderiam ter desistido. Ao contrário do que temia um dos joãos, não estamos mais em uma fase da seleção. Se você desistir da ofycyna, não quiser participar, achar tudo vão, não é mais critério de exclusão. O que está acontecendo aqui, já não é mais um processo decisório de uma cúpula superior para dizer quem fica. Vocês já estão aqui - dentro. O que essa ofycyna faz é tentar nos fazer entender qual o lugar em que você pode se aninhar nesse peyto.  

terça-feira, 14 de junho de 2016

Seleção Projeto Y de riso, sorriso e saúde - RESULTADO FINAL

Boa noite! Para acabar com o nervosismo dos selecionados pra segunda fase, apresentamos o resultado final do nosso processo seletivo de 2016! Antes de trazermos os nomes dos nossos novos Yntegrantes, temos algumas palavrinhas pra vocês:


“ Toda seleção é um misto de sentimentos que, de tão opostos, nos deixam desregulados emocionalmente. Nos sentimos órfãos daqueles que um dia nos receberam, nos acolheram e nos mostraram os caminhos do projeto, mas que precisam nos deixar pelos mais variados e compreensíveis motivos. O sentimento de “aconchego” por ter mais espaço na salynha é totalmente incômodo, pois mesmo sendo um espaço reduzido, parece que quanto mais gente, mais agradável fica. O outro lado, da moeda de sentimentos, é a chegada. É o desejo de que esse vazio seja preenchido por pessoas tão encantadoras como as que me precederam. E nós sabíamos que vocês estavam espalhados por aí. “
               
Eu tenho medo de mares agitados. Eu tenho medo de mar calmo também. Tive medo de ler todos os currículos de vocês, pois não sabia que tipo de mar eu iria ter que enfrentar. Eu enfrentei todo aquele mar de currículos em busca de peixes que tivessem um encanto singular. Encontrei. Mas, a vida me colocou em uma corrente oposta, que me impediu de manifestar quais peixes eu gostaria de levar comigo. Segurei, em mim, a tristeza que me consumiu, pois daquele momento em diante, eu só poderia puxar as cordas e içar as velas, e deixar que meus comandantes e o resto da tripulação levassem a viajem adiante.
        Uma segunda escolha deveria ser feita, pois o barco pesou. Não poderíamos levar todos os peixes conosco. “Apenas alguns”, eles disseram. A pior parte desse trabalho é ter consciência de que temos vários tesouros nas mãos, e termos de ficar apenas com uma parte deles. Digo isso pois, quem não foi escolhido, para navegar conosco, saber que tem um valor imensurável e não se sentir descartado. Se meu barco fosse maior...
          Aos peixes escolhidos: BEM-VINDOS! Vocês agora fazem parte dessa tripulação colorida, que navega pelos mares frios dos corredores hospitalares, semeando o amor e a alegria, saqueando abraços e sorrisos, deixando um rastro de gratidão e saudade. Lógico, em todas essas batalhas, sempre saímos com algumas feridas e arranhões, mas saibam que estamos aqui para apoiá-los no que for preciso!
                No mais, que a força e a fuleragem estejam com vocês! 
                Continuem a nadar!


Matheus Sebbe (Dr. Marmota)


Diante de vários significados da palavra empatia posso dizer que é uma capacidade do ser sentir o que sentiria outro ser caso estivesse na mesma situação vivenciada por ele. É tanto ser, sentimentos que fica muito difícil traduzir em palavras...
Seria petulância da minha parte dizer que eu sabia bem o que cada um estava sentindo naquele momento, porém, não posso anular o que vivi e falar que sei como é difícil viver o que vocês viveram...
A empatia bateu forte quando via olhinhos brilhando de felicidade, mãos trêmulas de nervosismo e palavras saltitantes de ansiedade. Pude enxergar diante da chuva de sentimentos pessoas de bem, de bom coração. Fiquei me perguntando quem sou eu, ou quem somos nós para decidir quem entra e quem sai, se para ser do Y "é apenas ser"... Vocês foram e fizeram, se entregaram e nos permitiram conhecer um pouquinho mais de vocês. Saíram da zona de conforto, deram suas caras á tapa, trouxeram suas essência para voar conosco.
E no meio da confecção de tapetes mágicos, vi de vários tipos: felpudos, obstinados, tapetes com bordas, criativos, revestidos com cautela, ansiedade e companheirismo, em que nem a chuva de meteoros poderia atrapalhar. Vi malabares suados, pés em cordas bambas determinados, pessoas nas carcundas desconhecidas, até pernas para o ar eu vi e cabelos no chão a se espalhar. Pude ver a sede e a fome em querer desfrutar do que eu já desfruto e mais uma vez batia a bad do quanto seria difícil escolher e julgar pessoinhas para entrar naquela salynha. Ela é gigante em emoção, história, mas muito pequena em m², sabe, e só quando entrei pude perceber que não era uma desculpa esfarrapada...
Voando no meu tapete mágico, vi bonecos de Olinda se preparando para o carnaval, super heróis com raio laser e até o invisível pude ver, senti o interior adentrando o salão de festas trazendo enxadas, sapos do brejo e avistei sereias lindas sabendo bem o valor delas e do mar. 
Que vontade a minha era de colocar todos em cima do meu tapete, adentrar meu mundo e fazer ele mais colorido...
E no meio de tanta energia, de todos os tamanhos só me vem a palavra gratidão!
Vocês se expuseram, arriscaram viver essa experiência em mares desconhecidos, flutuaram em diversas linhas que necessariamente não foram retas, e mergulharam naquele quarto com vários olhos curiosos, instigantes e amedrontadores com cadernos e canetas anotando cada impressão. 
Aos que não passaram, queria pedir encarecidamente que vocês não desistissem de viver o sorriso do outro e o encontro de si, de viver a humanização na saúde, a qual clama por isso todos os dias. Quero também pedir que não deixem de correr atrás de seus sonhos e vontades, não deixem que esse Y que vi em cada um morra com as intempéries da vida. Vocês não sabem o quão potente e forte são! 
A sensação é, apesar de tudo, boa de ver a vida mais uma vez andando em sua montanha russa e transformando lindamente suas fases e gerações.Estou muito ansiosa para ver isso de perto, digo bem de pertinho mesmo num emaranhado de pernas e gargalhadas. 
Quero ver palavras chaves conexas ou desconexas numa galáxia cheia de mundos e buracos negros em que "odiar" não existe no vocabulário;
Quero sentir a energia alta explorando outras energias, frequências e sintonias. 
Quero ver a música criar amor e, mesmo sendo ridículo, tirar som do violão, sabendo que é um violão ao tom pernambucano.
Quero teatro pulsante, abraços cheio de potência e fortalecimento oriundos de uma maturidade reluzente.
Quero sim ser tratada de coração para coração estando eles próximos como estiveram ou não.
Quero fascinar-me por imensidões, abrir conexões e jorrar ideias conjuntas como se jorra uma linda cachoeira.
Quero apreciar a timidez em um tom ao mesmo tempo tranquilo como música de ninar e um rap com o desconhecido para rimar.
Quero admirar girassóis dançantes conforme a natureza leve e plena dentro de uma Maria fumaça.
Quero mensurar meus sentimentos por uma baleia e observar de perto que mesmo o ser humano não gostando de pão de queijo ele é capaz de amar. 
Quero contemplar corpo sendo corpo, alma e explosão fluída.
Quero desfrutar com vocês de algo que vale à pena para girar a bondade e enriquecer o palhaço com dignidade.
E quero finalmente sentir-me infinita ao lado de abraços profundos, pesos evaporados, carpe diem fervilhado e corações quentinhos de mais 12 pessoas e de um urso lindo também!

