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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Com um balão só, já dá pra voar
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quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Oração por sorrisos confortáveis.
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
Sobre o lugar pra onde eu não quero voltar
Amigos, família, faculdade... deixei até meu país, meu continente, minha terra e meu sol.
Troquei tudo por uma vida absolutamente nova, sozinho, explorando o gigantesco mundo lá fora e o vasto mundo aqui dentro.
Há dois meses eu parti.
Desde então venho aprendendo muito sobre mim e as coisas. Mas, talvez, o que tenha aprendido de mais valioso até agora vem sendo os lugares para onde eu quero e os lugares para onde eu não quero voltar.
Também faz dois meses que eu me afastei da salinha laranja/azul, das maquiagens, do meu nariz vermelho, das bagunças na hora do almoço e do entrelaçado de pernas risonhas toda sexta feira.
E de todas as coisas que eu deixei, de todos os lugares que eu parti... eu não sei direito. Mas acho que um pedaço de mim ainda tá lá. Um pedaço de mim que talvez não tenha vindo comigo. Porque de todos os lugares que eu me afastei, esse é o que vem gritando mais alto em busca do meu olhar. Da minha saudade. E... esses dias... vem sendo o lugar do qual talvez...do qual talvez eu mais sinta falta.
Inclusive, graças a ele, esses dias pude explorar um lugar ainda novo aqui dentro; Graças a falta que sinto dele, andei percebendo que também sinto falta de jalecos e prontuários, de estetoscópios e receitas, de consultórios e consultas. Também sinto falta da medicina contra a qual tantas vezes bradei com meus punhos cerrados afrontas mil.
E talvez a distância esteja colocando as coisas um pouco fora de foco mas, eu já nem sei mais se esses dois ainda são mesmo lugares tão diferentes pra mim.
Há dois meses eu parti.
E o Y é um dos lugares pra onde eu não quero voltar.
Porque certos lugares...certas vínculos...sei lá...
...certas coisas não dá pra partir.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Dez anos
É um tanto obrigação para mim falar sobre o que foi nossa noite de dez anos. Não porque tenham me obrigado, mas é que necessito.
Não vê? Já se foram dez anos. Recentemente descobri que é o mesmo intervalo de tempo que me separa da última geração. Minha coluna dói na cervical e na lombar. Acordo todos os dias feito boneco de cera, e o sol vai me amolecendo. Meu joelho está com a cartilagem fissurada porque o espírito não aceita que tenhamos envelhecido, e insiste em nos fazer dançar ao máximo. É daqui que olho para este tempo passando e vejo a magreza que eu não achava que tinha e os amigos que eu não fazia ideia que eram tantos.
O projeto Y é um pedaço muito pequeno do mundo. Em uma matemática leviana, podemos contar cerca de nove gerações idas, cada qual com cerca de dez a quinze integrantes, fazendo, então, algo em torno de cem peregrinos. Foi isso que ele sempre foi para todos: uma ponte.
Nunca vou me esquecer da cena da minha infância em que brincava de bicicleta com meu primo em cima da ponte que levava para... não sei onde. Não sei para onde a ponte levava porque sempre brincávamos na ponte. Em certo momentos parávamos e íamos mijar no lago sob ela. Não havia tempo de voltar para casa. Perderíamos brincadeira. Perderíamos por quê? Não fazíamos ideia o que nos esperava adiante. Eram as meninas que namoraríamos, os estudos que se aprofundariam, a faculdade, as doenças de nossas mães, o casamento, os filhos. E, todavia, a ponte continuava ali, em nós.
Por ela, passou gente que eu mal fazia ideia do quanto eu amaria. Recentemente fiz um trabalho sobre o projeto Y, e as entrevistas foram reencontros. Outra coisa é que saímos de nós. Os que estiveram na frente daquela noite decidiram homenagear estes outros que encontramos. Encontramos outros palhaços mundo a fora que comungavam do que sentíamos. Sabe qual o sentido de comunhão, né? É um bolo que se reparte e não se acaba, porque não é divisão, é partilha.
Como dizia, este projeto é um pedaço pequeno. Vivemos dizendo que a ideia é conquistar o mundo que nos acolhe, mas todos nós, no fundo, sabemos que isso é balela. O bonito daquela festa não foi ver o quanto conseguimos nos proliferar, mas o quanto conseguimos nos unir, verdadeiramente. Reconhecer nos outros o que nós fomos, somos, seremos, queremos. Parar um pouco para mijar ali, que não havia tempo de voltar para casa. Não dava mais para voltar para casa. Não a mesma casa. Não o mesmo eu.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Se o sono pós uma visita é bom, imagine DUAS! *.*
Mais um desafio gostoso pela frente.
Andar na rua já foi difícil, quem dirá chegar lá no meio da festa do Caps.
Já fui perguntando por ele com minhas amigas.
- Cadê o Caps? Ele é alto? Baixo? Moreno? Negro? Loiro? Ruivo?
