sábado, 19 de julho de 2014

Oytava virtude cardinal e último dya: A ostentação



Ostentando medos e maquiagens no rosto, encontro os nossos menynos e menynas a ostentar cocas e sandubas na mão. Ostentam ainda olhares que pedem minha aprovação sobre o jogo de tintas da face.

Pouco antes estava nadando. Sentindo a água correr o corpo. Minutos depois era colocar um gorro jamaicano, uma gravata laranja surrada e panos pretos dentro de um mochilão enorme. 

O sol ostentava uma coroa linda que intensificava minha sombra à piscina. Meus olhos ostentavam um brilho que fazia com que as mãos amassassem carinhosamente aquelas roupas, as melhores, as perdidas. E nada tinham de especial, exceto a lembrança dos risos e sorrisos de que se impregnaram nas horas de almoço suadas de tanto brincar.

Deixei o Acerola ser para vivermos ainda mais com os Toddynhos. O coração ostentava uma batida diferente. E eles e elas a ostentar aquela vontade de saber se a maquiagem estava boa. Pior alvo! Se importam demais com ele. Esquecem a beleza do movimento de esticar o arco, de sentir a flecha, de se jogar na rasa.

Pedir para que o moleque Tetéu tilintasse um triângulo que me fez dormir e sonhar que homens e mulheres perdiam sua definição para serem brincantes. Abduzidos para um planeta onde é inevitável grudar no amigo pelo simples fato de ele estar ao lado. Amplificados os bolsos e os orifícios do corpo em que há e não há algo - há a gostosa presença de ouvi-los dizer que há e não há. Confuso, imantado ao chão por um peso marmotoso às costas, cadarços amarrados em cirurgia delicada, extirpados os sapatos, meia encostando no chão, o corpo todo sentindo o pisar de todos. Pessoas nascendo pelos narizes, um bezerro mamador sugava a alegria do peito de homens com tetas inchadas por uma varinha mágica. Um mascote andava semi-nu por entre as gentes, não sabia por onde entrar, mas se enredava entre nós. Eu, de repente, me vi em outro. Nós dois nos vimos em outra. Ela se viu naquela. E todos, em um momento, colados, já não mais sabiam nem de quem eram as mãos. Se minhas, se da fusão ou se do fuscão que nos conduzia desde o início, sem graça, mas cheio de repetição. 

O sol já ostentava o cansaço de tanto rir. Descera um pouco do seu trono no céu. Deu um tapa na hora que deu um passo adiante, mas bem adiante para não cair. Eu sentia, então, que precisava acordar passando por aquele portal de pernas ali. Seriam as pernas do chapeleiro louco? Não, eram as do menino de gola de fraldas. Pelos cueiros nascemos e para os cueiros voltamos - sem nariz.

Zonzo, ostento uma secreção que escapole de mim. Pródigo, ostento dentes amarelos e metálicos que escorrem da boca. Seboso, assoo um obrigado que se ostenta em meu peito - suado dos risos e sorrisos de tanto brincar. 

- Por favor, Allan, não se afasta. Sério, por favor, não se afasta! - tradução perfeita na boca de um adulto do "já acabou?!" sentido ostentado nos lábios das crianças impregnadas em mim, impregnadas de mim - pregados.

(Horas depois descubro o dedo ostentando um vermelho estranho. É sangue? É suco! ... de Acerola! Ah, então é sangue.)

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