Só quero que vocês venham, sintam tudo isso e façam comigo o que quero, mas não posso fazer sozinha! ^^ 

Besitos grandes, cariños!
Sarah Astral, Sarah Graci, Sarah Rodrigues ou melhor,
Dra. Crystalina


A visão é algo que nos encanta. Ao mesmo tempo em que somos capazes de ver, somos capazes de não ver. Enquanto vemos o outro, deixamos de nos ver, nos vemos no outro, vemos o outro em outro e por aí segue uma montanha russa de visões. Por mais que nos seja natural como respirar, ver não é algo tão pragmático quanto parece. A todo o momento estamos vendo, mas nem sempre escolhemos ver. Eu escolhi ver. Durante todo o dia do sábado 11 de junho de 2016, eu escolhi ver. Ver coisas que antes me eram estranhas e que eu apenas via pela simples naturalidade, ver risos e sorrisos, lágrimas e angústias, ver cores e amores, montanhas de pessoas e tapetes de papel. Eu escolhi ver e vi. Comecei o dia vendo várias pessoas montando um tapete e seguindo instruções descoordenadas que pareciam não levar a nada. O tapete virou conta de multiplicação, virou picote e enfim, virou tapete. Eu vi suor no rosto e desespero estampado na testa, vi as costas virarem cadeiras e as mãos virarem pés num mundo de cabeça para baixo. Cada visão que eu tinha só me fazia querer ver mais, escolher ver mais e me empenhar para ver mais. Então eu comecei a ver frases aleatórias diante de um contexto já bem aleatório. Vi com esses próprios olhos um avião atingir as torres gêmeas e vi um confuso romance entre sapos e sapas. Essas visões me trouxeram o riso frouxo, o riso que liberta e faz bem, o riso que acalma. A manhã já tinha partido, mas eu estava empenhada em continuar a ver. Daí em diante, começaram visões muito peculiares de 18 mundos muito diferentes do meu. Foram 18 universos que me proporcionaram a oportunidade única de fazer algo que raramente fazemos: ver com outros olhos. Eu vi uma surfista feminina com um sotaque nem tão palestino assim, vi o eu em um outro, vi partes minhas em pessoas completamente diferentes de mim, vi um violino desabrochar suas notas com um lado esquerdo do corpo, vi (e vivi) uma aula de yoga dada em espanhol, vi passos de ballet criarem lágrimas ruivas, vi uma (quase) faixa preta imobilizar o pobre moço das flores. Eu vi tantos sorrisos sinceros, tantos olhos mareados pela emoção do momento, vi tanta vida e tanta sinceridade, vi tanta verdade e tanto amor. Eu vi. E só posso agradecer a esses 18 mundos por terem me permitido ver. Ainda que eu tivesse escolhido ver, se algum desses universos não tivesse se mostrado para mim, eu não teria visto. Mas não foi assim que se deu a ópera, todos se abriram e em todos, eu vi.

