segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Experimentando o novo

A tensão começou semanas antes. Pela manhã, free hugs na Praça do Ferreira, que era pra entrar no clima. Encontramos um palhaço. É um sinal!

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Vestido emprestado, meia adquirida, crocs do projeto, maquiagem dada pitaco, cabelo feito por alguém. E aí, tô pronta. Mas falta o nariz.
“Quando vocês estiverem prontos, podem colocar!” Isso é coisa que se diga? Ou é no 1 2 3 já, ou não é nunca. Muitos pensamentos passando muito rápido: conversas no fim de capacitações, angústias pelo whatsapp, a vez (péssima) que eu tentei colocar o nariz. Então, . Nem pesou tanto quanto eu pensava.
Engraçado como uma bola vermelha muda muita coisa além da aparência. Mexe com o andar, com a fala, mas, principalmente, com o jeito de enxergar e de sentir. Engraçado ver crianças no leito e não fazer questão de saber o qual o motivo de elas estarem lá. Engraçado achar que eu nunca diria a um policial chamado Wa-shing-ton que a gente ia casar, ou impedir um menino de entrar no hospital porque ele era feio. Mas o sentimento da visita não é o de graça, esse é o pós. O sentimento da visita é o novo. Tudo novo. E a melhor parte foi me deixar experimentar.
Fiquei sem reação algumas vezes. Minha Ana Flávia quis sair e falar: “Pois é, gente, é isso aí, vou ali no outro quarto, bjk”, mas o nariz me fez ignorar. Não sei como, mas fez, e em pouco tempo eu já tinha virado autoridade máxima do hospital, e ai de quem mexesse comigo.

Meu palhaço é meio torto, meio desajeitado, mas me passou a segurança (ou falta dela) que eu precisava pra fazer aquela tarde bem melhor do que eu tinha imaginado.
- E o teu nome?
- Não posso dizer, porque eu misquici!
- Então vou te chamar de Misqui. Vai, Misqui.
E, pro momento, foi o bastante. 

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