sexta-feira, 3 de julho de 2015

Sobre expectativas

Pense num baita dum conselho idiota!!!
"Não crie expectativas!"
Como assim não criar expectativas? Não é exatamente algo que a gente controle. É só um negócinho que ta lá, na caixola, morto de expectativa para que algo o tire desse estado expectante e bote-o a funcionar, criando expectativas na gente, que nunca está esperando esse negócinho chegar, mas sempre tem a companhia dele quando algo (não) tá pra acontecer...ou talvez a gente esteja sempre esperando alguma coisa, e só perceba as vezes...ou talvez ainda...

"É o que Mayko? Ta viajando igual o Allan é?"

Sei lá! Mas me incubiram da tarefa de co-coordenar a ofycyna hoje, assim do nada, no meio de uma atípica prova que eu fazia nas férias. E enquanto a expectativa de férias felizes falecia junto com todos os vários percentos dos corações que tem reação imunológica pós transplante (eu devia saber esse percentual pra prova), nascia a gigante expectativa diante da responsabilidade recém entregue de substituir o Allan.

E... bem, talvez quebrar essa expectativa não gere graça nenhuma.

Mas  talvez, como diz o Canjal "a gente tem que se tacar mesmo". E se tacando entre James Bond e Caça Fantasmas, Assaltantes de Geladeira ou Matadores de Aula, Minios e Velas de Giz de Cera a gente sorri e se empolga e comemora cada vitória e se frustra a cada derrota e se arrasta no chão, e pula, e faz barulho de máquina-porco-de-lavar e até esquece o que é que tava esperando. A expectativa meio que fica em segundo plano. E com a pretensão de quem não precisa dizer nada, o jogo de mimica rendeu assunto pra uma tarde toda.

Joga o adulto que é capaz de, como adulto que é, ver a simbologia por trás do jogo como nunca tinha visto até ser o adulto que se tornou  - "e apesar de bom isso pode ser perigoso!", alerta um deles. Mas "lá, na hora," diz a menina de cabelo azul, "eu não to nem pensando em significado com cabeça de adulto nenhum não, eu tô é brincando que nem quando criança". E vão se amolecendo as cordas, tão duras de pular, do primeiro dia.

E eu, que até a hora da ofycyna estava tão cheio de expectativas a cumprir e expectativas a não frustrar acabei me divertindo, também, quando a hora chegou. E eu nem sei se as expectativas foram quebradas ou só esquecidas, só sei que a graça tava lá, na leveza daquela roda com eles, ouvindo eles falarem sobre o corpo, as sensações e como eles se conectaram entre si. E eu sorria, pensando em como eles estavam me capacitando e como eu aprendia com eles. Sorria vendo novas cores surgirem na tela de suas falas. Sorria ao ver os corpos se atiçando pra falar. E sorria principalmente em vê-los sorrirem ao descobrir juntos sentidos maiores pra tudo aquilo que eles estavam vivendo, passando e construindo.

E se o sentido que eles descobriam era certo ou errado? Pouco importa.
Importam antes os sorrisos! Até porque eu não tinha ideia da resposta!

E feito suor das mãos que se apertavam num fluxo confuso e sem jeito, as expectativas escorreram de mim e eu pude brincar e sorrir com todos eles, mais leve. E, no fim, talvez o conselho não seja sobre criar expectativas ou não, mas sobre não esquecer de viver a leveza, por conta delas.

E se por acaso a gente ria junto por efeito do já esperado "inesperado", ou pela quebra da expectativa (perdoem o pleonasmo, vocês não esperavam por isso!) ou ainda pela piada sem graça e mal contada que alguém achou que devia contar, eu já nem lembro mais.
"Mas tem graça!!" enfatiza a Ruivinha.

"Graça... que palavra bonita" eu pensei!
-TEM TANTO!

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