sexta-feira, 11 de julho de 2014
Ofycyna D4: Bom dia, Angústia!
Estou falando pouco das angústias. Queria escondê-las, mas elas despontam, feito menino em parto. Já começa do exercício que vou levar. Qual o que se encaixa melhor? E em que ordem, Deus? Haverá ordem de despertares? Que sei eu?
Acho que estou seguindo um caminho lógico (olha eu na lógica): 1. O jogo, 2. O espaço, 3. O jogo cênico, 4. O espaço cênico, 5. A máscara, 6. O palhaço. Deverá ser assim? "Ontem foi mais concreto, senti mais!". Significa o quê? Que avancei demais? Que avançaram de menos?
O objetivo é fazer seus palhaços despertarem. Há uma vida para isso! Haverá um só jeito? Chamo atenção para os estados de corpo, para as afetações. Estes meninos e meninas clamam por achar sentidos nos jogos, por buscar a estratégia certa para atingir o ponto ideal.
Queria um olhar que dissesse: "senti em mim esse tal de espaço". "O outro, senti sua afetação, me deformei com ele!". Vejo: "Faltam alguns milésimos, pessoal!""Vocês, se fizessem assim ou assado!". Queria-os mais dóceis ao que está acontecendo, para que, de alguma forma, ficassem mais doces. Vejo-os mais densos, angustiados e graves. Não são todos. Esse dia de hoje dei pra falar dos angustiados, de mim.
Lembrei de algo! Há um grupo que conheci no Recife que usa as oficinas como etapa final da seleção dos novos palhaçoterapeutas. Eu achei aquilo estranho. Eles fazem todo esse máximo que fazemos para ao final dizer: você fica e você não. Eu nunca faria isso. Essas oficinas são um bordado tão há muitas mãos, que seria uma amputação selecionar. Escolher ao final apenas quem tiver maior chance de despertar? Como saber? Se eles conseguiam este olhar, eu estou longe e fujo disso.
Aí chega o Z e bem me lembra que o incômodo faz também parte do jogo, a angústia, a matemática, a lógica, o não saber dizer sobre o que houve (procurar palavras) e o saber dizer sobre o que está havendo e o que haverá (tecer algoritmos). Foi, então, que comecei a já os enxergar de palhaço, e o que estavam fazendo em cena. Ufa! Consegui enxergar.
Fica a dica da imensa necessidade que existe de os velhos, estando presentes, se manifestarem. Fica a gratidão por Beto, Sara e Z estarem me ladeando.
Jogos: Início da ocupação do espaço em níveis e se preocupando com o outro intermediados, também, por um balão. O círculo de pessoas a passar o aperto de mão. Um círculo de pessoas tentando pular juntas ao mesmo tempo, tentando sentir ao máximo o grupo, buscando chegar ao pulo sincrônico, sem líder, sem dicas. Pessoas andando aleatórias, podendo parar apenas quando dois ao mesmo tempo parassem. Escravos de Jó com as chinelas.
P.S.: Falas do meu esquecimento:
"Leveza era quando, sem ninguém dizer nada, nem mesmo ver os sinais discretos, dava certo e a gente pulava junto"
"Eu enchi o balão das coisas que estavam ocupando a minha cabeça e que eu não conseguia manejar e então, na forma de balão, eu senti que pela primeira vez eu tinha o controle sobre esses problemas"
"Eu não tava aqui. Eu tava viajando. E o balão e a música me levaram pra um campo florido. Depois o balão era um pássaro no meu ombro"
"Dancem como vocês dançam, nus, no banho"
"Esse é o jeito dele e não existem jeitos errados"
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