Infelizmente, nossa visão é limitada por um campo visual. Bem que eu gostaria de ter uma visão de 360º e abarcar tudo ao meu redor, mas essa não é nossa realidade. Apesar de eu ter visto 18 incríveis mundos, nem todos podiam ficar dentro do meu campo visual. Mas como abandonar algo que lhe trouxe sentimentos tão bons? Como aceitar essa destruidora limitação de não poder escolher ver esses 18 naquele pequeno mundo que é a salynha? Como posso fechar os olhos e deixar de ver isso? Ah, como é difícil aceitar. Mas ainda há algo que me conforte e que fique essa mensagem: eu sei o que eu vi. E tudo que vi não irá se perder ou se destruir se em cada um for mantida a essência do que foi mostrado. Eu vi todo o potencial de cada pequeno universo dentro de cada um e sei que esse potencial existe. Minha visão limitada e tolhida não pode escolher ver todos os 18, mas eu sei tudo que vi e que gostaria de continuar vendo. Em cada um, há algo especial para ser mostrado e com certeza, existirá o momento ideal em que será visto. O que eu vi ninguém nunca mais tira de mim e espero que assim seja com que os mostrou. Aos que eu nós pudemos escolher ver, sejam bem-vindos ao campo visual do Y. Saibam que de agora em diante vocês passam de expectadores para observadores, ou melhor, “olhadores”. Preparam-se para um novo universo de visões e momentos. Saibam aproveitar cada coisa que vocês estão por viver, e principalmente, escolham ver. A essência do mais simples pode ser extraída com um pequeno olhar carinhoso. Vocês agora podem ver! Que o Y seja um crescimento constante para cada um.

No mais, espero que cada momento que eu vi tenha significado algo especial para alguém que o viveu. Com certeza os efeitos causados nessa que vos fala foram os mais especiais. De todo meu coração, parabéns a cada pequeno mundo que existe em cada um de vocês. O potencial de crescimento e amadurecimento de todos é inexplicável. Desejo que um dia vocês possam ver como eu vi. Ah, porque se tem algo que posso afirmar com muito orgulho é que eu vi!


Juliana Medeiros
Dra. Preguyça


Primeiramente, queria dizer “obrigada”. Obrigada por cada palavra que ouvi naquele dia, cada gesto, cada sorriso e cada angústia. Eu não esperava, mas quando embarquei nessa jornada com todos esses 18 peixes de um cardume extremamente heterogêneo, aprendi ensinamentos totalmente novos e me enchi de seres humanos incríveis. Foi momento de calar para enxergar a essência do outro e me deixar ser imersa por todos.

Infelizmente, não há lugar para todos esses peixes dentro de um pequeno coral azul, mas quero que saibam que, para os que seguiram um rumo diferente, continuem a nadar! O oceano continua lindo, cheio de outros peixes e corais diferentes, e, quem sabe um dia, iremos nos encontrar novamente.
Aos novos moradores do coral, sejam bem vindos! Um novo mundo os espera, cheio de novas descobertas e experiências, e, aguardo ansiosamente para conhecer melhor cada um de vocês, que tanto me encantaram. Por último, queria dizer “obrigada” novamente. Diante de tanto encantamento, senti-me mais forte. Senti vontade de ser melhor, talvez um pouco mais parecida com vocês, e senti vontade de me conectar mais ainda com o palhaço que há em mim, que eu sei que existe, mas que anda confuso e perdido ultimamente.

Vocês são TOP, Toperinhas! Venham logo!

Dra. Amêndoa


Cá estou eu. É fato que não sou bom com palavras, sempre preferi me expressar por meio de fala, diretamente, com as pessoas, cara a cara. E, aqui, estou eu tentando escrever um texto, tentando dizer pra vocês, com palavras, como me senti durante todo este período de seleção.

Escrever este texto tem um gosto diferente pra mim, porque, nesse semestre, estou encerrando mais um ciclo no Y, a tal dyspidida, que é confortante por um lado porque você sabe que nunca deixa de ser ypsiloniano quando vira um (espero que continuem me recebendo bem na salynha obg de nada), porém é dolorosa porque fechar ciclos é doloroso e porque este projeto tem uma importância muito grande pra mim. É estranho receber outra geração porque vemos quanto o tempo passa. Parece que estava entrando no projeto ontem, recebendo o resultado da minha seleção (tal qual está acontecendo com vocês agora) e, agora, depois de todas as milhões de experiências, como capacitações, seleções, reuniões extras, visitas, contatos, estou eu aqui chegando à temida dyspidida. Pode não ser temida pra muita gente, mas, para mim, sempre foi, porque sempre era muito doloroso ver alguém que eu tava lá convivendo direto em muitos momentos, de repente, não estar lá, eu não ouvir mais elas como estava acostumado. Desculpem-me, está parecendo mais um desabafo meu do que, propriamente, um texto pra vocês, é porque, quando sentei para escrever estas palavras, que tanto tenho dificuldade de por num papel, elas começaram a escorrer pela minha mão e não consegui parar.

Mas agora, vamos lá. Eu queria pedir muito obrigado a todos os candidatos que participaram da primeira fase, não é fácil se abrir pro desconhecido, mostrar quem você é para muitas pessoas e saber que, em teoria, elas não vão mostrar nada pra vocês em troca. Falando agora sobre estes dois últimos dias, queria agradecer, mais ainda, aos 18 participantes, que estiveram conosco durante todo este sábado cansativo, produtivo e divertido. Obrigado por terem se divertido tanto, por terem aproveitado cada momento, por terem dito cada palavra, pois cada uma dela foi muito importante e tem seu valor.

Aos aprovados, eu digo a vocês para aproveitarem tudo que o Y tem a fornecer a vocês, e eu digo a vocês: é muita! Aproveitem cada reunião, cada seleção, cada momento do coração, cada visita, cada conversa na salynha em um momento qualquer do dia com outro membro do projeto, cada capacitação, cada RP, cada interação, cada pessoa. A salynha será formada por uma pitada de cada um de vocês:

Por saber cantar rap de ninar da melhor forma possível e por amar certas coisas de sua vida de uma forma muito intensa.

Por entender que passeios em maria-fumaça podem ser momentos para boas reflexões sobre a vida e que tatuagem é algo maravilhosamente lindo.

Por muitas curvas em textos, por ser forte e saber que não precisa aceitar certos sofrimentos e por saber fazer discursos feministas enquanto surfa e tem um sotaque palestino.

Por uma baleia rosa muito fofa, por entender que a beleza está nos olhos de quem vê e por amar Queen.

Por um urso enorme DESSE tamanho e por entender que ser tímida não é não se mostrar, mas é se mostrar, de forma tão singela, quanto qualquer outra.

Por aceitar que, mesmo odiando certas coisas, como azul, nós podemos fazer as pazes com elas em algum momento da nossa vida. Por amar o teatro de uma forma muito apaixonante.

Por adorar fazer TEXTAUM, saber assumir certas coisas da vida e por ser muito bom em ser lutador de boxe enquanto come um xilito mlpz.

Por tem uns cachos muito irados e saber que eles são muito importantes para si e por ser um boneco de Olinda genial.

Por saber que linhas curvas podem dizer muitas coisas, por ser especialista em lip sync e por ser teimoso.

Por não saber organizar as idéias direito, amar palavras-chave e por se virar pra tentar usar o lado esquerdo do corpo.

Por ser simples, vir do interior e trazer a simplicidade de lá, por ser uma pessoa que toca mil instrumentos e por dominar um linguajar cearense espetacularmente bom.

Por adorar uns caldos do mar, por esperar até o fim e por até saber ser professora de Yoga para bebês em espanhol.

Abracem esse projeto o máximo que puderem, usufruam muito dele e façam ele usufruir de vocês, é bom demais, pessoal!
Infelizmente, aos não aprovados, não é que vocês não merecem entrar no projeto, é só porque a nossa salynha é pequena para caber todo mundo, porém não desiste da gente, não desiste de ser Y, por favor.
Por fim, aguardo vocês lá na salynha, TOPERAS, estou muito ansioso para ver cada um de vocês lá na pequena salynha, porém grande, todos juntos, amontoados.

Até lá!

Vanildo
Dr. Dindin :O)


Queria, primeiro, dizer que me esforcei muito pra não ler o texto que os outros escreveram antes de mim pra que eu não quisesse imitar ninguém que eu achasse que tivesse dando as boas-vindas da forma MAIS LINDA e que eu não estava fazendo direito.

Perdoa a confusão é que sou nova no projeto e é a primeira vez que faço um texto pra novos integrantes do Y... que me tornarão velha no projeto quando entrarem naquela salynha.
Mas olha, acho que nunca fiquei tão ansiosa por me tornar velha! To tão ansiosa por conhecer melhor cada um de vocês! Ansiosa por formar novas lembranças, me aproximar, ver pessoas que eu nunca imaginei juntas se darem super bem, ter novos amigos, ver surgir cada palhaço e cada sorriso no rosto de vocês! To ansiosa por cada um (espero conseguir mostrar isso no dia da recepção... a timidez é um dos meus três defeitos).

VENHAM, VENHAM, VENHAM! Venha com as experiências hospitalares, as lágrimas nos olhos ao falar disso e a coragem de trancar 3 cadeiras; venha com sua baleia rosa me lembrar que eu tenho uma baleia rosa dentro de mim e com a frescura com comida também (alguém tem que ter esse defeito né, por favor); venha com seu sorriso fácil inventar rap no HU e me ensinar como escreve seu nome (passei a seleção inteira escrevendo errado, desculpa!); venha tratar as pessoas de coração pra coração e perder esse medo bobo de que as crianças não gostem de ti, as crianças que já fazem parte desse projeto querem te receber de braços abertos e abraços apertados; venha com seus cachos e sua vontade de desafio trazer mais música pras visitas; venha com suas lágrimas de nervosismo me ensinar a ser mais sensível e humana; venha com sua vontade de mudar as coisas estáticas e com sua altura me colocar de cabeça pra baixo naquele HU e a gente diz que tá varrendo o chão com meu cabelo (VAMO FAZER ISSO, JÁ TENHO A PIADA PRONTA); venha com sua gentileza, sua doçura, a calmaria na voz, a preocupação com sua amiga e traz seu urso, eu quero tanto te conhecer melhor; venha com suas palavras-chave e com as duas pessoas internas que entraram em conflito na entrevista pra que eu, enfim, entenda quais são seus defeitos e suas qualidades; venha com tua segurança no que diz e teu feeling pelo Y mostrar que tua voz pode levar alguma calmaria praquela salynha que adora uma gritaria; venha com sua fluência em cearês e a sua simplicidade que fez nossos olhos brilharem; venha com teu jeito desbocado e tua desenvoltura fazer as maquiagens artísticas nos palhaços que são ruins em maquiagem (euzinha) e dar aquela velha aula de yoga.
Aos que não virão dessa vez, desculpem, é que nossa salynha é pequena, não dava pra levar todo mundo. Mas obrigada por participarem, vocês nos engradeceram com os currículos e com o sábado que passaram conosco! Se for possível, tenta de novo? Dou minha palavra que vale a pena!
Aos que estão chegando, sejam bem-vindos! Vocês são TOP, TOPPER, TOPSSIMOS!