- Tá solteiro?
- Nãooo! E as pessoas riam de nós
- O Caps é onde você está!
- Ah ele trabalha aqui?
- Ér..Ele faz a gente viver!
- Ele nos dá coragem, amor, apoio!
- O Caps é tudo isso! (Erguendo o braços e rodeando-os, mostrando o local).
E meu coração se derreteu. Não deu para continuar na onda de que o Caps era uma pessoa. Nos apresentamos e, a partir daí; com um músico na festa, resolvemos cantar parabéns a esse núcleo tão maravilhoso que cuida de pessoas que também precisam de cuidado e amor!
Aliás, quem não precisa, né?!
E em meio a bolos, refrigerantes, íamos nos apresentando: Sardynha, Felycia e Crystalina. As pessoas também se apresentavam e tiravam fotos e mais fotos. Mais um dia de artista!
Cantávamos, dançávamos com pessoas maravilhosas com olhos e atitudes de criança.
Brilhavam!
Só não saíam correndo conosco, porém entrar no jogo eram com elas mesmo.
Uma mulher me chamou em alto e bom som: "VACA"...
Oi?
Comecei a mugir...
Depois descobri que ela gostava de vaca! Sim, o animal!
Carregava consigo um chaveiro de vaquinha e não parava de apertar a vaca que levamos para a festa! Ufa, se ela me chamou de "VACA" é porque gostou de mim. E assim foi me mostrando seu modelito para a festa. Estava com um vestido que não era preto, nem branco como as típicas vacas, mas era muito bonito! Combinava com o azul do sapato e sua bolsa escura.
Tinha outra mocinha que só queria saber de abraçar. Dei muitos comprymidos a ela como devia de ser!
Outra que tinha se apresentado na festa. Estava de branco, com inúmeros colares e dançou feito baiana. Infelizmente, não chegamos a tempo, mas depois nos bastidores conversamos, Ela também dança Shakira! Já ganhei uma amiga artista!
E mais uma! Essa cantou!
Me arrepiei todinha:
"Esta jovem quer votar,
mas não lhe deram direito
por que aqui tem pessoas
que tem muito preconceito
e disseram para ela,
não nos entenda mal,
mas você não vai poder
por ser doente mental.
A jovem ficou calada
não queria responder
mas em seguida falou
escute o que vou dizer
eu hoje estou feliz,
tô alegre pra xuxu
Você disse que sou doida
e eu respondo doido é tu!
Não devemos baixar a cabeça
diante dos preconceitos
o que temos que fazer
é procurar nossos direitos!"
Ééé...Isso bateu no âmago e lá ficou! Nossa! E mais que cantar foi ela que compôs. Foi lindo de se ver! Fiquei pensando nos moribundos, naqueles esquecidos, marginalizados pela sociedade.
São seres que também precisam de amor e atenção. Seres que precisam dos seus dias transformados, resignificados, com apoio redobrado!
Acho que deixamos o Caps feliz!
E ele também nos deixou!
Feliz e com gostinho de quero mais...
Falando em mais!
Lá fomos pro HU ver nossas crianças! Estávamos prontas para labutar, por quê não chegar lá!
Já estava Aurora, Florêncio, Sem nome e ainda tivemos sorte de pegar a Spyvitada correndo pelo corredor da Ped.
Eita que era palhaço!
Eita que era criança!
Crianças felizes, correndo pra lá e pra cá! Florêncio caía no chão, levantava, corria. Cansei só de olhar haha. Sardynha gostou de mergulhar nessa brincadeira. O chão eram suas águas, e os meninos peixinhos também. Sem nome tava com seu violão alegrando a ala dos meninos junto com Aurora.
Eu e Felycia não queríamos atrapalhar, então lá fomos ver as meninas.
Raquel e Stefane estavam deitadinhas, então Eu e Felycia resolvemos sentar (estávamos cansadas da festa), mas ai fiquei falando com a Stefanie, de como seus olhos tinham ficado verde de tanto comer alface, de suas meias brancas que pareciam de líder de torcida segundo a doutora Aurora!
Papo vai, papo vem, surgiu um broto de gente de 2 anos impressionado com meu nariz vermelho e se punha a rir quando tocava nele e eu espirrava. Era besta, porém gostoso.
Já que era uma ruma de palhaço, fui ver a Stefanie novamente, e ela insistiu para que me mostrasse sua cirurgia, mas ela estava imobilizada e o esforço seria grande. Parei e disse, que isso menina, vai pegar friagem! Ela riu e parou. E depois de uma distração minha de alguns minutos, ela me chamou!
- PALHAÇA, PALHAÇA! Acabei de receber alta!
- Que legal, vc vai poder ser líder de torcida!!! Eu do um A, eu dou um D, eu dou um EUS! Adeus! Quero ver mais esses olhos verdes por aqui não...
Ela ria e reclamava de dor..."Eu não posso rir"...
