A tensão começou semanas antes. Pela manhã, free hugs na Praça do Ferreira,
que era pra entrar no clima. Encontramos um palhaço. É um sinal!
-
Vestido emprestado, meia adquirida, crocs do projeto,
maquiagem dada pitaco, cabelo feito por alguém. E aí, tô pronta. Mas falta o
nariz.
“Quando vocês estiverem prontos, podem colocar!” Isso é
coisa que se diga? Ou é no 1 2 3 já, ou não é nunca. Muitos pensamentos
passando muito rápido: conversas no fim de capacitações, angústias pelo whatsapp, a vez (péssima) que eu tentei colocar o nariz. Então, já. Nem pesou tanto
quanto eu pensava.
Engraçado como uma bola vermelha muda muita coisa além da
aparência. Mexe com o andar, com a fala, mas, principalmente, com o jeito de
enxergar e de sentir. Engraçado ver crianças no leito e não fazer questão de
saber o qual o motivo de elas estarem lá. Engraçado achar que eu nunca diria a
um policial chamado Wa-shing-ton que a gente ia casar, ou impedir um menino de
entrar no hospital porque ele era feio. Mas o sentimento da visita não é o de
graça, esse é o pós. O sentimento da visita é o novo. Tudo novo. E a melhor parte
foi me deixar experimentar.
Fiquei sem reação algumas vezes. Minha Ana Flávia quis sair
e falar: “Pois é, gente, é isso aí, vou ali no outro quarto, bjk”, mas o nariz
me fez ignorar. Não sei como, mas fez, e em pouco tempo eu já tinha virado
autoridade máxima do hospital, e ai de quem mexesse comigo.
Meu palhaço é meio torto, meio desajeitado, mas me passou a
segurança (ou falta dela) que eu precisava pra fazer aquela tarde bem melhor do
que eu tinha imaginado.
- E o teu nome?
- Não posso dizer, porque eu misquici!
- Então vou te chamar de Misqui. Vai, Misqui.
E, pro momento, foi o bastante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário