Tudo começou pela
simples vontade que esse dia não chegasse, faltar no dia e justificar seria uma
boa ideia. Acordar às quatro e trinta da manhã com o estômago embrulhado, os
pés e as mão tremendo não é fácil pra ninguém. OI, Ansiedade!! Já entendi que
você está aqui.
Entrar naquela sala
onde a gente ia se arrumar foi como estar na sala do começo. Uma vez que se
entra não se pode mais voltar (era isso que eu achava, até que eu escutei um
"VOLTA"). O medo, a ansiedade e o estômago estavam gritando dentro de
mim, ao ponto do meu coração quase parar, refletindo nas mãos geladas de um
novo agora, precisando, assim, de uma outra mão pra me aquecer (obrigado por
isso).
Observar cada detalhe
deles, das suas roupas, suas maquiagens, seus risos, me fez entender que eu não
estava só nessa. Olhar naquele espelho que refletia a minha imagem, me fez
ficar mais confusa, naquele momento a maquiagem era tão importante, ela me
encorajava a ser eu.
Em um círculo que não
tinha quebras, suas mãos me deram suporte e suas palavras chegaram aos meus
ouvidos como uma música com vários tons. Chegou a hora então. O nariz não só no
rosto, mas no coração. Conectados como vagões de um trem.
Esse momemnto eu chamo
de gut-gut. Entrar devagar em um quarto sem choros... NOOOOSSAAAAA!!! Eles eram
tão pequenos comparados a mim, mas me causavam uma imensidão sem fim. Falar na
língua da Babyelândia foi a verdade mais pura que eu já vivi. Vivemos. Ele, seu
pequeno violão e eu. Dançando no "passinho do bebê dorme" foi como
dançar a música da vida.
Esse momento eu chamo
de Êxtase. Mirela ou Lelela, como ela se apresentou, com uma roupa rosa e seus
cabelos cacheados que pareciam os meus. O seu beijo, na ponta do meu nariz
vermelho, me paralisou, sua vontade de ir embora comigo e seu pedido para que
eu fosse sua mãe me instigaram por alguns segundos aplanejar como roubaria ela
daquele hospital.
João, ele que não
queria falar comigo, que não olhava e nem deu bola, se envolveu nos meus gestos
quando me desfiz das palavras faladas. Acreditar que um acesso era um relógio
que marcava 27 horas, me fez entender que o tempo não importava, naquele
momento, ele não existia e, que o agora é mais importante às 27 horas do dia 27
de agosto de 2017.
Queria tanto falar de
todos eles, todos lindos, todos grandes, todos com seus detalhes que me
chamavam atenção. No final disso tudo, percebi, então, que o nariz não pesou.
Era como se fosse meu, não da cor da pele, mas, ainda assim, meu. A maquiagem
nem importava mais, ela já tava toda derretida e, ao mesmo tempo que ela
mostrava a Dra Palhaça que estou construindo, mostrava a Camila que sou.
E o jogo? Eu nem
percebi que tava jogando, eu nem o reconheci, eu só o vivi, eu só disse sYm. As
minhas mãos, o meu corpo, o meu coração, a minha risada engraçada e as minhas
desculpas disseram sYm.
Escrevo essas palavras
com minhas última forças (por hoje) com os olhos chovendo e o coração, que
quase parava, agora, tá batendo mais forte. A ansiedade e o medo foram passear,
dando espaço para o amor e a paz.
Termino esse texto com
uma vírgula, para que não seja o fim, mas o começo,
Palavras de: Uma ansiedade
Um
medo
Uma
menina
Uma
doutora palhaça sem nome
Um
coração que quase parou
Um
agora,
Camila (A)