E eu ah, desculpa. Essa doutora palhaça que nem respeita as condições dos seus pacientes...
Fiquei foi feliz oh, de poder presenciar essa cena!
O dia foi bem cansativo e muito prazeroso...Nada melhor do que o sono pós DUAS visitas! *.*
A vida segue...! :O)
Abaixo está o áudio da dona Graça que nos permitiu que postássemos sua obra de arte e sua cara no mundo rs...
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Era tudo estratégia...
Está feliz; visite, está mal; visite.
Na dúvida; visite!
Em uma longa seca literária/ artística eu teci um casulo e lá fiquei. Minhas asas amassadas proclamando voo à medida que minha mente pedia descanso.
E em uma longa seca, precisava agir. Já estava descansada, eu só precisava romper a carcaça... Me munir de pessoas especiais, pessoas que me inspiram para voltar a visitar. E na necessidade disso, criei expectativas e mais do que isso, queria ser apenas espectadora daquelas palhaças. Só queria apreciar o espetáculo e aprender cada olhar. Nas outras visitas eu pensava o que dizer, o que jogar, como ser, como agir...Meu Deus, as dúvidas me levavam para um mar de questionamentos e de lá eu não saía e lá eu não era eu.
Aquela salinha tomou outra energia ao som de Novos Baianos. Aquelas paredes azuis davam risadas conosco, aquela miscelânea entre jovens e velhos, aquele carinho e ao mesmo tempo zoeira com o próximo era possível, tudo possível.
Você é palhaço desde o momento que começa a se arrumar. Uma carga necessária vai aumentando para suportar tudo vem pela frente. Parece um termômetro recebendo desafios, estes eternos que temos que enfrentar. Depois de prontas, vieram uma chuva de bombons, melhor, um chafariz destes vindos depois de um apenas "bom dia"! Já ganhei minha manhã. Lá embaixo, ganhei um cházin para me acalmar e guardei o copo para mais tarde de tão bom que estava. Risadinha e Amylícia cumprimentavam todos e já íam brincando com o segurança, com as outras pessoas. Entrei na onda e apresentava a Criytalina, que brilha como um cristal. Ao entrar no hospital não foi diferente. As pessoas olhavam para nós com o olhar receptivo, era fácil se entrosar. Elas ansiavam por um carinho, uma fala, uma olhar sequer. E brincadeira aqui, brincadeira acolá, aquele hospital ia se tornando minha casa. Uma vontade de sentar naquelas cadeiras, ou deitar naquele chão ouvindo as histórias alheias em consonância com o momento. Era fácil, muito fácil.
E nos meios das minhas histórias boladas em que eu poderia ser quem eu quisesse, as pessoas também entravam no jogo, a ponto de eu mesma acreditar no enredo. Eu jurei em um dos momentos que dona Bernadete ia tirar seu nariz vermelho da bolsa e me acompanhar, mas era apenas seu celular tocando, rompendo aquela história com minhas risadas de realidade.
Era gostoso ouvir de um senhor que realizou um transplante de fígado, que tinha ganhado o dia só de falar conosco. E subindo devagarinho por conta de uma entorse quase curada, o ato tomou graça e importância. As pessoas com roupas verdes de hospital eram alfaces, os médicos eram nossos colegas de profissão que também entravam na onda, aliás uns sim outros não. Ali e acolá estávamos brincando, tirando fotos com figuras representáveis como o Einstein, com danças desengonçadas em meio a um tambor divertido de madeira.
E na rampa resolvi falar. Gente, meu coração está doendo. Sai do palhaço e disse: é sério! Já doía desde que entrei no hospital, mas a dor aumentou e não consegui guardar para mim. Eu ria e ele doía mais, sensações vinham, me arrepiavam e essa dor me acompanhava junto.
Seria sinal de infarto? Gases? Respirava e doía também. Será que meu coração não estava aguentando tudo aquilo? Os sinais emotivos como chorar, arrepiar não faziam mais sentido. Ver a Risadinha ser aclamada e lembrada, era singelo, bonito. As pessoas lembrando dela mesmo depois de um bom tempo sem visitar. Comecei a observar: ela não usava artimanhas, artifícios para conquistar o pessoal e nem criava planos para visitar. Ela era ela! E assim era com a Amylícia (uma fusão de Felícia com o penteado de Amy Winehouse). E minha ficha caiu. Eu não preciso ser ninguém além de mim. O palhaço não é um personagem. Ele nasceu de mim e lá sempre estará.
E na ida até a pediatria, tomou uma força maior. Brigávamos e brincávamos com o relógio. Ainda deveríamos ver as crianças! E já eram 12:20 e nada de as vermos. O tempo era outro e eram obrigações externas que nos faziam olhar o relógio.
E agora? Se passássemos por aquela corredor da pediatria, não iríamos sair tão cedo de lá.
E agora?
Risadinha disse: vamos ver os artistas pelo menos. Eu não sabia quem era os artistas, mas disse, tudo bem, vamos lá!