Rafaela Medeiros

Dra. Aurora


Toda sexta feira, ao entrar na salynha, você terá um encontro marcado com vários oceanos particulares, imensidões essas que fazem parte do universo que é o Projeto Y. Vem, senta no colchão, dá uma apertadinha, pois agora esse universo tem 12 novos oceanos.
Faz uma ano que comecei a falar a língua do Y, e ela tem me proporcionado o privilégio de humanizar o hospital e a mim mesma. Em um mundo que paciente é sinônimo de doença, ser profissional de saúde humanizado é ilha de resistência.
Seja bem vindo, entre de cabeça, dê tudo de si, pois te garanto que você receberá muito mais em troca.
Continue a nadar!

Dra. Zói de Bila


Que fim de semana pesado.
Carregado.
De afetos, cansaço e sentimentos. Mas também leve, como uma casa de concreto puro flutuando com alguns balões. Pode parecer estranha essa descrição, mas certas sensações são mesmo difíceis de serem derramadas no papel. Esta casa, porém, existiu. Não tanto na rua Tavares Coutinho quanto no universo imerso em nuvens, no qual 18 corações observavam outros 18, tão cheios de possibilidades. Tão cheios de tanta coisa. Este coração que aqui escreve teve seus momentos de aperto por saber que nem todos que ali estavam receberiam hoje a notícia de serem novos membros do Projeto Y.
Mesmo assim foi incrível viver aquele momento. Morar naquela casa e ver tanta gente sendo gente. Nas suas diferenças, nervosismos, sorrisos e lágrimas. Sendo o que são ao tentar quebrar a cabeça sobre um punhado de papéis. Ao se espremer um sobre os outros em um espaço tão curtinho. Ao criar e viver tantas cenas e sentimentos. Ao falar e calar, com bocas e olhos, um pouco do que são e do que pensam do mundo. Do que querem do mundo.
Tanta coisa que eu vi. Tantos momentos que me fizeram olhar tão longe, tão longe, mas tão longe, que olhei até mesmo para mim. Sou agradecido por isso.
Aos que não passaram, por favor, que não parem de nadar, voar, contar ou cantar por isso. Não cabe a nós, que selecionamos, decidir quem é uma pessoa melhor ou pior. Não conseguiríamos e nem deveríamos. Somos falhos como todo mundo, mas somos limitados pelo espaço físico da salinha onde se passa boa parte do Y. Posso apenas imaginar como se sentem e espero que sigam com seus corações cheios de possibilidades e realidades.
Aos que chegam, cheguem mais e se ajuntem com a gente! Vocês que são gente que quero tanto conhecer, tanto descobrir, que me fez ver e viver tanta coisa:
Gente que me fez viajar na dança tão leve e infinita de uma fada (ou era um beija flor? Não sei, só sei que flutuava).
Gente que quer mudar o mundo e me pegou no flow e nas rimas, feitas de forma tão simples, para quem mudou seu mundo.
Gente de riso tão singelo e que se derrama que nem cachoeira. Tão bom sentir seus respingos.
Gente que vive valendo essa peça que é a vida, e que busca o seu lugar sentindo cada momento com força. É muito lindo sentir.
Gente que gosta de desafios, e que está disposta a colocar o som do violão de volta no violão. É mais trabalhoso do que parece, sabia? Mas se é para sair de casa, que seja para sair da zona de conforto, né?
Gente teimosa e esforçada, que abraça de corpo inteiro- cabeça, corpo e tal. Só cuidado para o corpo não queimar! Mas se queimar, o que é que tem? Nosso corpo é para isso mesmo.
Gente que está disposta a mergulhar fundo nos buracos negros para ver o que tem lá. O que será que nos aguarda lá ao fundo? Se só saberemos indo, então bó? Me leva junto! o/
Gente que me mostrou uma nova medida de afeto. Maior do que grande, maior do que imenso, maior que infinito! Tem afeto que é até do tamanho da baleia rosa, acredita?
Gente que quer compartilhar o momento com o outro e que não precisa de muito para isso. As vezes uma viola e uma besteira são o suficiente (ainda mais quando se sabe que o ridículo não desmerece, só engrandece.... Que libertador é saber disso).
Gente que não quer ser um ser fabril. E que não quer que ninguém seja! Que reconhece aonde erra e que quer mudar. Ainda dá tempo de orgulhar aquela criança que a gente era, cara. É só seguir na resistência ao desamor, e essa me parece uma boa luta.
Gente que quer se entregar! Gente que vive em uma espiral... que sabe o poder revolucionário da compaixão, e da importância de ser um lar, um abraço, um coração. Que me faz querer visitar. Obrigado por isso.
Gente que se abriu, que tem amigos curiosos e que me deu até umas peias, kkkk, mas que, sobretudo, se permite viver novas realidades. Espero que venha fazer morada nesse circo com a gente.
Espero que venham todos. Tanta gente, né? Desculpem a repetição dessa palavra, mas não consegui evitar, afinal, existe coisa mais fantástica e esquisita que gente? Acho que não. Apesar de que vi a foto de um bichinho esses dias que é bem curioso também. Um bichinho engraçado que tem o nariz muito sensível... uma tal de toupeira.
E logo daquela casa, tão carregada e tão leve, surgiram do céu, para desespero das leis da natureza, doze toperas para ser Y com a gente! Tragam seus narizes e sensibilidades para cavar dentro da nossa salinha. Ela é de vocês também agora. Que cada um viva isso com uma intensidade do tamanho da baleia rosa - um melro me disse que teremos muito o que viver.
Por fim, que sejamos Y juntos e que, como uma amiga disse uma vez, que não caiamos na besteira de tirar o nariz vermelho.

