Hoje, você palhaço,
desejo-te azar!
Sim, azar, e não um “bom”
ou “mal” azar. Azar.
Mas também não qualquer
azar, falo de um azar grandioso e fabuloso como falam os atores e atrizes entre
si momentos antes do espetáculo, “merda
pra você!” ou como o singelo desejo também expresso entre eles, “quebre a perna!”. Se lasque. Ah, e
jamais agradeça esse mantra francês, cale-se
ou deseje mais merda ainda a
quem lhe desejou previamente.
É incrível o que se pode tirar do azar, do fracasso. É
simultaneamente crível, já que não é
inacreditável, pelo contrário, é que nos faz acreditar. É dessa lógica que
parte o palhaço, o fracassado mais bem sucedido de todos
os tempos. O feio mais belo de todas
as eras. O bizarro mais.. ou melhor,
substituam esses “mais” por “menos”, um menos bem grande e rememorável. O Palhaço é menos que
qualquer coisa, mas desse e nesse menos
ele é mais, muito mais, mais do que si mesmo e mais do que o próprio corpo. O espaço
por ele se faz mais, os objetos
agora são mais, os outros se tornam
mais, bem mais.
E que belo, que elegante,
eu diria. O palhaço não, ele diz
“que feio mais belo..” o que recai novamente no interminável mais-menos,
mais-mais, menos-mais. Menos qualquer coisa, então! Menos qualquer um! O
palhaço mexe e espalha o Menos, se borra com ele, se suja, se embaça em magia, desloca e é deslocado, se engasga com graça
e se sufoca risivelmente.
E quão ridículo é isso! Quão bom é isso,
então! “Bom” não.. Que azar isso!
E assim nasce o que desde
sempre se germinou, mas talvez se fizesse imperceptível. Um encontro, uma paixão, um encantamento.
InTensidade...
Não apenas. Tensão... Não apenas. Duração sensível...
Eu, ou qualquer outro, vos declaro indeclaráveis. Nariz, pode beijar
o palhaço.
E que sejam sensíveis, mas também não para sempre. Para sempre, apenas sejam.
Sejam como e
o que quiserem ser. Peço-lhes apenas sensibilidade.
Da forma em que surja, sinta e
tenham coragem de sentir.
“Tenha coragem de ser atravessado pela música, de ser
corpo e dança na vida, nos instantes.”
Dr. Chico Tetéu, Beto.
Dois em um, ou um em dois... Espero nunca descobrir o
início de tudo isso.
Merda!
“Que todo corpo seja dançarino e todo espírito se converta em um pássaro”.
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