E lá estávamos andando pelo corredor, aquele da pediatria. Não queria fazer estardalhaços para não ludibriar as crianças, já íamos sair de lá infelizmente. E ao virar numa salinha à direita, lá estava a artista. Era uma senhora vestida de carinho e carência. Uma senhora doce, com mãos talentosas para o artesanato. Era realmente uma artista! Meus olhos brilharam ao ver tantas resignificações. Garrafas de cachaça virando vasos de flores, caixas de remédios se transformando em lindas caixinhas aveludadas e coloridas e outras coisas belas. Olhando para suas mãos, seus braços me chamaram mais atenção. Via ali uma fístula de hemodiálise, e a dor novamente no coração se fez presente. Lembrava ali da minha mãe, que lutou em busca de um rim por 12 anos. Era lindo de lembrar que minha mãe levava vida para o hospital com festas, bolos e salgadinhos, enquanto que a artista recrutava pacientes para fazer artesanato! Que lindo, que lindo de ser ver!
A artista cobrava a falta que Risadinha fazia, enquanto esta explicava seu desaparecimento. E eu disse com todas as palavras e sentimentos, que na ausência de Risadinha, Crystalina se faria presente. Nos despedimos e saímos devagar pelo corredor. Agora entendi o porquê dele ser tão grande. Era preciso nos estabilizar para ver mais e mais pessoas. E pelo hospital vinham mais abraços quentes e libertadores, a cada passo, eram mais fotos e fotos. Agradecimentos e parabéns mesmo nem sendo meu aniversário.
Quase saindo do Hospital , vimos uma senhora chorando. Ali seria um momento ideal para retirar o nariz vermelho e conversarmos de "gente para gente", mas não. Com o nariz em seu lugar, perguntei à senhora se queria um abraço e lá estava eu querendo passar todo meu carinho possível para aquele ser ali, frágil.
Estava preocupada com seu parceiro, casados à 35 anos que acabava de ir para a mesa de cirurgia. E por conta de um aumento de pressão o procedimento seria dificultado. Tentamos dar força, conversar, distrair. Ela contava sua história. Desde a perda de sua mãe recentemente, até a formação de sua família, de seus quatro filhos e de um netinho lindo. Ela estava relativamente bem quando então recebeu um telefonema, talvez de um parente perguntando de seu marido, e aos prantos falou que só teria ele, que sua mãe já tinha falecido e que ela estava sozinha.
Depois que desligou eu tive que intervir, afinal sei o que é perder uma mãe e assim como ela se fez presente na visita, ela se fará em todos os momentos da minha vida. Eu disse a ela: Você não está sozinha, Sua mãe está nas suas lembranças, no seu coração, em cada parte do seu corpo. Ela sempre estará com você. Deus lhe dará forças para continuar!
E depois de afirmações silenciosas, permanecemos assim por um tempo. Recompusemos todas e saímos dali, deixando-a mais calma.
A vantagem de estar com o pé machucado, foi que as escadas pareciam outro corredor da pediatria, em que eu poderia digerir tudo para continuar.
Com altos e baixos fez-se a manhã/tarde. Meu coração mesmo sendo grande, foi pequeno para tantos sentimentos, saímos dali com gosto de, poxa nem vimos as crianças, mas com certeza foi maravilhoso entrar nesse espaço e mexer com todos aqueles que ainda possuem uma criança dentro de si.
Foi gostoso entrar na ponte e nunca mais dela sair! E assim sigo com mais gana de visitar e perceber que não preciso ser ninguém além de mim. Dançar até o sol raiar, mostrar como sou, jogar meu corpo no mundo, não desprezar nenhum canto e saber que pela lei natural dos encontros, eu deixo e recebo um tanto (e que tanto) <3>3>
Dra. Crystalina.
terça-feira, 29 de setembro de 2015
O Amarelo Escondido no Vermelho
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Como é difícil ser palhaço
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Sobre a primeira visita (e talvez um pouco mais)
Sobre descobrir a liberdade: primeira visita
terça-feira, 18 de agosto de 2015
Primeira visyta
Talvez um dia eu seja grata pelos “não” que eu recebi. Mas eu sou grata de verdade pelos “sim”, seja daquela funcionária que mal olhava pra mim, mas dava uma risadinha sempre que eu falava com ela, seja daquele menino que tava doido por uma disputa de dança, da menina que adorava fazer intriga e dizer que meu nariz não era meu, da tia que me prometeu um sanduíche de laranja. Do menino que me deixou chegar perto, da mãe que me devolveu o sentido do projeto que acabei de entrar.
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Sobre ego
E quanto vale enxugar uma lágrima?
Pense de novo, mas agora num hospital:
Quanto vale arrancar um sorriso de uma criança acamada?
E quanto vale enxugar as lágrimas de uma criança com dor?
Quem consegue responder? Quem se atreve a escolher?
Pera... por quê ta todo mundo olhando pra mim? Ei, parem de me encarar! EI QUEM COLOCOU ESSE JALECO EM MIM? NÃO! EU NÃO QUERO ESCOLHER! EU NÃO SEI ESCOLHER! EU NÃO TO PRONTO PRA ESCOLHER! MEU DEUS EU NÃO TO PRONTO PRA ESCOLHER!
MEU DEUS, EU NÃO TO PRONTO PRA SER MÉDICO!!!
Arf... arf... arf...
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Eu tava lá, era Sexta-Feira de tarde e era uma das minhas visitas mais divertidas em muito tempo. Todos riam de nossas piadas, de nossos pequenos números e todos pareciam nos aplaudir com seus sorrisos largos e nos incentivar a continuar a rir, cantar e... (por quê evitar essa palavra?)... estrelar. Éramos estrelas e aquele quarto de hospital era o nosso público, e todos nos aplaudiam de pé. Era bom.
Mas... todos mesmo?
Nos despedimos do quarto, ofegantes e risonhos e, só então, pela primeira vez, eu vi uma menina com dor. Ela tinha os olhos úmidos e não me respondia. Quero dizer... ela não me ignorava. Ela falava comigo quando eu perguntava. Mas ela não me respondia. Você entende? Eu tava lá! Ela também tava! Mas... não...
Se bem que... eu tinha respondido ela?
Pensei bem... eu olhei pra ela quando entrei no quarto. Eu provavelmente olhei para seus olhos úmidos. Mas eu também olhei pra olhos ansiosos e sorrisos expectantes. Resolvi, naquele momento, ver só um deles. E os aplausos de todos que eu enxergava amaciaram gentilmente meu ego. E era tão bom! Era tão gostoso! Era tão mais fácil! Meu deus, melhor visita!...
...mas agora eu tava dando tchau e eu acabei vendo ela. Mas do que olhar, eu a vi! Droga! Eu a vi! E agora, justamente agora, eu precisava ir embora! Percebi que, no mesmo quarto que eu escolhi arrancar sorrisos e gargalhadas eu também escolhi negligenciar aquelas lágrimas. Ignorar aquela dor...
- Me desculpa, ta?
Minha alma gritava. Minha boca mal sussurrou. Ela assentiu. De que adianta?
Eu queria não ter visto ela. Teria sido tão mais fácil. Por quê ela tinha que estar lá? Por quê ela tinha que sentir dor justo naquela hora? Por que ela tinha que me fazer escolher? Por que eu tive que me despedir? Por que eu só não sai, sem dizer nada...? Droga!
Mas eu realmente me sentia culpado? Se sim, por que eu ainda me sentia tão bem? Por que eu ainda tava tão agitado e empolgado?
Eu não sei.
Mas não me ataquem, por favor! Eu não tava pronto! Eu não TO pronto!!! Eu não quero ter que escolher!! EU NÃO SEI ESCOLHER!!!
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Pior Primeira Vysyta - A Palavra Morrida
No início, a adrenalina me permitiu explorar alguns jogos, alguns diálogos e interações. Mas rapidamente centrei meu eixo gravitacional e me auto-desestabilizei, quando percebi que um palhaço de hospital não apenas é um ator cenário, mas também público, que transforma público em personagem e inverte os papeis. Criei a expectativa e ondulações em cima de mim mesma. De repente, aqueles rostos amórficos e desconhecidos começaram a me assustar. Precisei buscar outros palhaços para me introduzir àquele momento: apenas um reflexo de mim. Eu não tenho medo de palhaço, mas tenho medo de gente.
Assim, todos meus monstros vieram. Medo de me infiltrar em um instante da vida de alguém. Medo de incomodar. Medo de mostrar algo meu para alguém, medo de me abrir. Medo de causar qualquer reação. Medo de confiar e entregar o que eu sinto. Medo de olhar nos olhos, de receber, de tocar. Não medo de doar, mas medo de não ser recebida. Medo de falar.
Regurgitei tumores de palavras, pétreos, encravados em minha garganta, que digeriam minha voz. Qualquer som produzido por mim parecia o estrondar de garfos arranhando pratos de porcelana. Ninguém queria ouvir minha voz, nem eu mesma. Das poucas vezes que consegui falar, as palavras fugiam de mim e eu desviava minha linha de raciocínio. Tinha medo do que poderia sair de mim ao me perder na estagnação de qualquer resposta a estímulos. Entrei num vácuo interno, que não consegui dar continuidade. Em certo momento da visita, eu estava, praticamente, fazendo mímica. Ao perceber isso entrei em desespero. Eu não me fazia sentido ali. Não tinha conseguido me conectar com ninguém. A palavra havia morrido.
Depois de algumas quebras na minha vida, eu atrofiei minhas palavras e hipertrofiei minha expressão corporal. Meu corpo sempre gritou mais alto, me resgatou e me serviu como muleta. Porém, naquela tarde, braços e ombros cada vez definhavam mais, e meu grande suporte muleta-corpo minguou. Meu sempre expansivo corpo agora chorava o luto da palavra morrida. Eu pedia socorro dentro de mim, presa na penumbra do meu corpo que barganhava e me sufocava. Queria que a Vysyta acabasse o quanto antes. Certa vez, li em algum caderno de lyções que "A palavra é quase sempre a morte do corpo. E o palhaço é o artista do corpo". Mas onde está o palhaço quando o corpo se esmorece, pelo falecimento da palavra?
Pouco menos de uma hora, parei, saí, assisti, voltei, tentei novamente, ondulei, voltei, e voltei, e voltei... O resto da Vysyta foram muitas voltas, até eu encontrar um meninozinho de seus 3 anos, que também não falava. Me escondi num chapéu, com medo de todo o poder que sua grandiosa presença tinha sobre mim. Ele riu. Nesse instante nossos corpos conversaram sem palavras. Tudo apenas na língua do “Tá, tá, tá”, que se transformou em música, dança e risadas. O encontro dos errados. Festejamos os desastres e as frustrações destilados naquele dia, até todos ficarem exaustos no chão.
E exausta no chão, permaneço para sentir cada célula minimamente afetada. Meu corpo padece, cabeça lateja, olhos ardem. Tudo o que compõe minha somática ressoa. Me banho de lágrimas solussantes. Eu me sinto viva ao que me exaure. O pesar de meus tumores me dói, mas não me encarcera: movimenta. Por isso estou aqui, para sair de meu grande aquário bolha. Por isso me visto de azul, não à toa a cor do chakra da garganta, o Vishuddha, dissolvido em turquesa pétrea de Peixes: Inspiro coragem para mergulhar nas águas do medo do universo instável das permissibilidades de um palhaço.
quinta-feira, 16 de julho de 2015
Nossa nova dynastya
Vejam só, a nossa nova rainha é uma garota de um ano atrás que, quando os novatos mais artistas e viajantes ficavam contando suas experiências místicas e psicológicas dentro dos jogos de palhaços que íamos convidando a participarem, ela dizia que sentia muito, mas não sentia a mesma coisa que aquele povo.
Sempre fico receoso com as pessoas que não falam tanto sobre suas experiências internas. Tolice minha. Gostaria de ver nascer neles o que sou: um cara extremamente tagarela sobre meus processos viscerais. Mas, vim sendo essa coruja que fica na sombra do projeto, olhos arregalados bisbilhotando-os. Eis que vejo a moça não-viajante crescer. Talvez vivenciando um primeiro semestre que nem foi tão importante para ela, mas abraçando um segundo semestre em que sua voz espalhava força gradativamente.
Quase agora, quis ela re-experienciar a oficina de iniciação para os novatos. A mesma de há um ano. Então, ressignificou todo aquele processo e viu o quanto tudo fazia mais sentido. Não esteve presente como uma facilitadora. Com uma bonita humildade, esteve junto com todos os outros, feito todos os outros. Então, lembrei-me da fala de uma ex-líder nossa, a Gaby, que tive o prazer de entrevistar:
A gente percebia que os melhores integrantes (2006-2008?) eram aqueles que mais amavam estar ali, os que mais se dedicavam, e muitas vezes não eram os que eram engraçados, os que faziam as melhores piadas, e tudo. E nem sempre esses mais engraçados eram o que as crianças mais gostavam. Era estar ali, com o desejo de querer ajudar, era o seu... o amar estar ali. Era assim que a coisa fluía durante as visitas, e não só nas visitas, pois o nosso projeto ia além da visita em si.
Gaby não se achava uma palhaça engraçada, nossa adorável Dra. Marmota. Bem, a vi crescer no palhaço. Eu a achava. Acredito que Ana Flávia tenha a mesma percepção de si: sem graça. Na verdade, ri muito de suas atitudes na nossa recente oficina. De qualquer forma, ela está perfeitamente encontrada nesta fala da Gaby - abstração feita da graça (se ela quiser que polemize isso) - no que tange o estar aquy, presente, ativa, falante, vibrante. O que ela veio se tornando até se tornar nossa lyder.
O que vi nesta oficina foi de uma grandeza ímpar: descer ao nível dos iniciantes para enxergar as alturas do que já percorreu; voltar ao passado para divisar o futuro que lhe espera e que vinha nebuloso. É assim que uma plebéya se torna raynha.
quinta-feira, 9 de julho de 2015
Medo, expectativa...coragem!
O nono dia começa, novamente, com movimentos. Eu, participante de apenas um recorte do processo, imaginei que os pinguelins já estivessem próximos dessa coisa toda de andar em movimentos aleatórios. E cara, eu tava certo. Fazer pessoas cansarem nunca foi tão divertido. Pra quem olhava de fora, as partículas se aceleravam rápido e numa aleatoriedade engraçada, com a intensidade sendo ditada pela obra prima instrumental de um certo trio canadense com quarenta anos de história. Os comandos eram dados e recebidos com muita habilidade, estava realmente pleasant to the eye. Mas eu sentia que algo não estava 100% no lugar... Pedi mais intensidade, alterei o nível de altura da interação, aproximei, afastei, instiguei, e tudo foi seguido. “Bom, esse pessoal leva jeito mesmo.”