TJ;
Pedro Cantal
Dr. Florêncio

O fim de semana passou e me deixou de frente à folha branca. Como transformar o que me transbordou de sentimentos em palavras? Como definir intensidade e leveza num só espaço? Sinto que estou experimentando o que muitos de vocês sentiram antes de tudo: na foto, no currículo, na produção. E eis que as cores, as formas começam a se delinear num fundo que era preto e agora branco. Os caracteres vêm dançando entre meus dedos, olhos e pensamentos. Vêm como vento soprando no cabelo, de liso aos cachos, picotes de papel se espalham. 84 por 97, anões sobem nos ombros de gigantes, o mundo vira de cabeça para baixo. Mas o tapete não vira.  Viramos, nós, novamente para a roda. Nós, num comercial de margarina. Congela! Um boneco de Olinda! Stop! E o anel de coco? Para a sapa do brejo? Ou para quem estava na aula de yoga? Só hoje no Globo Repórter... Capinadores... E o louva-deus.
 
“Agora sou invisível”. Essa fala deve ter sido do Tempo, porque não o vi passar desde então. Nem de mansinho. 9 horas e meia de entrevistas! Foram palavras sinceras, lágrimas, gargalhadas, músicas, energia positiva, movimentos ritmados, uma baleia rosa, histórias enraizadas, um violino desafinado, 30 segundos para vender o peixe. Mas que peixe?!  Um panda beeeem grande, minha gente!

E o domingo trouxe a parte mais complicada. Por que não os 18?! Corda bamba 
entre arranha-céus. O coração ficou apertado demais. Porém a decisão chega num tum-tá grupalBateria de corações. Retrato, harmonia de um momento. Quem disse que estamos certos? Entre muitas ponderações e votações, surge uma tentativa de ouvir alguns desses sons conjuntos. E a esperança de que alguns deles, que nãoestarão conosco, se juntem num futuro próximo!

Eu só tenho a agradecer pela doação. Fico orgulhosa de construir esse Projeto a cada geração com vocês. Fluímos numa maré tão boa de dedicação, que posso afirmar: fomos TOPs mesmo. Por isso, que venham as nossas TOPeiras! E que, como diria Dory: continuemos a nadar, continue a nadar, continue a naadar, a naadaaar, a nadar!!! Até a Salynha.



Belle – Dra. Pyrueta

E novamente participo da seleção. Um mês inteiro de descobertas, reflexões, surpresas e acima de tudo uma incrível experiência de autoconhecimento. Foram 45 almas desnudas. Todas numa expectativa transbordante de dar sua contribuição valiosa nesse projeto que tanto me ensinou, que tanto me faz bem. E foi difícil. Durante todo o processo uma pergunta martelava minha cabeça sem dar trégua: como poderei impedir alguém de vivenciar o Y? Que tarefa mais ingrata! Ser a fada madrinha do ‘’dreams como true’’ ao mesmo tempo em que faço o papel do carrasco ceifador de sonhos. O que posso falar pra vocês é que está sendo sim bastante dolorido, e sempre vai ser. Esforçamos-nos bastante. Estivemos imersos em vocês, nas suas alegrias, aflições, angustias, desejos... Pude sentir a vontade de ser Y sob as formas mais diferentes em cada um. Tenho um pedido: Por favor, não desistam! Perdoem as nossas limitações. Queremos ver esses olhos brilhando de novo e esse coração quente nos ajudando a construir um mundo mais humano. Ainda quero ver vocês na salynha. E se por algum motivo o universo conspirar contra, espero que possamos continuar caminhando juntos na mesma direção.
Aos que vão entrar, deposito toda a minha confiança , entregando um bem precioso nas suas mãos. Vi muito de mim em vocês. Aprendi muito também. Vi que um sorriso sincero pode vir da simplicidade de poucas notas. Aprendi que buracos negros e piscinas foram feitos para serem mergulhados. Percebi que o amor pode chegar a nós por todos os lados, até mesmo personificado em uma grande Baleia Rosa. Entendi que podemos pintar o nosso corpo como queremos ver o mundo ao nosso redor. Descobri até que a humanização pode estar na forma de linhas curvas num mar de curvas retas. Implodi meus conceitos, me reconstruí. E espero que vocês façam o mesmo, venham com o coração aberto para todas as experiências incríveis que estão por vir. Aproveitem cada reunião, cada visita, com a intensidade que elas merecem. Sintam que nessa salynha de tantas cores, sentimentos e gerações existe o seu lugar. Experiências incríveis esperam por vocês . E eu também, ansiosamente. Agora que conhecemos um pouco dos seus universo, venham conhecer o nosso. Agora a salynha é de vocês também, sejam bem-vindos!

Renan Abreu
Dr. Nóia



"Vocês vão ter muito trabalho pra escolher, porque todo mundo aqui é muito bom!"
Acho que ouvi isso algumas várias vezes durante o sábado, vindo de boa parte dos 18 rostos que se dispuseram a se mostrar a uma porção de desconhecidos. E que frase acertada :(
Pensei que depois da primeira vez fosse ser mais simples, mais fácil. Pensei que depois de 2 anos dentro do projeto fosse mais óbvio saber quem selecionar. Errei e foi feio.
Me dói a salynha ser bem -inha e não comportar os 18 rostos, vontades e ideias lá dentro. Nosso método não é exatamente certo, tampouco justo... quem a gente pensa que é? A gente não é ninguém muito diferente de vocês 18: no mínimo, temos todos uma porção de ideias e vontades em comum.
No mais, perdoem as falhas e obrigada pelo coração aberto.

Mais um ano, volto a dar boas vindas aos aprovados; mas mais importante que isso, continuo esperando que a gente não tire o nariz vermelho.

Ana Flávia


Quanto tempo leva para você conhecer alguém? Talvez você leve anos ou uma vida inteira para conhecer as peculiaridades de uma pessoa que faz ela ser quem ela é. Porém tive a honra de conhecer um pouco mais afundo alguns pequenos mundos tão únicos e cheios de surpresas, que jamais na vida verei outros iguais. Pois bem, chegou o bendito sábado, dia 11 de junho de 2016! Eita, como será que eles são mesmo? Quem serão os próximos a dividirem o aperto da salinha com a gente? Como serão as entrevistas? Aquilo tudo que eu havia visto no papel e na foto revelada tomou corpo e luz na minha frente. Me deu um nervosinho, daqueles nervosinhos bons quando você sabe que algo novo e diferente está por vir, sabe? E veio! Eu conheci vi uma baleia rosa, ouvi a Adele em cearês, ganhei uma chará do mesmo curso que eu, aprendi yoga em espanhol, vi luta de taekwondo com amigos imaginários, ouvi um rap de ninar, vi uma apresentação fantástica de ballet, vi um lip sync do RuPaul, vi lágrimas de um coração transbordando antes de qualquer fala, tive uma reflexão profundíssima sobre preconceito, perdi o ar de tanto rir no meio de um “quero bolo” e percebi que humanizar pode ser um termo ridículo porque é como querer ensinar o que é humano ao ser humano, mas, afinal, o que o palhaço faz se não brincar com seu próprio ridículo? Você poderia dizer que eu levei anos ou uma vida inteira para conhecer as peculiaridades que fazem esses 12 novos ípsilones a serem quem eles são, mas não, foi apenas em um dia! Foi uma aprendizagem do tamanho do universo porém nossa salinha tem um tamanho proporcionalmente menor. Aos que não estarão conosco, espero que entendam isso e que, nem de longe, isso significa que vocês não fizeram nossos olhos brilharem e nosso coração doer ao decidir por um não, mas levem a nossa causa nas visitas da vida de vocês!
Aos que estarão conosco: OH POVO TOP, OH POVO ZUEIRA, CHEGOU ENTÃO A GERAÇÃO TOPEIRA

Letícia Galvão


Nesse final de semana senti em demasia e pensei sobre muitas coisas, mas o pensamento que mais me perseguiu foi sobre mudança. Minha cabeça não parava de rodar sobre como vai ser agora, como tudo vai se transformar... 28 na salynha, naquele canto que durante o último ano foi um lar, foi onde achei algumas das pessoas que nunca quero perder, foi onde me redescobri como estudante de saúde, como palhaça, como amiga, como ser humano e como Amanda. E me deu medo, sabe? Porque agora os 16 rostos conhecidos, as 16 vozes lutando para se fazer ouvir estarão misturados a outros 12, 12 que não conheço,12 que selecionei, 12 pessoas para quem me sinto no dever de fazer o Y ser e ter o mesmo significado que tem para mim, mais do que um projeto, um pequeno Paraíso pessoal. E me deu ainda mais medo... medo de que? Medo de tudo, medo do desconhecido. Primeiro porque não é justo, nunca foi e nunca será. Como eu posso dizer quem vai viver isto? Como eu posso me deixar limitar por aspectos físicos, do espaço, do tempo para selecionar 12 entre 18, entre mil, que deveriam estar aqui comigo, sorrindo, chorando e apenas sentindo tudo o que o esta letrinha pode nos dar, pode significar e pode nos mudar. Então peço que me perdoem por tudo, pelo que fiz e estou fazendo com vocês. E ouso implorar para aqueles que não estão na lista logo abaixo que não se deixem desmotivar, que persistam e encontrem no Y ou em outros locais tudo o que estudar e fazer saúde, a vida e essa força que vi nos olhos brilhantes de cada um de vocês pode significar. Para aqueles com quem compartilharei uma sala azul apertada, com cheiro de chulé, mas com um ar de alegria e acolhimento peço perdão também. Peço que entendam o meu temor de não conseguir colocar aqui tudo o que gostaria ou deveria, peço que me perdoem se eu não conseguir ser tudo o que imaginaram...Mas saibam que vou tentar fazer com que o Y se torne para vocês tudo o que ele é para mim. E por fim peço que aproveitem, que vivam, que arrisquem, que encontrem e sejam o Y que há em nós e que há em cada um dos outros que também estão entrando e que apenas sejam tudo aquilo que podem ser. Parabéns e cuidem bem dessa letra que representa um universo.

 Dra. Spyvitada ou só Azul.


Respire. Passou. Aquele frio na barriga, aquele medo, tudo passou. A poeira o pretérito cumpriu sua função de instante e deixa o ar límpido para a respiração que vem. E vem aquela mistura de quereres, de sonhos, de vida, que dançam a luz da língua do Y. E o que causou tanto alvoroço? Foi o coração de pessoas entrelaçados uma nas outras, num nó de gente que só um tapete de papel foi capaz de sustentar. Suor, riso, desespero, alegria, reflexões, carinhos, ansiedade. Agora aquelas pernas enroscadas fazem parte da gente, como um só corpo de cores e sentires. No fim, fica o que foi construído. Acho que construção é a palavra que me tornei mais fluente na língua do Y. Sintam-se todos abraçados.


Dra Sardinha (Lara)


Essa foi minha terceira seleção como selecionadora e não, não vai ficando mais fácil... Há sempre a perguntinha na cabeça “Quem sou eu pra selecionar quem entra ou não no Y:”, “Por que será que eu, dentre todos os outros candidatos, fui escolhida:”. Hoje, acho que essas perguntas nunca serão respondidas.
É um prazer tão grande participar dessas seleções, apesar de toda a angústia pelos não-selecionados dessa vez. A gente vai vivendo dia após dia, é tanta coisa ruim que a gente vê, vai ficando desacreditado, perdendo um pouco a força, mas conhecer um pouquinho assim de tanta gente maravilhosa querendo diminuir um pouco a dor do outro, conhecer a arte do palhaço, “o sorrir do outro e o encontro de mim”; gente que gosta de gente, gente que quer tirar todas as capas impostas pela sociedade e viver como gente de carne e osso, que se dói e que ama e que vive. Entre vocês, conhecemos gente que fala bonito, que escreve bonito, que vive bonito, que sorri bonito, que olha no olho e olha bonito, enfim que é bonito. Quanta gratidão!
Aos que não encontrarão o nome na lista lá no final, não desapontem. Ser Y não é ser do projeto Y. Continuem com toda essa força de vontade, todos esses sentimentos bons que nos mostraram. E eu peço perdão, peço perdão por não ter percebido algo que você gostaria de mostrar, por não lhe dar essa oportunidade (mas outras seleções virão!), por não poder ser maior que toda a burocracia e não poder aceitar todos.
Aos novos integrantes do Projeto Y: minha gente, sejam muito muito muito bem vindos! Vivam isso, vivam muito isso! Vysitem, visytem, vysytem e visitem! Participem o máximo que puderem! É um tempo que voa e que não volta! Aproveitem muito TUDO que esse projeto pode vos proporcionar, tem muita coisa! E se preparem para conhecer pessoas incríveis! :)
Aos selecionadores, minha gratidão também a vocês. Primeiro, queria pedir desculpas se em algum momento fui a velha chata que queria fazer as coisas à moda antiga ou qualquer outra coisa que possa ter feito. É estranho ser a mais velha (tô toda besta!), mas o melhor é não se sentir a mais velha. Fiquei cheia de orgulho da forma como vocês participaram dessa seleção, de como vocês tem carinho pelo Y. Posso me achar por tê-los selecionado! Haha Amo vocês!
É isso, gente! Um abraço forte em todos e beijo grande!
                                                         Anninha – Dra. Rysadinha (Pyolha – Geração 2012)


Mais uma seleçao. Nervosismo. Ansiedade. Não estava menos ansiosa do que na minha própria seleção, ou na minha primeira vez como selecionadora...
É dificil, como escolher? Como escolher dentre todas aquelas pessoas que se abriram, se mostraram, riram, choraram, tremeram, olharam, abraçaram...queria eu abraçar todos vocês, todos. 
Tinha medo, medo de ser injusta com alguém, medo de nao conseguir captar o que alguém queria me passar, medo de selecionar...
Tinha esse medo (e acredito que vou continuar tendo em todas as seleções que participar) pois sei como é estar desse lado e às vezes nao conseguir botar em palavras o que isso significa pra gente, porque sei como é estar desse lado e ficar tao nervosa e achar que ninguém vai conseguir captar o que a gente disser, porque sei como é estar desse lado e ter MEDO.
Mas eu vi. Eu vi o Y nos olhinhos de todos vocês, sem exceção. Vi o Y em cada choro nas entrevistas, em cada riso, no desespero. Quando vocês me diziam que todos mereciam entrar, eu só pensava que siiiim todos mereciam! Várias pessoas disseram que nao queriam estar no nosso lugar pois achava q seria mto dificil escolher, e foi...
Mas queria agradecer a cada um, por nos deixar conhecer um pouquinho mais de vocês, por se abrirem tanto, por se mostrarem tanto. Obrigada e obrigada!
Aos que passaram: sejam muuuuito bem vindos à nossa salynha, pequena, mas que agora estará muito mais cheia de amor <3 aproveitem="" div="" m="" o="" puderem="" que="" ximo="">
E a todos: Nunca tirem o nariz vermelho!

Lais Reis - Dra Bauru



AGORA SIM! O que era pra dizer já foi dito, o que era pra escrever já foi escrito.
Segue abaixo os nomes dos novos membros do Projeto Y de riso, sorriso e saúde.
Parabéns!! Vocês já são Y!!!

Adryan Moriah Moreira Rodrigues Simões (Enfermagem s1)
Alícia Mourão Vieira (Medicina s2)
Beatriz Freire Sampaio (Psicologia s2)
Francisco Gerson Moreira da Silva (Fisioterapia s1)
Ivne Alencar Farias (Psicologia s1)
João Victor Macedo Cavalcante (Medicina s5)
João Victor Mendonça S. Carvalho (Enfermagem s1)
Letícia Lima de Patrício Ribeiro (Psicologia s3)
Tainah Maia Silva (Medicina s2)
Thais Lemos de Holanda (Medicina s2)
Thiago Sousa Sampaio (Medicina s5)
Vitor Hugo Paiva de Sousa (Medicina s3)


Os Toperas devem comparecer à sua primeira reunião dia 24/06 (sexta-feira) às 12:30 na salynha do Projeto Y no campus do Porangabussu.

Obrigado!!!