(…)
Ingrid: Mas é aquela mania de criança mesmo de achar que tudo é o fim. Mas, é só o começo 🤔 E o começo de tudo é uma b... Mas, o difícil mesmo é ver que o seu foi o mais b... de todos os começos b... Na verdade o deles nem foi. Eles tão super felizes. Eles se encontraram, eles já pareciam saber muita coisa. Mesmo antes. A paciência não é muito minha amiga, mas já tá mais que na hora de fazer as pazes, né? Crescer mais um pouquinho.
Allan: Eles começaram pela luz, você pela sombra. Yin-Yang. A natureza distribui equilíbrio. Você foi a escolhida da lua. Sabe o que é bom disso? É que a lua tem muitas faces, explore-as.
Ingrid: Caraca isso fez todo o sentido! Pela primeira vez 🤔 Brincadeira! Mas, fez sentido pra mim. Pode não ter sido o mesmo que tu quis passar, mas fez. Eu tentei aqui escrever o que eu tava pensando mas não tenho essa capacidade, depois tu me diz como tu faz isso, por favor. Enquanto isso eu vou aqui explorando a lua. Ou melhor, minhas várias faces... Eu falando assim é engraçado, eu não falo em lua, gente! Me lembra signo e as viagens da galera, que eu não curto acompanhar. O que que esse Y tá fazendo comigo?
Allan: Sobre o jogo do “volta”. O objetivo do Mayko no jogo era despertar de forma traumática a decepção de vocês. Quando a gente planeja, tudo sai "perfeito" e artificial. Mas o ideal no palhaço é a (im)perfeição que nasce do espontâneo. O "volta" provoca essa (im)perfeição espontânea. Do nada alguém diz "mas que merda!". E é uma graça! O que acha disso?
Ingrid: Acho que ele conseguiu me traumatizar (risos). Mas, é porque tinha umas cenas que ele deixava ir até o final.
Allan: Então, o que é o final para o palhaço?
Ingrid: Opa! Não sei, me pegou de surpresa
Allan: Lembra-se quando discutíamos sobre qual a finalidade (o final) do jogo da corda?
Ingrid: Lembro. Não era ganhar. Disso eu lembro.
Allan: Chegar ao final da cena é "ganhar" a cena. Qual o lugar confortável do palhaço no processo do jogo?
Ingrid: E quando a cena termina, o jogo termina. E o nosso objetivo não é fazer o jogo terminar. Ao contrário 🤔 Também acho que eu tava querendo fazer o meu jogo, e que a platéia entrasse nele. Mas, o Mayko ficou falando volta, volta, volta e eu tava esquecendo de entrar no jogo dele.
Allan: Então, o volta do Mayko permitia que você continuasse viva no jogo. O volta dele era a parte dele no jogo. Você ia morrer fazendo o jogo acabar. Ele te salvava.
Ingrid: Realmente.. quando alguma dupla conseguia terminar a cena, ela se sentava. Não tinha mais outra. Com o volta tinham cenas infinitas, infinitas cenas.
Allan: A trapaça contra a morte, herança da perspectiva religiosa, só pode se dar com a interferência de um deus exterior à cena da vida que é responsável pelo "volta".
Ingrid: Mayko me salvando, e eu aqui sendo ingrata (risos) Acho que entendi melhor. Mas, na "vida real" vai ter um deus para interferir e mandar a gente voltar?
Allan: Sempre. A criança, a enfermeira, o médico, os estudantes, os funcionários diversos, outros pacientes, os acompanhantes, todo elemento surpresa que entrar no seu jogo sem ter sido convidado. Se você estiver muito apegada a sua cena, não vai permitir ele te salvar do teu ensimesmamento cênico.
Ingrid: Entendi. Mas nem sempre vai ser tão claro. Não vai tá gritando "volta", vou precisar tá atenta. Às reações, ao que entra, ao que sai. Fui pesquisar o que era ensimesmamento (risos). Fez mais sentido agora. Por mais que essa palavra fale por si só, mas eu fiquei, tipo, essa palavra existe? 🤔 Às vezes eu acho que tu tem umas manias de neologismo, mas eu que sou leiga mesmo.
Allan: Existe. Ensimesmar-se. Toda a arte do palhaço é a de aguçar os sentidos ao ponto de não perder as deixas que o arredor vai esmigalhando pelo caminho, e que nos permita quebrar a lógica do movimento que parecia óbvio.
Ingrid: Eu entendi. Eu não tinha entendido nada do "volta" e só tava odiando profundamente. E perguntei ao Mayko 500 vezes. Ele só me ignorou (risos) Valeu mesmo. Por ter vindo aqui...
Allan: Falta falar de mais uma coisa...
Ingrid: Só não para de falar! Mas essa aí pareceu bad, tô nervosa.
Allan: Ninguém, nem você, encontrou seu nariz, sua maquiagem, seu figurino... Parabéns!
Ingrid: Mas, se existe um caminho para se chegar lá... eles [os outros participantes] pareciam tão na frente. E eu parecia ter é me perdido, tava em outro caminho.
Allan: Outro caminho. Eu te disse. A natureza te deu a lua. É fácil encontrar a face do Sol. E nos cegamos com sua majestosa unidade. Quem não sabe onde ele está? Mas a lua, sempre com uma face escondida...
Ingrid: A culpa é tua. Foi tu que me disse pra pegar o caminho mais difícil. Gosto mais da lua agora.
Allan: Então, como eu dizia, parabéns! Você tem o mistério todo ainda por explorar. Sei que assusta, dá palpitações. Elas são sentidas tanto no terror quanto nas aventuras. Transforme essa exploração em uma aventura e curta o coração vibrando consigo.
Ingrid: Eu gosto de aventuras. Prometo curtir cada momento. Inclusive esse agora tão confuso. Ei vem cá. Seria pedir demais. Que tu fosse pra uma visita com a gente? 🙃 Tipo pro visitão. Ou qualquer dia que tu esteja livre. Seria, né?! Por isso que eu não pedi, viu só?! Eu só queria muito 😭 Mas, eu entendo totalmente se não dá!
Allan: Vou tentar. Pro visitão, não. Mas durante este ano que entrará, me programarei.
Ingrid: Ah, se programa, por favor! E me avisa! Que eu dou meus pulos pra ir. Seria muito bom ♥ Muito mesmo!
Allan: Vá sentindo as coisas sem mim. É bom ter as próprias quedas.
Ingrid: Eu vou cair, sair bolando, me ralar toda, quebrar a perna, tô é vendo. E vai ser ótimo!
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