Mas, ao fazer a transição para o próximo momento, os rostos cansados acusavam algo além de cansaço, um desconforto, uma coisa bem coisada. Não importava no momento, pois eu precisava chamar os pinguelins pra uma aventura. Não tinha a menor ideia de como seria, mas chamei.
Se encontrar no plano imaginativo com você criança, você no fim da vida e você palhaço, foi o que eu imaginava que levaria o grupo a entrar em contato novamente com seus lados sombrios, não conscientes, suas fraquezas e potências que se escondem por debaixo da pele que eu mostro pra todo mundo no meu dia a dia. E por que isso é importante mesmo? Pois nosso encontro da capacitação tem pelo menos um objetivo: nos possibilitar levar um novo encontro à pessoas em situação de adoecimento. Pessoas que estão sendo obrigadas pela vida a se reconhecer como vulneráveis, suscetíveis, mortais. Como foi dito pelo Allan, “a onda do mar arrebenta o casco e arrebata o espírito, quero que ele voe, mas pode vir a cair.” E a capacitação precisa nos derrubar algumas vezes pra que entre na carne do joelho ralado a realidade da queda. O contato é cru, é sincero o suficiente pra dizer pra você: pare de tentar ser e seja.
Só que o grupo foi sábio o suficiente para involuntariamente (ou não), jogar na minha cara que não é bem assim! O grupo entrou num movimento que nas próximas linhas eu vou tentar inutilmente narrar, mas que só pode ser definido como mágico. Só que mágico não é com florezinhas e estrelinhas pululando não, jovem. A magia ali era forte, grossa, com pitadas de magia negra, sombria. O movimento do grupo foi de calar-se diante de tanta força, de tanta informação. A gente desceu até o Hades, passeou pelo inferno da infertilidade, ninguém conseguia falar sobre nada, até que o grupo teve e ideia de falar sobre não falar nada. E ai, depois de se estabacar no chão, o grupo foi sentindo o corpo e reconhecendo as feridas. Quem diabos se importa em encontrar com o meu palhaço ou a falta dele, se eu ainda estou morrendo de medo de não pertencer a essa realidade? Quem quer falar sobre hospital se eu tenho medo de não corresponder as expectativas? Quem vai se abrir para um grupo que agora tem estranhos e está sendo conduzido por um estranho, alguém que nem estava aqui nos outros dias? Quem vai se expor de novo depois de ter se sentido tão exposto ontem?
Como disse, a tentativa de narrar será sempre falha e eu nem lembro a ordem das coisas, mas o processo de cura começou ali: tempo pra pensar, claro, porque não? Se estávamos precisando, tivemos. E parece que algo mudou. Sutilmente, as falas foram reaparecendo, agora sobre o que realmente importava no momento: medo e expectativa. E o grupo aproveitou... sugou até a ultima gota da oportunidade de falar o quão real era aquele nosso encontro, puxando de antes da seleção, fazendo link com outros momentos da vida. E foi da terra arrasada, improdutiva, seca, que surgiu o que eu tinha desejado tanto proporcionar: identificação. “Pera, mas eu também tenho medo, e os antigos tem medo, e o Miná tem medo”. Mas e se a gente se derruba junto e consegue se reconhecer enquanto medroso junto, alguma força pode sair daí. E gente, saiu. Vocês se destruíram pra se construir, numa velocidade tão absurda que só da pra chamar de mágica. O grupo foi mesmo da matéria impura ao ouro numa velocidade que daria inveja ao mais habilidoso dos alquimistas. Falas sinceras, profundas, mas não mais carregadas só de tristeza; risadas, piadas, leveza na densidade daquele assunto. Eu nunca vi nada assim na vida, sério. Vocês são demais... O compartilhamento das experiências foi dando de volta ao grupo a coragem de se encontrar mais e mais. Porém, vocês não pediram “por favor coragem, vem me acudir.” A galera chegou chutando a porta da coragem, todo ferido, e disse "VENHA, AGORA!”. Eu diria até que o grupo pegou o que estava colocando para baixo, o medo, a angústia, tacou sal em cima e comeu, sem pedir licença. E essa violência, essa agressividade saudável que só pode advir de um contato com o meu lado que eu rejeito, minha sombra, foi lindamente metaforizada na atividade seguinte, dos samurais. E nossa... como foi libertador ouvir vocês berrando. Ha!!! Ah... que dia, de verdade. Na atuação em hospitais, sendo ou não Y, eu percebi que se a gente quer levar mesmo a bandeira da humanização, não podemos sempre pedir permissão. O palhaço é também subversivo, revolucionário, num lugar em que tudo é controle, é científico, cada um no seu lugar. Às vezes é preciso arrombar a porta ao invés de bater, e hoje eu senti vocês fazendo isso. A jornada do herói Pinguelyn teve uma conclusão épica, e nosso “season finale” foi tão bem produzido que na metade do episódio parecia que o mal ia ganhar. Mas foi só pra ver se nosso coração aguentava! Passou, relaxem, mas nunca se esqueçam das cicatrizes.
Fim
P.s.
Esse post scriptum segue um fluxo: se você odeia Rap e/ou musica pop americana: acaba aqui.
Se você acha “Mehhh”, continue lendo, mas sem compromisso.
Se você gosta, vem com o tio:
Eu sai de lá e a primeira musica que toca na playlist é Eminem e Sia – Guts over fear.
Essa música tem sido significativa nos processos de mudança que estou vivendo no momento, porque eu sou desses que bota vocês pra ouvir rock progressivo e jazz fusion e depois vai ouvir musica pop. Lide com isso.
Mas então. Pra quem não sabe, o Eminem tem toda uma história de superação, problemas muito tensos, pai alcoólatra, transtorno mental na família a torto e a direito, e ele escolheu justamente um dos poucos lugares em que ser branco lhe traria grande discriminação, o Rap. Enfim, tem um filme dele pra quem quiser saber mais, chama “8 mile”.
A Sia é uma grande incógnita pra muitos por que ela é bem loka, não aparece nas câmeras, não se dá bem com a fama e enfim, ela parece ter uma personalidade bem troubled sabe? Mas enfim:
“Guts” é meio ruim de traduzir, é como se fosse coragem, dita informalmente. Em PT-BR a gente tem a expressão “tem que ter estômago”, mas ela fala de uma coragem associada a resistir a coisas que causam nojo, susto ou algo negativo. E ela não tem muito o caráter “nobre” da coragem. Você não escuta ninguém dizendo que o herói teve estômago pra ir enfrentar o vilão, mas em inglês poderia teu um uso parecido do “guts”. Assim, não sei também, não sou native speaker. Aceito correções.
Mas então, era só isso: a musica é foda, o clipe é foda, e acho que vale como energia mesmo pra gente que sai desse processo tão profundo. No último verso ele fala de representar de alguma forma toda garota(o) que já desejou ser aceita, que esteve enfraquecida por medos, expectativas e que só quis ser confortado. Acho que vocês tem mais potência de se encontrar com quem está com medo no hospital depois que tiveram toda essa coragem de enfrentar os próprios demônios.
A Sia fala pra gente que ela teve medo de não se achar (e ser achada), de não querer outro round, tentar de novo, de se sentir oprimida (a gente foi o homem raivoso ali algumas vezes, mas acredito que foi necessário). Mas ai ela esgota suas desculpas e decide não mais fugir. Acho simbólico.
E a hora passa a ser agora, e por todas as vezes que nós caímos, por causa delas, agora coloquemos a coragem acima do medo. Ele continuará existindo, e eu posso abraça-lo, brincar com ele e depois deixar ele ir. Mas ele não me controla. Eu tenho coragem de me encontrar.
-Por Humberto Miná
Guts over fear – Eminem e Sia. (tradução e seleção do trecho by Miná)
https://www.youtube.com/watch?v=0AqnCSdkjQ0 (clip)
So this is for every kid who all's they ever did
(isso é pra todo garoto que tudo o que sempre fez)
Was dreamt that one day they would just get accepted
(foi sonhar que um dia ele seria apenas aceito)
I represent him or her, anyone similar
(Eu represento ele ou ela ou qualquer um parecido)
You are the reason I made this song
(Você é o motivo deu fazer essa música)
Everything you're scared to say
(Tudo que você tiver medo de dizer)
Don’t be afraid to say no more
(Não tenha mais)
...
I was
Afraid to make a single sound
(Eu estava com medo fazer um barulho de sequer)
Afraid I would never find a way out, out, out
(Medo de nunca achar uma saída)
Afraid I'd never be found
(Medo de nunca ser achada)
I don't wanna go another round
(Eu não quero passar por outro round..)
An angry man's power will shut you up
(O poder de um homem raivoso pode/irá te calar)
Trip wires fill this house with tiptoed love
(Armadilhas preenchem a casa com amor de ponta dos pés)
Run out of excuses for everyone
(Esgotei minhas desculpas para todo mundo)
So here I am and I will not run
(então, estou aqui e não vou mais fugir!)
Guts over fear, the time is here
(Coragem acima do medo, a hora é agora)
Guts over fear, I shall not tear
(Coragem acima do medo, não vou chorar)
For all the times I let you push me round
(Por todas as vezes que eu me deixei controlar
And let you keep me down, now I've got
E me deixei derrubar, agora eu coloco)
Guts over fear, guts over fear
(Coragem acima do medo…)